
O Uruguai tenta pegar carona no possível escoamento do gás fóssil produzido por fraturamento hidráulico (fracking) em Vaca Muerta, na Argentina. O país planeja apresentar a investidores e governos vizinhos uma proposta de gasoduto que passará por seu território, conectando a jazida argentina ao Brasil, de acordo com a ministra uruguaia da Indústria e Energia, Fernanda Cardona.
Em entrevista à Bloomberg, repercutida por Valor, O Globo e El Observador, Fernanda disse que sua pasta submeteu recentemente um relatório ao presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, incluindo uma possível rota para o gasoduto e a projeção de demanda de gás. Os dados guiarão as negociações para tentar iniciar a construção do duto até 2030.
A ministra esteve em Vaca Muerta no início deste ano para avaliar o interesse no projeto. Segundo ela, a estabilidade política do Uruguai, sua proximidade com o Brasil e os gasodutos já existentes com a Argentina tornam o país uma opção atraente, que pode complementar outras propostas.
Durante a cúpula de líderes do G20 no Rio de Janeiro, em novembro do ano passado, o governo brasileiro firmou um memorando de entendimento com a Argentina sobre o gás de Vaca Muerta. O trato envolvia possibilidades de rotas para escoar o combustível fóssil argentino para o território brasileiro.
A exploração de combustíveis fósseis na região de Vaca Muerta é um problema para indígenas Mapuche, que há anos convivem em seus territórios com os efeitos do fracking, técnica com alto impacto ambiental e banida em vários países do mundo. Em alguns casos, aldeias inteiras tiveram que ser abandonadas.
Em tempo: O governo deve publicar nos próximos dias um decreto que regulamenta o mandato do biometano, previsto na Lei do Combustível do Futuro. A medida entra em vigor em 2026 e obrigará produtores e importadores de gás fóssil a incorporar uma fração renovável, por meio de metas obrigatórias de descarbonização, informa o Correio Braziliense. A primeira delas, porém, é tímida: apenas 1% de redução das emissões ligadas ao suprimento de gás fóssil em 2026. A projeção é atingir 10% até 2034.



