
Não se pode dizer que a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, não seja capaz de se superar, ao menos nos absurdos para defender a exploração de petróleo no Brasil “até a última gota”. Depois de imitar Donald Trump em seu “Drill, baby, drill!” para explorar a Foz do Amazonas, a executiva minimizou o imenso impacto da queima de combustíveis fósseis nas mudanças climáticas.
Em reunião da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) na 3ª feira (14/10), Magda defendeu que os setores de petróleo e o agronegócio andem juntos em busca do desenvolvimento humano brasileiro e pela redução de emissões de gases de efeito estufa, informa o Valor. E completou: “O petróleo não é esse vilão todo de emissões”.
A presidente da Petrobras está correta quanto às emissões brasileiras. Mas propõe parceria justamente com o setor que lidera com folga esse quesito no país. E ignora que, no âmbito global, o petróleo é, sim, o maior vilão das emissões de gases de efeito estufa, junto com carvão e gás fóssil.
Magda ainda afirmou que questões do clima e o desenvolvimento social devem andar juntos. “Se queremos viver melhor pela questão do clima, também queremos bem-estar social.” Repetiu a falácia de que petróleo gera riqueza e desenvolvimento, quando a história, inclusive no Brasil, mostra que não.
Segundo a executiva, todas as propostas da petrolífera de reduzir emissões estão dentro dos limites do Acordo de Paris, mesmo com o desenvolvimento da Margem Equatorial, da Bacia de Pelotas e do pré-sal [??]. E completou: “não é a Petrobras que se nega a fazer redução de Escopo 3 [emissões no consumo de produtos]. O Brasil está evitando que a Petrobras faça. Temos que mexer no [programa] Combustível do Futuro e ver como nosso coprocessado [diesel fóssil com óleo vegetal] vai participar desse mandato”. Em suma: a Petrobras só descarbonizará seus combustíveis com subsídios governamentais.
Com a decisão do IBAMA de fazer mais exigências no licenciamento para o poço no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas, e propor uma reunião com a empresa para hoje (16/10), Magda apelou. A executiva se disse “preocupada” com a plataforma ODN-II, da Foresea, escolhida para a campanha no bloco, porque o contrato da sonda vence em 21 de outubro, segundo Valor e Vero Notícias. Mais uma pressão política sobre uma decisão técnica.
A Petrobras ainda desdenhou da pesquisa feita pelo Datafolha que mostrou que 61% da população é contra a exploração de petróleo na Foz, como mostram Folha, O Globo, AC24horas e Economia em Pauta. Segundo o Brasil 247, a empresa considerou os números “estranhos”, por destoarem de pesquisas próprias feitas nos últimos anos com institutos independentes, que mostram percepção distinta sobre a região.



