
A BP foi a principal vencedora do primeiro leilão de poços de petróleo e gás no Golfo do México, realizado pela 2ª administração de Trump. A petroleira britânica levou 50 áreas, seguida da Chevron com 22, Murphy Exploration & Production com 14, e Shell e Repsol com 12 lances vencedores cada.
Segundo o Escritório de Gestão de Energia Oceânica dos EUA (BOEM), 30 empresas apresentaram um total de 219 lances para 1,02 milhão de acres (412 mil hectares), o que corresponde a cerca de 1,3% da área oferecida. Apenas 30 blocos receberam mais de um lance, conta a Reuters.
No total, o governo ofereceu 181 áreas — 32 milhões de hectares — no Golfo do México. O leilão arrecadou cerca de US$ 100 milhões (R$ 541 milhões) a menos do que o leilão de dezembro de 2023, promovido na gestão Biden.
Para Laura Robbins, diretora interina da região do Golfo do BOEM, a queda foi devida ao cronograma do departamento, o que tira a pressão das petroleiras participarem todas de uma vez. Em coletiva de imprensa, Laura afirmou que o leilão foi “bem-sucedido”.
Como o Financial Times informa, o leilão foi o primeiro de 30 exigidos pelo projeto de lei de corte de impostos e gastos, sancionado por Trump em julho. Os esforços do negacionista vão em direção oposta ao seu antecessor: a gestão Biden teve o menor número histórico de leilões de petróleo e gás, um aceno claro do esforço do país de se afastar dos combustíveis fósseis.
Em pronunciamento, tanto BP quanto Shell usaram frases como “crescer de forma segura” e “contínuo desenvolvimento responsável de recursos”, para comemorar suas “conquistas” na região. A porta-voz da Shell, Cynthia Babski, chegou a afirmar que recursos “são essenciais para atender às necessidades energéticas atuais, enquanto construímos um futuro com menos emissões de carbono”.
Faltou à empresa explicar como construirá esse futuro com planos contínuos de expansão da exploração de combustíveis fósseis. A conta não fecha. Ambientalistas e cientistas estão cansados de reforçar isso. Além do impacto com mais emissões que contribuem para a crise climática, há também o aumento do risco de derramamento em um ecossistema frágil.
“A venda de concessões é o primeiro passo rumo a uma catástrofe de derramamento de petróleo”, disse Joseph Gordon, diretor de campanha do grupo ambientalista Oceana na Bloomberg. “Precisamos proteger nossas costas, não destruí-las”.
A BP não pode apagar seu histórico: ela é responsável por um dos piores desastres ambientais da história da indústria de combustíveis fósseis. Em 2010, um acidente com a plataforma Deepwater Horizon causou o derramamento de mais de 3 milhões de barris de petróleo no Golfo do México. O vazamento levou cerca de cinco meses para ser contido.
Vale lembrar também que a petroleira esteve em consórcio com a Petrobras e a Total na compra do Bloco 59 da Foz do Amazonas em 2013. Tanto BP quanto Total abandonaram o barco entre 2020 e 2021, devido aos riscos ambientais. A Petrobras, como sabemos, segue indiferente aos riscos colocados a milhões de brasileiros.
Em tempo: após a derrota no debate sobre a exploração de petróleo no Bloco 59 na Foz do Amazonas, o Ministério do Meio Ambiente volta a novo embate. Como a Folha explica, o caso da vez é o licenciamento da exploração do fraturamento hidráulico (fracking), técnica extremamente poluente. A pasta se posicionou contra, enquanto o Ministério de Minas e Energia, o Ministério da Casa Civil e o Conselho Nacional dos Recursos Hídricos (CNRH), ligado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, foram a favor.



