
Os rumores nos corredores da Zona Azul da COP30 sobre o mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis não eram bons na manhã de ontem, antes do incêndio que forçou a evacuação da área (leia acima). Apesar do novo apoio do presidente Lula à iniciativa e da intensa mobilização da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela inclusão do tema em documentos da conferência, a crescente resistência de petroestados como Arábia Saudita e Rússia, apoiados por China, Índia e Japão, dificultava ainda mais as conversas.
Mas as divergências sobre como a COP30 deve tratar o mapa do caminho não estão só entre os demais países. Segundo a Bloomberg, altos funcionários do governo brasileiro também estão divididos. Enquanto há quem espere aprovar um roteiro para acabar com petróleo, gás fóssil e carvão, outros argumentam que os esforços devem se concentrar em melhorar o financiamento para adaptação climática. Como se uma ação excluísse outra – o que não procede.
As visões divergentes não passaram despercebidas entre os observadores da conferência em Belém. Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, afirmou que a divisão se dá entre “aqueles que querem salvar o mundo” — os defensores do mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis — e “aqueles que querem salvar o sistema”.
Com o impasse sobre o “roadmap”, ganha força a “Declaração de Belém para o fim do combustível fóssil”, elaborada pela Colômbia e que, assim como o mapa do caminho sugerido por Lula, também já recebeu apoio de vários países. O documento virou a principal alternativa para o mapa como uma das marcas da COP30, de acordo com a CNN Brasil.
A declaração defende um programa entre os países para debater essa transição após a COP30; sugere a realização de uma conferência diplomática em abril de 2026 na Colômbia para tratar especificamente do assunto; e mira no horizonte um “Tratado de não-proliferação de combustíveis fósseis”. Trata ainda de medidas práticas a serem adotadas, como a “necessidade de eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis o mais rápido possível”.
A eliminação dos combustíveis fósseis havia sido proposta por Gustavo Petro, presidente colombiano, na Cúpula da Amazônia de 2023, mas não entrou na declaração final do encontro. Na COP30, a ministra do Meio Ambiente do país, Irene Vélez, informou que a Colômbia baniu a exploração de petróleo e gás e a mineração na parte de seu território no bioma amazônico, tornando-se a primeira nação a tornar a Amazônia uma zona livre de combustíveis fósseis, lembra o Colabora.



