Presidente da COP30 defende maior engajamento da China em negociações climáticas

Em visita a Pequim, André Corrêa do Lago exaltou “convicção” chinesa com a transição energética e sugeriu metas climáticas “muito ambiciosas”.
22 de abril de 2025
presidente cop30 china
Eric Napoli/Poder360

O presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, visitou a China na semana passada em mais uma etapa da ofensiva diplomática do governo brasileiro para engajar os países nas negociações climáticas deste ano em Belém (PA). O diplomata se reuniu com integrantes do governo chines, destacando não apenas o peso do país asiático nas discussões sobre clima, mas também a oportunidade de Pequim ocupar o espaço deixado pelos EUA na liderança global dessa agenda.

Mesmo reconhecendo o impacto da guerra comercial entre EUA e China na definição das prioridades políticas atuais de Pequim, Corrêa do Lago elogiou a “convicção do governo chinês quanto à transição para uma economia de baixo carbono”. Ao mesmo tempo, o embaixador disse esperar que as autoridades chinesas apresentem a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do país antes da COP30, com metas climáticas “muito ambiciosas”, destacou a Folha.

A questão do financiamento climático foi um dos tópicos abordados por Corrêa do Lago nas conversas com os chineses. A viabilização da meta de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 para ação climática nos países pobres é um dos “pepinos” herdados pelo Brasil no comando das negociações climáticas, um desafio que ganhou mais complexidade depois da nova saída dos EUA do Acordo de Paris. Para o presidente da COP30, o tema exige “soluções inovadoras”, como a taxação do transporte internacional.

“Nós conversamos sobre isso com os chineses, porque vai ser um imenso esforço, chegar a US$ 1,3 trilhão por ano para os países em desenvolvimento. Mas naturalmente não vai ser só dinheiro de governos de países desenvolvidos que vai cobrir isso. Temos que levar em consideração novas ideias que estão surgindo, como a taxação do transporte marítimo, de aviação. Várias ideias de taxações estão no ar”, disse Corrêa do Lago, citado por O Globo.

Outra preocupação é a falta de atenção das lideranças internacionais para a agenda climática, especialmente por conta da instabilidade geopolíticas intensificadas pela volta de Donald Trump ao poder nos EUA. Para Corrêa do Lago, o momento exige que o Brasil escute a comunidade internacional antes de definir o que pretende discutir na COP30.

“Como é que a gente pode conseguir, na COP30, recuperar a atenção do mundo para o tema da mudança do clima e também procurar convencer o mundo de que o multilateralismo é a melhor maneira de nós tratarmos de um tema que é tão global. (…) O Brasil ainda não está colocando de maneira já muito definitiva o que a gente espera da COP30 porque a gente tem que analisar como é que o tema [guerra comercial] pode evoluir durante o ano”, disse o diplomata, segundo o Poder360.

O Brasil de Fato também repercutiu a passagem de André Corrêa do Lago por Pequim. 

  • Em tempo: Em entrevista à Folha, a prefeita de Paris (França), Anne Hidalgo, chamou a COP30 de “cúpula da esperança”. Para a líder francesa, que foi anfitriã das negociações da COP21 que resultaram no Acordo de Paris há quase uma década, a liderança brasileira para a COP em Belém pode ser decisiva para impulsionar a implementação dos compromissos assumidos pelos países nos últimos dez anos. A prefeita também fez um balanço das ações tomadas pela administração da capital francesa na última década para transformá-la em um dos hubs globais de ação climática urbana.

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