Bancos estão criando “bomba climática” com financiamento irrestrito ao GNL, alerta relatório

GNL gás natural liquefeito
Kanenori / Pixabay

Beneficiados com financiamento de US$ 213 bilhões entre 2021-23, novos projetos de terminais de exportação de GNL podem liberar mais de 10 gigatoneladas de CO2 equivalentes.

A expansão da capacidade global de exportar gás natural liquefeito (GNL), apoiada sem qualquer restrição pelos principais bancos do mundo, pode resultar em uma “bomba climática” que pode dificultar os esforços para conter o aquecimento global em 1,5°C neste século. De acordo com uma nova pesquisa, os projetos de novos terminais de exportação de GNL podem liberar mais de 10 bilhões de toneladas (gigatoneladas ou Gt) de dióxido de carbono equivalente (CO2e) nas próximas décadas.

Uma pesquisa das organizações Reclaim Finance e BankTrack indicou que a expansão da capacidade de exportação de GNL ao redor do mundo foi beneficiada com financiamento de US$ 213 bilhões por parte de bancos e investidores entre 2021 e 2023. Esse suporte financeiro acontece mesmo após previsões da Agência Internacional de Energia (IEA) indicarem um excesso de capacidade para o setor.

Empresas de petróleo e gás como Shell, TotalEnergies e QatarEnergy planejam expandir massivamente suas operações até 2030, com 156 novos terminais de GNL. Isso inclui 63 novos terminais de exportação, que, devido em grande parte ao vazamento de metano, podem produzir cerca de 10 GtCO2e até o final da década. Isto é quase o mesmo montante que as emissões anuais de todas as usinas de carvão em operação no mundo.

Mesmo com esse impacto potencial, muitos bancos e investidores toparam enterrar bilhões de dólares nessas infraestruturas, inclusive instituições com compromissos de descarbonização e net-zero. Entre os principais financiadores da expansão de GNL, estão JPMorgan Chase, Santander, ING, Crédit Agricole, Deutsche Bank e HSBC, entre outros. Mais de 70% do financiamento está associado a apenas 30 bancos internacionais.

“Bancos e investidores alegam estar apoiando empresas de petróleo e gás na transição energética, mas, em vez disso, estão investindo bilhões de dólares em futuras bombas climáticas. O GNL é um combustível fóssil e novos projetos não têm papel a desempenhar em uma transição sustentável”, alertou Justine Duclos-Gonda, da Reclaim Finance.

O Guardian deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 9 de dezembro de 2024.

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