Países insulares acusam governos ricos de atrasar pagamentos de fundo de perdas e danos

"A conta do financiamento climático está vencida", afirma ativista em reunião temática nas Filipinas. 
14 de julho de 2025
países insulares acusam governos ricos de atrasar pagamentos de fundo de perdas e danos
Kiara Worth/UNFCCC

Países ricos estão atrasando doações ao Fundo de Resposta a Perdas e Danos, (FRLD, na sigla em Inglês), ameaçando a meta de distribuição de US$250 milhões em 2025 para nações vulneráveis a desastres climáticos. Representantes da sociedade civil organizada e de países insulares ameaçados pelas mudanças climáticas criticaram a omissão dos governos das nações desenvolvidas por não assumirem seus compromissos com o fundo.

“A conta do financiamento climático está vencida”, afirmou Harjeet Singh, diretor-fundador da Satat Sampada Climate Foundation, em uma coletiva de imprensa realizada durante o encontro do Conselho do FRLD em Cebu, nas Filipinas. O mesmo sentimento foi ecoado na mensagem em vídeo gravada pelo primeiro-ministro de Vanuatu, Jotham Napat. “Promessas sozinhas não podem recuperar o que a mudança climática já apagou pelo mundo”, disse, citado pela CarbonCopy.

A pressão coincide com o lançamento da campanha global Fill the Fund, apoiada por ONGs que exigem que nações ricas honrem seus compromissos. Apenas US$348 milhões de um total de US$789 milhões prometidos foram depositados, gerando preocupação entre representantes de países em desenvolvimento. Alguns doadores, como Itália e União Europeia (UE), nem sequer definiram prazos para seus aportes.

O valor disponível é considerado insuficiente diante das necessidades de centenas de bilhões de dólares anuais devido a eventos extremos. Durante reunião nas Filipinas, um representante de Fiji comparou os recursos atuais a “dinheiro de limonada”- insignificante perto dos custos de grandes infraestruturas, como usinas de carvão.

“À primeira vista, a escala do fundo pode parecer grande, mas não é, especialmente quando comparada aos US$500 bilhões gastos em subsídios a combustíveis fósseis ou aos US$2,7 trilhões em gastos militares”, disse Brandon Wu, diretor de políticas e campanhas da ActionAid USA.

Para aumentar os recursos, o fundo planeja finalizar uma estratégia de mobilização até o final de 2025. Enquanto isso, projetos iniciais de US$5 a US$20 milhões serão financiados via editais. No entanto, a escassez de verbas levou a secretaria do Fundo a sugerir a priorização de projetos que atraiam capital privado, proposta rejeitada por nações em desenvolvimento e ativistas.

Representantes do Egito e da CAN International alertaram que o fundo não deve funcionar como um banco ou mecanismo de investimento, mas sim como um instrumento de solidariedade. Eles criticaram a influência de modelos do Banco Mundial, temendo que a lógica de “alavancagem financeira” desviasse o foco das vítimas da crise climática.

Climate Home e VBTC, entre outros, trataram dos avanços nas tratativas sobre a operação do Fundo de Resposta a Perdas e Danos.

  • Em tempo: Paul Kabai e Pabai Pabai, anciãos das ilhas do Estreito de Torres, enfrentam o governo australiano em um caso histórico, podendo definir o futuro de suas comunidades ameaçadas pela crise climática. Com praias em desaparecimento, cemitérios alagados e tradições se esvaindo com o avanço do mar, os líderes buscam na Justiça uma ordem para que o país adote medidas concretas - incluindo cortes drásticos de emissões. A decisão, esperada para esta semana, não é apenas sobre paredões de contenção ou metas climáticas, mas sobre evitar que um povo inteiro seja arrancado à revelia de seu território. A reportagem é do Guardian.

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