Rumo à COP30: juristas propõem tribunal internacional de Justiça Climática

A proposta seria uma resposta à ausência de mecanismos jurídicos eficazes para responsabilizar governos e empresas por crimes climáticos.
9 de abril de 2025
cop30 tribunal internacional justiça climática
Ascom/MPPA

Juristas e especialistas se reuniram nesta semana em Belém (PA) para discutir a responsabilização de governos e empresas por crimes ambientais. A Conferência de Alto Nível sobre Segurança Humana e Justiça Climática, realizada pelo Comitê Permanente da América Latina para Prevenção do Delito (COPLAD) integrante da ONU, em parceria com o Ministério Público do Pará (MP-PA), apresentou uma série de proposições que serão levadas à Assembleia Geral da ONU e aos negociadores da COP30.

Entre as propostas, está a criação de um tribunal internacional de Justiça Climática, com sede na Amazônia. Batizado de Tribunal Climático Internacional, o órgão teria atribuição de decidir sobre “controvérsias, riscos, crises, desastres, calamidades e desafios inerentes ao meio ambiente, à segurança humana e às variedades de ecossistemas que compõem a biodiversidade”.

Como Um Só Planeta destacou, a ideia foi defendida pela ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e pelo advogado-geral junto à Suprema Corte da França, Gilles Charbonnier, como uma resposta à ausência de mecanismos jurídicos eficazes para responsabilizar governos e empresas por crimes ambientais.

“A violência ambiental afeta toda a Humanidade. Mas hoje, nem a Corte Internacional de Justiça nem o Tribunal Penal Internacional têm competência para julgar adequadamente crimes contra o planeta”, explicou Andrighi. “É necessário garantir proteção jurisdicional ao meio ambiente, com um tribunal próprio para isso”.

Para Charbonnier, o Tribunal Climático Internacional deve ser sediado na Amazônia, como símbolo da importância da maior floresta tropical do planeta para o equilíbrio do clima global. “Se queremos proteger a floresta e os Povos da Floresta, a corte precisa estar próxima de quem é afetado”, defendeu o advogado francês, que sugeriu também um formato mais “flexível” para o funcionamento do futuro tribunal.

Além da criação do tribunal, o documento final da Conferência, batizado de “Declaração de Belém”, também sugere o reconhecimento jurídico do Direito da Natureza e do viver bem em harmonia com o meio ambiente, o fortalecimento da atuação do sistema de Justiça frente à emergência climática, além da criação de um plano de segurança ambiental plural para transição ecológica. O Pará Terra Boa destacou os principais pontos da declaração.

  • Em tempo 1: Diplomatas estrangeiros demonstraram incômodo com uma sugestão do Itamaraty para os negociadores compartilharem quartos durante a COP30 em Belém. Segundo Letícia Casado no UOL, a ideia teria sido apresentada durante uma reunião com missões diplomáticas em Brasília sobre as questões logísticas do evento. Um dos obstáculos é a persistência dos altos preços de hospedagem na capital paraense, o que está forçando uma redução das delegações que serão enviadas à cidade em novembro. Já o governo brasileiro ressaltou que haverá opções de hospedagem a todos os participantes.

  • Em tempo 2: Outra polêmica é a questão do convênio de R$ 480 milhões firmado entre o governo federal e a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) para a organização da COP30. A entidade está conduzindo as licitações para a montagem da infraestrutura específica para a negociação, mas a principal dúvida está nos valores dos futuros contratos, em especial na estimativa de custos. A Folha apontou um desses enroscos, com garrafas d'água de 500 ml cotadas a R$ 17,50 cada. Segundo a Secretaria Extraordinária para a COP30 (SECOP) vinculada à Casa Civil, os valores são apenas estimativas utilizadas para definir o montante do projeto de cooperação". Outro enrosco, também abordado pela Folha, está nas próprias licitações: empresas que participaram dos certames acusaram concorrentes de oferecer propostas fictícias, com preços muito abaixo da referência, sugerindo que os valores deverão ficar mais altos com futuros aditivos contratuais.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar