PL das eólicas offshore pode ser votado com combustíveis fósseis e sem passar por comissões

Articulação tenta manter benesses para carvão e gás fóssil, e mesmo sem relatório, manobra pode fazer Projeto de Lei ir direto para votação em plenário.
25 de novembro de 2024
PL eólicas offshore votado com combustíveis fósseis comissões
PxHere

Mesmo após um acordo com o governo federal para sua votação apenas em 2025, o Projeto de Lei 576/2021, que regulamenta as eólicas offshore, entrou na pauta da reunião extraordinária da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado prevista para esta 3ª feira (26/11). O senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da matéria, não publicou seu parecer sobre o projeto.

Até a tarde de ontem, fontes indicavam que havia uma nova articulação para que os dois jabutis [matérias alheias ao tema principal] que beneficiam os combustíveis fósseis fossem mantidos no relatório de Weverton. Os artigos tratam da prorrogação dos contratos de termelétricas a carvão e da alteração na lei de privatização da Eletrobras que beneficia usinas a gás fóssil.

Para piorar a situação, também estava sendo articulado um requerimento de urgência para acelerar a tramitação do PL a ser apresentado na reunião da CI. Se a urgência for aprovada, a matéria poderá seguir para o plenário do Senado, sem necessidade de aval das comissões da casa. Ou seja, uma “boiada fóssil” passando sem qualquer questionamento de comissões especializadas da casa.

O Observatório do Clima (OC) e a Coalizão Energia Limpa destacam que os jabutis mantêm 4,25 gigawatts (GW) em térmicas a gás previstas na privatização da Eletrobras e focam na extensão da vida útil de usinas a carvão da Região Sul. O que, para as instituições, é uma “cooptação” da regulação das eólicas offshore pelos lobbies do carvão e do gás.

Em um posicionamento conjunto, OC e Coalizão lembram que a operação dessas usinas a combustíveis fósseis vai resultar em emissões de 274,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente ao longo de 25 anos, “semelhante à soma das emissões anuais do setor de transportes e da produção de combustíveis fósseis”. Em outra comparação, “esta escala de emissões praticamente anularia os esforços de combate ao desmatamento na Amazônia entre 2022 e 2023”, destaca a nota.

Além do impacto climático, os “jabutis” doerão muito no bolso do consumidor. A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) – que também divulgou uma carta aberta aos senadores contra a redação atual do PL das eólicas offshore – mostra que, caso as emendas sejam aprovadas, os consumidores brasileiros serão obrigados a pagar um valor adicional de até R$ 25 bilhões por ano, o que representaria um aumento de 11% nas contas de luz dos brasileiros. Um impacto econômico que “recairia especialmente sobre a população mais vulnerável”, que “em muitos casos, tem de escolher entre pagar a conta de luz e pagar alimentos”, reitera a nota.

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