Transição justa: como a África pode crescer sem depender dos combustíveis fósseis?

África carvão
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Um dos pontos mais polêmicos da última Conferência do Clima (COP26) no ano passado foi a questão do carvão. Enquanto os países desenvolvidos, em sua maioria, defenderam uma abordagem mais agressiva e imediata para abandonar o uso desse combustível para geração de energia, a maior parte das nações em desenvolvimento, puxada pela Índia, se preocupou com os efeitos que o fim do uso de carvão teria sobre os mercados nacionais de energia.

Com a próxima COP27 programada para acontecer no Egito em novembro próximo, certamente a questão voltará com mais força à agenda de discussão dos negociadores. Isso não significa, no entanto, que teremos uma resposta para a pergunta que vale bilhões de dólares: como viabilizar o crescimento econômico e a geração de renda para os países mais pobres, especialmente na África, em um contexto no qual a fonte mais barata de energia para eles (o carvão) não pode ser queimado?

No Financial Times, David Pilling explora alguns aspectos da pergunta. A África é o continente mais pobre e um dos mais vulneráveis aos efeitos da mudança do clima; ao mesmo tempo, uma restrição ao uso de carvão pode colocar os países do continente em uma condição quase perpétua de pobreza se não for acompanhada por alguma alternativa de energia barata. Por isso, a justiça climática e a transição justa se colocam como pontos centrais nas demandas e preocupações dos países africanos nas negociações sobre clima. Não acidentalmente, esses também são dois dos tópicos que menos recebem atenção dos países desenvolvidos, o que intensifica a divisão entre ricos e pobres nessa arena.

Uma alternativa potencial pode estar em acordos como o assinado entre a África do Sul, os Estados Unidos e o Reino Unido durante a COP26. Pela proposta, o país africano receberá US$ 8,5 bilhões dos parceiros ricos para reduzir o consumo de carvão e impulsionar fontes renováveis de energia. A Bloomberg informou que o governo britânico estuda colocar US$ 1 bilhão da dívida externa sul-africana com o país como garantia para o financiamento climático.

 

ClimaInfo, 2 de junho de 2022.

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