Crise climática ameaça direito à vida, alerta alto comissário da ONU

Volker Türk não poupou críticas às empresas poluidoras, cobrou por responsabilização e reforçou apelo pelo fim dos combustíveis fósseis.
2 de julho de 2025
crise climática x direito à vida
© Kurier/Gerhard Deutsch

O Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk, alertou na última 2a feira (30/6) que a crise climática representa uma grave ameaça aos Direitos Humanos fundamentais durante seu discurso no Painel Anual sobre os Impactos Adversos das Mudanças Climáticas, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Suíça).

“O aumento global das temperaturas, a elevação dos mares, enchentes, secas e incêndios florestais representam ameaças diretas aos Direitos Fundamentais – à vida, à saúde e a um meio ambiente limpo e sustentável”, afirmou Türk. “A onda de calor extrema que estamos enfrentando atualmente demonstra com clareza a urgência de implementarmos medidas de adaptação eficazes. Sem elas, os direitos humanos básicos estarão em risco”.

O Alto-Comissário destacou a necessidade urgente de repensar os atuais modelos de produção e consumo, afirmando que “as energias renováveis, cuja capacidade de produção quintuplicou entre 2011 e 2023, são o caminho inevitável para o futuro”. No entanto, ele ressaltou que a transição exige um “roteiro claro e justo” que promova mudanças estruturais em todos os setores – da energia à agricultura, das finanças à construção civil.

“Esta será uma das maiores transformações da história da Humanidade, com profundas implicações para os Direitos Humanos”, declarou Türk, alertando que, sem políticas adequadas, “a transição energética pode acentuar as desigualdades globais, beneficiando os mais ricos e deixando para trás os mais vulneráveis”.

Türk assinalou ainda vários desafios críticos na implementação de uma transição justa, incluindo o financiamento inadequado que sobrecarrega países em desenvolvimento com mais dívidas e a persistente desigualdade de gênero no setor de energias renováveis – onde mulheres representam menos de um terço da força de trabalho.

Para enfrentar esses desafios, o representante da ONU defendeu mecanismos robustos de responsabilização, incluindo propostas como a taxação de bilionários e maior cooperação tributária internacional. Ele argumentou que os principais responsáveis pela crise climática devem arcar com os custos de seus impactos, e que os subsídios aos combustíveis fósseis devem ser redirecionados para energias limpas e sistemas alimentares sustentáveis.

“O que precisamos agora é de um roteiro que nos mostre como repensar nossas sociedades, economias e políticas de forma equitativa e sustentável. Ou seja, uma transição justa. Essa mudança exige o fim da produção e o uso de combustíveis fósseis e de outras atividades ambientalmente destrutivas em todos os setores – da energia a agricultura, finanças, construção e além. Esta será uma das maiores transformações que o mundo já viu. E tem implicações sérias para os Direitos Humanos”, declarou.

O Globo, Istoé e Estado de Minas repercutiram as falas do Alto Comissário da ONU, que foram abordadas também em European Times e Brussel Times.

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