Reunião de chanceleres do BRICS termina sem consenso

Declaração, assinada apenas pela presidência brasileira, fala em compromisso com clima, transição energética e reforma da governança global.
29 de abril de 2025
reunião chanceleres brics
Isabela Castilho/BRICS Brasil

A primeira reunião de chanceleres do BRICS após a expansão do grupo terminou nesta 3ª feira (29/4), no Rio de Janeiro, com a divulgação da declaração assinada pela Presidência Brasileira. Isso significa que não houve consenso entre os integrantes para a elaboração de uma carta assinada por todos os países.

“Decidimos fazer uma declaração da presidência para deixar um caminho aberto para negociarmos com muito cuidado e com muita precisão uma declaração que acontecerá no mês de julho, na ocasião da reunião dos chefes de Estado”, explicou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que coordenou os trabalhos, citado pela agência eixos. Etiópia e Egito fizeram objeção a partes do texto. Mais especificamente, a uma menção à aspiração brasileira de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, assim como os pleitos da África do Sul e da Índia, relata a Folha.

O texto indica que o grupo está disposto a se esforçar para enfrentar os desafios climáticos. Os países membros reiteraram o compromisso com o Acordo de Paris, bem como com o fortalecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em Inglês) como fórum internacional apropriado e legítimo para discutir as mudanças climáticas. E cobram que países desenvolvidos cumpram suas obrigações e avancem na implementação da decisão sobre a nova meta coletiva quantificada (NCQG, sigla em Inglês) sobre financiamento climático.

O grupo ainda reiterou seu apoio ao “Roteiro de Baku a Belém para US$ 1,3 trilhão”. A mobilização do montante é uma das prioridades da agenda brasileira para a COP30 e se conecta com pautas lideradas pela África do Sul no G20 deste ano, como o financiamento para transições energéticas justas e o desenvolvimento de cadeias sustentáveis de minerais críticos.

Os integrantes do BRICS reafirmaram sua rejeição ao Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira da União Europeia (CBAM, sigla em Inglês) e defenderam o fortalecimento da parceria entre os membros no mercado de carbono, informa a agência eixos. Uma das intenções é avançar na implementação do Memorando de Entendimento da Parceria do Mercado de Carbono do BRICS, assinado em 2024.

“Debatemos o papel do Sul Global na promoção de um multilateralismo. Essa visão reflete a convicção de que os desafios globais da fome, da transição energética, da exclusão digital e da emergência climática não serão superados sem uma nova arquitetura de cooperação internacional centrada na solidariedade, no desenvolvimento e na paz”, afirmou Vieira.

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