Ruptura de gasoduto europeu causa o maior vazamento de metano já registrado

4 de outubro de 2022

Autoridades da Dinamarca confirmaram no último final de semana que os gasodutos Nord Stream 1 e 2 pararam de vazar. Na semana passada, explosões submarinas de causa ainda desconhecida comprometeram os canos que transportam gás natural da Rússia para a Europa pelo Mar Báltico, resultando em um megavazamento de combustível.

Nesta 3ª feira (4/10), no entanto, a Guarda Costeira da Suécia afirmou que um dos vazamentos identificados em sua área marítima exclusiva no Báltico ainda está liberando gás para a atmosfera, ainda que em volume menor do que na semana passada. Bloomberg e NY Times deram mais informações.

Especialistas ouvidos pela Associated Press estimam que os vazamentos do Nord Stream podem ter provocado a maior liberação de metano já registrada em todo o mundo, com cerca de meio milhão de toneladas subindo para a atmosfera. Isso é aproximadamente cinco vezes maior do que o pior incidente registrado até agora, em Aliso Canyon, na Califórnia, em 2015 e 2016. A New Scientist também abordou essa informação.

O volume é grande, mas não chega nem a fazer cócegas ao que é liberado todos os anos pela indústria de petróleo e gás em todo o mundo. Como bem assinalou a Bloomberg, especula-se que a extração de combustíveis fósseis emita anualmente cerca de 80 milhões de toneladas métricas de metano. A maior parte dessa liberação acontece por vazamentos evitáveis no processo de extração. 

“Por mais maciça que seja a liberação de metano de Nord Stream – e parece estabelecer um novo recorde – essas emissões são ofuscadas pelo que a indústria de petróleo e gás libera rotineiramente”, disse Antoine Halff, analista-chefe da agência de geoanálise Kayrros SAS.

Sobre a causa dos vazamentos, as principais suspeitas dos países europeus recaem sobre Moscou. Para eles, o governo russo pode ter apelado para a sabotagem intencional do gasoduto para dobrar a pressão sobre a União Europeia por conta do apoio dado à Ucrânia na guerra contra a Rússia e das sanções aplicadas por Bruxelas contra Vladimir Putin e seus aliados. 

Segundo  francês Le Monde, a Dinamarca e a Suécia reforçaram a presença militar nas áreas do Báltico sobre Nord Stream, além da proteção de outros pontos estratégicos da infraestrutura energética nacional. 

Já a Foreign Policy abordou as investigações sobre o vazamento, que podem provocar novas tensões entre Rússia e a Europa.

Enquanto isso, a Europa segue contando nos dedos a quantidade de gás necessária para garantir sua segurança energética durante o inverno. 

O Guardian divulgou uma análise do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas (ECMWF) que sugere um frio mais intenso nos próximos meses, o que pode aumentar a pressão sobre o fornecimento de eletricidade. 

Já a Bloomberg apontou o impacto da busca frenética dos europeus por gás natural no mercado internacional; por conta disso, os preços do combustível seguem altos globalmente, prejudicando a demanda de outras nações que também importam gás.

 

ClimaInfo, 05 de outubro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar