Novo vazamento aumenta suspeita de sabotagem em gasoduto na Europa

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Swedish coastguard/AFP/Getty Images

As autoridades da Suécia confirmaram nesta 5ª feira (29/9) a identificação de um 4º vazamento nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que levam gás natural da Rússia para a Europa através do Mar Báltico. De acordo com especialistas, os vazamentos podem ter sido provocados por explosões ainda não esclarecidas que foram registradas na última 3a feira em trechos do gasoduto na Dinamarca e na Suécia.

Por ora, devido ao vazamento, ainda não é possível mergulhar para verificar a condição real dos gasodutos depois das explosões. A estimativa parcial é de que isso será possível em pelo menos três semanas, até que a pressão decorrente do vazamento de gás diminua. Já um eventual conserto dos gasodutos pode demorar muito mais tempo: segundo a AFP, o prazo para tanto é contabilizado em anos. No Guardian, fontes alemãs sugeriram que a reparação dos gasodutos, a depender da extensão dos danos, pode ser inviável.

O Serviço de Segurança da Suécia anunciou a abertura de um inquérito para investigar as causas do vazamento. De acordo com a agência, “não se pode descartar que uma potência estrangeira esteja por trás disso”, em linha com a principal suspeita de que as explosões tenham sido fruto de sabotagem. Na Noruega, a Reuters informou que militares estão sendo enviados para instalações de petróleo e gás para protegê-las de eventuais atentados.

Na cabeça dos líderes europeus, a principal suspeita recai sobre o governo russo, com quem a União Europeia vem conduzindo uma verdadeira “guerra energética” nos últimos meses por conta das retaliações impostas por Moscou no fornecimento de gás natural.

O chefe da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, insinuou que era “muito óbvio” quem estava por trás dos vazamentos em Nord Stream 1 e 2, sem indicar o nome desse possível suspeito. As autoridades russas, por sua vez, tentam jogar a peteca nas mãos dos Estados Unidos. Uma declaração do ministério de relações exteriores do país afirmou que os vazamentos ocorreram em um território que estaria “totalmente sob controle” das agências norte-americanas de inteligência.

Essa situação deixa evidente o quão vulnerável o mundo é quando o assunto é fornecimento de combustíveis fósseis, destacou Joe Lo no Climate Home. A matéria lembrou outras ocasiões, como nas guerras civis na Síria e no Iêmen, onde a infraestrutura de transporte de petróleo e gás natural foi visada durante um conflito armado, com o objetivo de causar um impacto no mercado internacional de energia. “Com um esforço limitado, você pode ter um impacto bastante grande”, comentou Wim Zwijnenburg, pesquisador da organização PAX.

 

ClimaInfo, 30 de setembro de 2022.

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