Governo Trump desmonta equipe de negociadores climáticos nos EUA

Mudança faz parte de um conjunto de ações que deixam os EUA cada vez mais isolados - e menos influentes - para os temas globais.
28 de abril de 2025
Reconstrução da confiança entre países será desafio para o Brasil na COP30
Vugar Ibadov/UNFCC Flickr

A administração de Donald Trump nos EUA eliminou nesta 6a feira (25/4) cargos-chave da administração federal responsáveis pela política climática global como parte de uma reestruturação diplomática, noticiou a Reuters. Os funcionários demitidos do Escritório de Informações sobre Pesquisa de Mudanças Globais lideravam as negociações climáticas do país no âmbito da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC) e representavam os EUA em discussões internacionais sobre descarbonização da aviação e transporte marítimo.

A medida segue a decisão de Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris e se opor à meta da Organização Marítima Internacional (IMO) de zerar as emissões do setor naval até 2050. Embora os EUA permaneçam na Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) e em seu programa de compensação de carbono, o governo tem resistido a iniciativas para promover combustíveis de aviação sustentáveis.

A ausência dos EUA em discussões climáticas globais evidencia seu crescente isolamento entre as nações desenvolvidas, com analistas apontando que a postura negacionista do governo norte-americano minou sua influência em temas ambientais. A marginalização do país nos principais fóruns de decisão ficou clara quando foi deixado de fora da Cúpula Virtual sobre Ambição Climática. Harjeet Singh, especialista em negociações climáticas, descreveu à Bloomberg os movimentos de Trump, como “reveladores do dramático declínio do país na governança climática internacional”.

O posicionamento do Brasil como anfitrião da COP30 consolida essa nova geopolítica climática, onde potências emergentes – mais especificamente a China –  e a UE assumem a liderança antes exercida pelos americanos. Segundo afirmou Singh, “ao ignorar os EUA, o Brasil deixa claro que considera sua participação atual mais um obstáculo que uma contribuição”, indicando uma mudança estratégica na busca por atores capazes de financiar e implementar ações concretas contra as mudanças climáticas. Essa reconfiguração do poder global reflete tanto a perda de credibilidade dos EUA quanto a emergência de novos centros de decisão no combate à crise.

“O governo está simplesmente desmontando a capacidade do governo americano de projetar influência no mundo, e muito disso vai na verdade prejudicar os próprios objetivos da administração Trump, seja na redução de desequilíbrios comerciais ou no combate à China”, afirmou Jesse Young, ex-funcionário do Departamento de Estado para questões climáticas, noticiou o POLITICO. “Estamos destruindo nossa credibilidade com parceiros e aliados importantes”.

Enquanto isso, em território norte-americano, o desaparecimento de dados climáticos de portais governamentais centralizados cria uma invisibilidade perigosa, levando movimentos como Public Environmental Data Project (PEDP) e Data Rescue Project a mobilizarem frentes de trabalho com o objetivo de evitar o apagamento de informações científicas cruciais, detalhou a BBC. Décadas acumuladas de conhecimentos digitalmente armazenados deixam de estar acessíveis sem aviso, o que tem gerado preocupação e ansiedade a pesquisadores de todo o mundo.

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