Rio no litoral paulista é o 2º curso d’água com mais microplásticos no planeta

O rio dos Bugres, que separa Santos e São Vicente, foi classificado por um novo estudo como um dos mais contaminados por microplásticos do mundo.
20 de fevereiro de 2025
(Florida Sea Grant)

Um estudo publicado recentemente por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e do Instituto Ecofaxina indicou que o rio dos Bugres, que fica entre as cidades de Santos e São Vicente, no litoral de São Paulo, é o segundo mais contaminado por microplásticos em todo o planeta.

Segundo a análise, publicada na revista Marine Pollution Bulletin, um dos pontos do Bugres apresentou uma concentração de mais de 93 mil partículas de microplástico por quilograma de sedimento coletado (areia ou lama do fundo do rio). Em outros dois pontos, as concentrações registradas também foram altas, de mais de 62 mil e 43 mil partículas por quilo de amostra.

Na comparação com outros corpos d’água com análise de concentração de microplásticos, o rio dos Bugres fica atrás apenas do rio Pasur, em Bangladesh, onde a concentração superou 157 mil partículas por kg de sedimento. Por outro lado, os dados referentes ao Pasur são alvo de polêmica, já que o estudo original foi removido pelos editores da Science of the Total Environment depois de uma investigação revelar que um dos autores teria enviado uma revisão falsa da análise.

O rio dos Bugres sofre com problemas típicos de outros corpos d’água nas cidades brasileiras, como ocupações irregulares presentes nas duas margens do rio e o despejo ilegal de esgoto e resíduos. Por conta da baixa circulação de água, característica do Bugres, o acúmulo de materiais é facilitado. 

“O plástico está presente o tempo todo, preso, principalmente sob as palafitas e nas raízes de mangue. O sedimento já está muito contaminado por anos de descarte irregular”, explicou William Rodriguez Schepis, diretor-presidente do Ecofaxina e um dos autores do estudo, à Folha.

Para especialistas, a desigualdade social, que resulta na ocupação irregular das margens dos rios com moradias precárias, sem saneamento e coleta de lixo, acaba agravando o quadro de contaminação por microplásticos no rio dos Bugres e em outros corpos d’água. Ao mesmo tempo, por conta da característica da rede hidrográfica brasileira, em que a maior parte dos rios desagua no mar, a poluição por resíduos de outras áreas, mais distantes, também agrava o problema.

Metrópoles também repercutiu os principais pontos do estudo.

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