Sem os EUA, nova meta de financiamento climático pode ficar inviável

EUA Trump financiamento climático
Scottsdale Mint

Além de sair do Acordo de Paris, Trump suspendeu as doações dos EUA para fundos climáticos, o que pode esvaziar a meta definida na COP29. 

Pouco mais de dois meses após a sua definição, na COP29 de Baku, a nova meta global para o financiamento climático pode sofrer um esvaziamento que inviabilizaria as pretensões de mobilizar pelo menos US$ 300 bilhões para os países mais pobres e vulneráveis até 2035. A saída dos EUA do Acordo de Paris, anunciada pelo presidente Donald Trump na última 2ª feira (20/1), complicou a equação financeira para tirar esse objetivo do papel.

Segundo o Climate Home, Trump também suspendeu todos os repasses de recursos para fundos climáticos internacionais prometidos pela gestão de seu antecessor, o ex-presidente Joe Biden. Entre os valores que não serão cumpridos por Trump, estão US$ 3 bilhões que seriam destinados para o Fundo Climático Verde (GCF, da sigla em Inglês), principal instrumento financeiro da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

No ano passado, os EUA contribuíram com cerca de US$ 11,1 bilhões para o financiamento climático internacional, a maior parte através de empréstimos. Esse valor nem de longe representa a cota justa de financiamento que os EUA deveriam oferecer, dada sua responsabilidade histórica e condição econômica, mas esses recursos farão falta na contabilização global.

Mas o impacto vai muito além das doações diretas para o financiamento climático internacional. Como destacou a Bloomberg, os EUA podem dificultar as pretensões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para alinhar seus projetos de financiamento e suporte macroeconômico com objetivos climáticos. Com grande poder dentro dessas instituições multilaterais, o governo norte-americano deve reverter a movimentação pró-clima.

Mesmo com esse impacto, especialistas indicam que existe vida possível para o financiamento climático internacional mesmo sem a participação dos EUA. Para tanto, outros países precisam assumir a sua parte e ocupar o vácuo deixado pela Casa Branca nesta composição financeira.

“Não é o fim do mundo, é apenas um pé no saco”, comentou ironicamente Sean Kidney, diretor-executivo da Climate Bonds Initiative.

Em tempo: Depois de enfiar o pé na porta da Casa Branca, os negacionistas da crise climática se movimentam para invadir o Parlamento Europeu e ampliar seu poder político. Segundo o Guardian e o site DeSmog, representantes do infame Heartland Institute estão se reunindo com políticos da extrema-direita europeia, inclusive integrantes do órgão legislativo da União Europeia, para atacar os projetos e objetivos climáticos do bloco.

 

ClimaInfo, 23 de janeiro de 2025.

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