
A demanda por carvão deve atingir um recorde histórico em 2025, com 8,85 bilhões de toneladas métricas — aumento de 0,5% em relação a 2024 —, indica o relatório “Carvão 2025”, da Agência Internacional de Energia (IEA), publicado na 4ª feira (17/12). Contudo, a IEA projeta que esse pico iniciará um declínio lento, de 3%, até 2030, à medida que o combustível fóssil é substituído por fontes renováveis, energia nuclear e gás fóssil na produção elétrica.
A eliminação do carvão é vital para atingir as metas climáticas globais, mas o combustível ainda é o mais usado na geração de eletricidade, explicam Reuters e Straits Times — embora as renováveis tenham superado o carvão no primeiro semestre, segundo relatório do think tank climático Ember. Apesar da urgência, analistas têm dificuldade em prever o pico do consumo de carvão devido à persistência do uso em países-chave, como China, Estados Unidos e Índia.
A velocidade da queda da demanda dependerá do crescimento da demanda por eletricidade — e isso vale tanto em economias desenvolvidas quanto em desenvolvimento. Também dependerá das abordagens políticas e do ritmo de substituição do carvão em setores como a siderurgia, informa a AFP.
Os estadunidenses, por exemplo, tiveram um aumento de 8% no consumo de carvão em 2025, devido à ordem executiva do presidente Donald Trump deu para “salvar” usinas de carvão em processo de desativação. O negacionista laranja está impulsionando a produção e o consumo de combustíveis fósseis no país, lembra a Bloomberg.
Já na Índia, o uso do carvão cairá pela terceira vez em cinco décadas, devido às intensas monções, que aumentaram a geração de energia hidrelétrica. Quanto à União Europeia, a IEA destaca que, após dois anos de quedas de dois dígitos, a demanda por carvão no grupo diminuiu modestamente.
O grande player da questão é a China. O país é o maior consumidor de carvão do mundo, e, em anos anteriores, o apetite chinês impulsionou o comércio global do produto, o que atenuou o impacto da queda de demanda de países como Japão e Coreia do Sul. Em 2025, a China reduziu suas importações devido ao excesso de oferta em relação à demanda fraca — tendência que deve continuar até 2030 e levar à redução do comércio mundial de carvão, segundo a IEA.
“A China, que consome 30% mais carvão do que o resto do mundo, é o principal motor das tendências globais do combustível”, disse Keisuke Sadamori, diretor de Mercados e Segurança de Energia da agência.
Em tempo: As termelétricas chinesas registrarão a primeira queda anual na geração elétrica em uma década, à medida que as fontes renováveis crescem para atender à demanda. De acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas, a produção de energia térmica caiu 4,2% em novembro, e a geração a partir de usinas a carvão e gás diminuiu 0,7% neste ano. Enquanto isso, a energia eólica teve um aumento de 22% e as fazendas solares cresceram 23% em relação ao ano anterior. A Bloomberg detalha o caso.



