
Enquanto as equipes de resgate correm contra o tempo para salvar as vítimas das fortes inundações-relâmpago do último final de semana no Texas, especialistas apontaram para um fator que pode ter sido decisivo para potencializar o desastre climático no sul dos Estados Unidos – o desmonte dos órgãos científicos de pesquisa e monitoramento climático pelo governo de Donald Trump.
Como a Deutsche Welle assinalou, um dos órgãos mais afetados pelos cortes orçamentários é o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS). Desde o começo do ano, a agência perdeu 600 de seus cerca de 4 mil funcionários, entre demissões e aposentadorias (a maior parte, forçada). Mais do que a ausência de pessoal em si, o que pode ter sido mais grave no desastre do Texas foi a falta de profissionais experientes em ações de prevenção e resposta, que poderiam ter coordenado ações mais rápidas e adequadas.
Especialistas ouvidos pelo Guardian foram contundentes sobre os efeitos colaterais desses cortes: para eles, o desmantelamento dos órgãos de pesquisa e monitoramento climático nos EUA é uma medida suicida em tempos de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
“Este é exatamente o tipo de tempestade sobre a qual meteorologistas, climatologistas e especialistas em gestão de emergência vêm alertando há décadas”, observou Samantha Montano, professora da Massachusetts Maritime Academy (MMA). “É o que acontece quando se deixa a mudança climática se manter inabalável e se desintegra o sistema de gestão de emergências, sem investir nesse sistema em nível local e estadual”.
Nesse ponto, o site POLITICO destacou uma das lacunas que mais preocupam especialistas. A despeito dos vários desastres climáticos dos últimos anos nos EUA, o governo Trump segue disposto a fechar a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), sob a justificativa de que esse serviço pode ser melhor realizado por órgãos estaduais e locais. No entanto, pouquíssimos estados e condados norte-americanos contam com órgãos do tipo capazes de lidar com os impactos de tempestades extremas como a que causou a morte de mais de 100 pessoas no Texas no último final de semana.
“É impossível para um estado ter a quantidade de recursos necessários para um evento catastrófico. É um desafio fazer com que as comunidades reservem recursos [para esse fim]”, argumentou Carlos Castillo, que foi administrador-adjunto da FEMA durante o 1º governo Trump.
O portal The Hill também abordou os efeitos dos cortes orçamentários de Trump nas agências de pesquisa e resposta a desastres climáticos nos EUA.



