Estudo sugere que 2/3 do aquecimento desde 1990 se deve aos 10% mais ricos

Autores do estudo defendem ações como a taxação de super-ricos para frear concretamente as emissões.
7 de maio de 2025
aquecimento mais ricos
Rawpixel

Um novo estudo expõe o papel decisivo dos mais ricos no agravamento de eventos climáticos extremos, afirmando que eles seriam responsáveis por aproximadamente dois terços do aquecimento global. Publicada pela Nature Climate Change, a pesquisa indica que cerca de 65% do aumento observado de 0,61oC na temperatura média global entre 1990 e 2020 pode ser atribuído às emissões dos 10% mais ricos do mundo, aqueles com renda anual superior a 42.980 euros por ano (cerca de R$ 280 mil).

A desproporção aumenta ainda mais quando se analisa o impacto do 1% mais rico, aqueles com rendimentos anuais acima de 147,2 mil euros (mais de R$ 955 mil). Esse grupo foi responsável por 20% do aquecimento global nos últimos 30 anos. Já os ultra-abastados, que ganham mais de 537 mil euros por ano (R$ 3,424 milhões) e somam cerca de 800 mil pessoas, foram responsáveis por 8% do aumento da temperatura global.

Os resultados destacam como o consumo e os investimentos das elites amplificam desastres que afetam principalmente regiões vulneráveis, como Amazônia, Sudeste Asiático e sul da África – justamente as que menos contribuíram para o problema.

De acordo com a autora principal, Sarah Schöngart, da ETH Zurich, a crise climática não é um fenômeno abstrato, mas está diretamente ligada aos estilos de vida e às aplicações financeiras dos mais ricos. Foram cruzados dados econômicos com simulações climáticas revelando que apenas os 10% mais abastados dos EUA e da China foram responsáveis por dobrar ou triplicar ondas de calor em áreas já fragilizadas.

“Se todos emitissem como os 50% mais pobres, o aquecimento global teria sido mínimo desde 1990”, afirma Carl-Friedrich Schleussner, coautor do estudo. Os dados também alertam para as emissões ocultas em investimentos financeiros, que superam o consumo individual.

Os pesquisadores defendem que regular os fluxos de capital das grandes fortunas pode ser mais eficaz do que medidas genéricas. “Não é teoria, são impactos reais hoje”, reforça Schleussner. “Ignorar o peso dos super-ricos na crise climática é desperdiçar a chance de evitar catástrofes piores”, completa.

Como solução, os autores propõem políticas direcionadas aos mais ricos, como taxação progressiva e regulação de investimentos poluentes. Além de reduzir emissões, essas medidas poderiam financiar adaptação em países pobres e incrementar a Justiça Climática. Nesta perspectiva, o combate às desigualdades para além da questão social, é indicado também como chave para frear o colapso ambiental.

Guardian, Independent, Carbon Brief e Phys, entre outros, divulgaram as informações do estudo da Nature Climate Change.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar