
A vida não está fácil para a trilionária indústria dos combustíveis fósseis nos últimos dias, mesmo com a forte presença dos lobistas do setor na COP30. Além do fortalecimento da mobilização por um mapa do caminho para o fim do petróleo, do gás fóssil e do carvão (leia aqui), a conferência do clima em Belém marcou a adesão da Coreia do Sul à Aliança Para Além do Carvão (Powering Cast Coal Alliance, PPCA).
Além da adesão à PPCA, o país asiático anunciou que fechará todas as 62 usinas movidas pelo combustível fóssil em operação no país até 2040, informa o Um Só Planeta. Pelo menos 40 delas já estabeleceram datas de fechamento.
“A mudança do carvão para energia limpa não é apenas essencial para o clima. Ela também ajudará tanto a República da Coreia quanto todos os outros países a aumentar nossa segurança energética, a fortalecer a competitividade de nossos negócios e a criar milhares de empregos”, disse a ministra do Clima, Energia e Meio Ambiente sul-coreana, Kim Sung-Hwan, em um comunicado.
O compromisso envolve também a não construção de novas termelétricas a carvão. Isso não é trivial, explica O Globo, já que cerca de 30% de toda a eletricidade gerada no país vem da queima do combustível fóssil. A Coreia do Sul está em 7º lugar num ranking global entre as nações que mais produzem energia elétrica a carvão. Além de ser a 4ª maior importadora mundial de carvão térmico, atrás da China, Índia e Japão, sendo responsável por cerca de 8% do comércio global.
A decisão sul-coreana faz a Austrália, que disputa sediar a COP31 com a Turquia, botar suas “barbas fósseis” de molho. O país da Oceania é um dos maiores exportadores de carvão do mundo, e a Coreia do Sul é um de seus maiores clientes, segundo o Guardian. “Para a Austrália, continuar dependendo das exportações de combustíveis fósseis nos médio e longo prazos é uma estratégia arriscada”, disse o diretor da consultoria ReMap Research, James Bowen.
CNN Brasil, AFP, Estado do Pará, Veja e Carbon Herald também repercutiram o phase-out de carvão da Coreia do Sul.
Em tempo: Já na Indonésia, o plano de desativar 6,7 GW de capacidade de termelétricas a carvão até 2030 corre o risco de fracassar devido à demora na liberação de recursos pelos países ricos, informa a Reuters. Uma coalizão de 10 nações doadoras, chamada Parceria para uma Transição Energética Justa (JETP), prometeu em 2022 arrecadar US$ 20 bilhões em um prazo de três a cinco anos para a Indonésia, em uma transação que já foi descrita como “o maior de financiamento climático". Mas até agora o dinheiro não chegou. "Não vimos nenhum compromisso de ninguém para financiar a eliminação gradual do carvão", disse Paul Butarbutar, chefe do Secretariado da JETP Indonésia. "Se não houver ninguém realmente disposto a investir no financiamento da eliminação gradual do carvão, então teremos que pensar se a eliminação gradual é realmente a melhor opção."



