Dor no bolso e no clima: governo antecipa operação de usinas a combustíveis fósseis

Dez térmicas vencedoras do leilão de reserva de capacidade de 2021, cujos contratos começariam em julho de 2026, vão operar um ano antes.
15 de maio de 2025
governo operação usinas combustíveis fósseis
Agência iNFRA

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), aprovou na 4ª feira (14/5) uma deliberação que recomenda antecipar a operação de termelétricas movidas a combustíveis fósseis. Segundo o governo, o objetivo é “reforçar a segurança” do sistema elétrico. O resultado final já sabemos: contas de luz mais caras e mais emissões de gases de efeito estufa.

A medida vai antecipar o início do suprimento de energia de 10 usinas que foram contratadas no leilão de reserva de capacidade de 2021. Essas termelétricas vão entrar em operação a partir de agosto, antecipando em um ano o início da vigência de seus contratos, que ocorreria em julho de 2026, informaram O Globo, Megawhat, Agência Infra, eixos e Economia em Pauta.

As térmicas são movidas a gás fóssil, óleo diesel e óleo combustível, e somam 2,2 mil megawatts (MW) de capacidade. Com a decisão, poderão ser antecipados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) os contratos das usinas Parnaíba IV (56 MW), Potiguar (48 MW), Potiguar III (51 MW), Global I (136 MW), Global II (136 MW), Viana (174 MW), Geramar I (165 MW), Geramar II (165 MW), Termorio (1 mil MW) e Ibirité (226 MW).

Enquanto o consumidor chora pagando por uma energia mais suja e cara, os donos das termelétricas comemoram. A Eneva acredita que a medida trará benefícios para seus resultados financeiros no 2º semestre, com a antecipação dos contratos de Geramar, Viana e Parnaíba 4, gerando ao todo R$ 35 milhões por mês de receita fixa, detalhou o site Investing.com.

O CMSE também tratou da situação do subsistema Sul, uma das quatro grandes áreas que formam o Sistema Interligado Nacional (SIN). O diagnóstico é que o nível de armazenamento de água pelo subsistema é inferior aos demais [Norte, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste] que compõem o SIN.

Para resolver o problema, o comitê recomendou que o Operador Nacional do Sistema (ONS) tome medidas para reduzir o nível de vazão das hidrelétricas da região Sul. O ONS também deve maximizar as ações de transferência de energia de outros sistemas para o subsistema Sul.

  • Em tempo: Um estudo encomendado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) à Envol Energy Consulting mostra que a troca de geradores a diesel por painéis solares em sistemas isolados (SISOL) da Amazônia pode reduzir o custo de energia em até 44%. Enquanto 87% da geração elétrica é renovável no SIN, nos sistemas isolados esse percentual é de apenas 12%, destacou a Folha. Os combustíveis fósseis usados para produzir eletricidade no SISOL são bancados por toda a população brasileira, que pagam nas contas de luz a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). De 2018 a 2024, a CCC cresceu 49%, chegando a R$ 11,7 bilhões no ano passado.

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