Cortes orçamentários de Trump atingem cientistas climáticos nos EUA

Demissões sumárias e em massa, cortes totais de subsídios e fechamento de escritórios e centros de pesquisa colocam em xeque o futuro da ciência climática nos EUA.
17 de março de 2025
trump cortes cientistas climáticos
Observatório Mauna Loa Observatório (Susan Cobb/NOAA)

O presidente Donald Trump completa dois meses no comando dos EUA nesta semana, mas para os cientistas climáticos norte-americanos, os últimos 60 dias parecem ter transcorrido em 60 meses. Essa é a intensidade das ações de desmonte tomadas pelo negacionista mais famoso e poderoso do mundo em seus primeiros meses de volta à Casa Branca.

O quadro não poderia ter sido pior. Experiente depois de um mandato presidencial, Trump voltou ao poder com uma lista extensa de medidas e nenhuma vergonha de usar e abusar de suas atribuições oficiais para forçar a sua execução, independente de qualquer preocupação legal.

Um exemplo disso é o corte substancial de funcionários em várias agências governamentais ligadas à pesquisa científica e ao clima. Nas últimas semanas, mais de 1,1 mil pessoas foram demitidas ou afastadas de seus postos na Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), um dos principais centros de pesquisa científica sobre o clima de todo o mundo. Vários setores cruciais estão sendo reduzidos a quase nada ou totalmente eliminados, sob a justificativa de “corte de despesas desnecessárias”.

A NASA, agência espacial norte-americana, é outro alvo científico da sanha negacionista de Trump. No começo do mês, a Casa Branca determinou o fechamento dos escritórios de tecnologia, política e estratégica e eliminou o posto de cientista-chefe da agência. O governo não descartou a possibilidade de demissões substanciais na NASA, enquanto o bilionário Elon Musk, que comanda os cortes, segue defendendo o desmonte da agência para beneficiar a sua própria empresa espacial privada, a SpaceX.

A CNN e a TIME repercutiram os impactos desses cortes, que vão além da pesquisa científica. Muitos sistemas de alerta de desastres naturais dependem dos dados gerados pelas NOAA e NASA, e a redução brutal de sua capacidade técnica pode impactar os esforços de prevenção. Análises técnicas para políticas públicas, inclusive para agricultura, também ficarão mais frágeis com o enfraquecimento das agências.

Outro impacto, destacado pela Bloomberg, é a eliminação de postos científicos nos EUA, com milhares de pesquisadores, especialmente aqueles em começo de carreira, perdendo qualquer perspectiva de futuro profissional no país. Os cortes de Trump podem gerar uma “fuga de cérebros”, com esses profissionais buscando oportunidades em outros países, inclusive rivais geopolíticos, como a China.Os cortes prejudicam também a ciência climática fora dos EUA. Um exemplo disso é o que pode acontecer com o Observatório Mauna Loa, no Havaí, o principal centro de observação e análise sobre os níveis de gases de efeito estufa do planeta. Segundo o Washington Post, o governo Trump quer cancelar o contrato de locação do laboratório com a NOAA. A princípio, o observatório não está na lista de possíveis fechamentos, mas a equipe do Global Monitoring Laboratory está trabalhando para mantê-lo em funcionamento. A Folha também repercutiu a notícia.

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