
A China vai permitir que termelétricas a carvão sejam construídas pelo menos até 2027, de acordo com novas diretrizes do governo chinês. O planejamento também exige que os geradores garantam que as novas plantas sejam capazes de suprir as lacunas no fornecimento de fontes renováveis intermitentes.
A construção das térmicas será permitida em regiões do país onde não há potência instalada suficiente ou capacidade de equilibrar o fornecimento de eletricidade de projetos eólicos e solares, apontaram a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e outras agências em um plano de ação, informaram Bloomberg, Reuters e Investing.com. Algumas novas usinas precisarão operar menos de 20% do tempo, de acordo com o planejamento, enquanto as plantas mais antigas deverão ter taxas de utilização mínimas de 25% a 40%.
As diretrizes ainda determinam que as usinas a carvão recém-construídas devem ter de 10 a 20% menos emissões de carbono por unidade de produção de energia do que a frota de 2024. E também exigem atualizações em algumas plantas existentes para atender a essas condições.
No ano passado, a China iniciou a construção do maior número de novas usinas a carvão em pelo menos uma década. Ainda assim, o país tem usado menos combustível. A produção das termelétricas caiu 5,8% nos dois primeiros meses do ano, com um inverno ameno e a desaceleração da economia afetando a demanda por energia, além do aumento das fontes renováveis na geração elétrica chinesa.
Vale lembrar que a China usa carvão como backup para fontes renováveis porque dispõe do combustível fóssil em grandes quantidades, e ainda assim o faz com parcimônia, dentro de seus planos ambiciosos de reduzir suas emissões de gases-estufa. Pelos planos do governo, essas plantas também operam em períodos temporais específicos e curtos – ou seja, com flexibilidade.
Já no Brasil, os entusiastas dos combustíveis fósseis querem mais térmicas à base de gás fóssil, que o país não tem disponível, e operando de forma inflexível, o que aumentaria tanto o preço da eletricidade como as emissões do setor elétrico. Mas se a questão é garantir a segurança elétrica, bastaria ajustar o sistema para o uso das hidrelétricas, com energia mais barata e limpa, como backup das usinas eólicas e solares.
Em tempo: Na semana passada, Donald Trump lançou uma série de atos para beneficiar a geração elétrica a carvão nos Estados Unidos. Mas o novo cenário energético do país vai dificultar bastante os planos do “senhor laranja”. O esforço provavelmente fracassará, afirmam especialistas em energia ouvidos pelo New York Times, porque o combustível fóssil enfrenta alguns obstáculos críticos. A energia produzida pelas usinas a carvão não consegue mais competir com alternativas mais baratas e limpas. E muitas usinas a carvão são muito antigas e precisariam de modernizações extensas e caras para continuar funcionando.