Justiça determina retorno de forças federais à Terra Munduruku depois de ataques de garimpeiros

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A Justiça Federal atendeu a um pedido do Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) e determinou o retorno das forças de segurança da União ao município de Jacareacanga, dentro da Terra Indígena Munduruku, palco de episódios violentos nas últimas semanas entre indígenas e garimpeiros. Pela ordem judicial, o governo federal deve recolocar efetivos armados oficiais na região até esta 3ª feira (1º/6), sob pena de multa diária de R$ 50 mil, com foco especial nas aldeias Pombal, Santa Cruz, Katõ, Missão Cururu e Poxorebem. Na semana passada, um grupo de garimpeiros reagiu a uma operação da Polícia Federal contra mineração ilegal na reserva e atacou casas de lideranças indígenas contrárias ao garimpo.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro postou nas redes sociais no último domingo (30/5) cenas de sua passagem pela Terra Indígena Yanomami na semana passada. No vídeo, o presidente conversou com representantes indígenas em Maturacá, que pediram a ele proteção contra a ação de garimpeiros ilegais na reserva. Em um tom distante daquele utilizado durante comícios e atos político-partidários, Bolsonaro disse que a vontade dos Yanomami será “respeitada”. “Se vocês não querem mineração, não terá mineração”. Ao mesmo tempo, o presidente defendeu que outras comunidades indígenas interessadas na exploração econômica de suas terras também tenham sua vontade “respeitada”. A Reuters destacou a fala de Bolsonaro.

Em tempo: Um levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostrou que os conflitos no campo tiveram um salto no último ano. Em 2020, houve 1.576 confrontos por terra, um aumento de 25% em relação a 2019 e 57,6% em comparação com 2018. Em média, aconteceram 4,31 conflitos por dia no ano passado, o ano com o maior número de ocorrências desde 1985. O relatório também identificou 2.054 confrontos relacionados a brigas por terra, água e questões trabalhistas, número 8% maior que o registrado em 2019. A situação dos Povos Indígenas é ainda mais preocupante: os episódios de confronto envolvendo indígenas representaram mais de 41% do total, o que os coloca entre os grupos mais expostos ao risco de agressões e violência armada. Das 18 pessoas assassinadas nesses conflitos em 2020, sete eram indígenas; já entre as 35 pessoas que sofreram tentativas de homicídio, 12 eram indígenas. Globo Rural e O Globo deram mais informações.

 

ClimaInfo, de junho de 2021.

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