
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, reconheceu que os preços de hospedagem em Belém têm desviado o foco da mensagem central do evento – a luta contra a crise climática. Ainda assim, segundo ele, a organização da cúpula e as instâncias de governo encontrarão soluções para evitar um esvaziamento do evento, inclusive entre atores da sociedade.
“A partir do momento que a questão [da hospedagem] provocou reações formais dos países, naturalmente há impacto nas negociações. Para ter conferência, preciso ter delegados”, disse Corrêa do Lago à Folha. Segundo ele, as diárias em hotéis são motivo de insatisfação geral e o único ponto ligado à logística da capital paraense que ainda não teve uma “evolução satisfatória”.
Em entrevista à jornalista Míriam Leitão (O Globo), a diretora-executiva e CEO da COP30, Ana Toni, também admitiu os impactos negativos do problema da hospedagem nas negociações climáticas. Mas, no mesmo sentido de Corrêa do Lago, ela assegurou que o governo fará todo o necessário para garantir uma COP inclusiva e com ampla participação.
Mesmo frente à ameaça de alguns países não virem a Belém por causa da hospedagem, o ministro das Cidades, Jader Filho, engrossou o coro dos que descartam transferir a COP30 para outra cidade, informa a VEJA. Para o ministro, o Parque da Cidade, sede dos debates, será entregue antes do prazo, e as obras de saneamento e mobilidade urbana ficarão prontas a tempo.
A ONU convocou uma reunião para discutir os preços da hospedagem em Belém, enquanto o Departamento de Salvaguarda e Segurança do organismo aprovou os planos de segurança, saúde e mobilidade apresentados pela União, pelo governo do Pará e a prefeitura de Belém para a conferência. A comitiva esteve na capital paraense por três dias na semana passada e realizou inspeções nos locais-sede da COP30. Agência Brasil, Exame e Pará Terra Boa deram mais informações.
Já na seara das negociações propriamente ditas, um ponto de interrogação importante está nas novas metas climáticas dos países sob o Acordo de Paris, atrasadas desde fevereiro. A ONU definiu o mês de setembro como novo prazo para a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). No entanto, como o Jornal Nacional (TV Globo) observou, apenas 27 das quase 200 nações signatárias do acordo o fizeram. Entre os atrasados, estão gigantes como China, Índia, União Europeia, Rússia, Austrália e México.
Herança maldita da COP29, o financiamento climático também está nos holofotes da COP30. O montante de US$300 bilhões por ano acordado em Baku no ano passado passa longe do US$1,3 trilhão requerido. Enquanto isso, um estudo da coalizão britânica Tax Justice Network estimou que a taxação dos 0,5% mais ricos poderia mobilizar até US$2,1 trilhões por ano, informou a Central do COP do Observatório do Clima n’O Globo.
Em tempo: O Portal da Transparência do governo federal terá uma página especial com informações sobre os recursos federais utilizados na preparação da COP30, anunciou a Controladoria-Geral da União (CGU) na 6ª feira (8/8). O objetivo é divulgar de forma transparente os investimentos públicos e obras de infraestrutura em Belém, segundo o Correio Braziliense. O detalhamento de repasses para a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) feitos pelo projeto de cooperação internacional e os dados de execução por parte da OEI – que gerou polêmica há alguns meses – são algumas das informações que podem ser consultadas.



