Mulheres e indígenas buscam espaço nas negociações da COP30

Mulheres e indígenas buscam espaço nas negociações da COP30
28 de setembro de 2025
cop30 marcha mulheres indígenas
Agência Pública

Mulheres indígenas, quilombolas e periféricas travam uma batalha dupla: contra a crise climática, que afeta seus cotidianos, e pela inclusão em espaços de poder que historicamente as silenciaram. Mesmo sendo as mais impactadas pelas mudanças do clima e líderes das ações de cuidado com o território, elas são minoria nos espaços de decisão globais, destaca a Agência Pública.

Essa desigualdade também se reflete nas posições de maior liderança. Em 28 edições das COPs, apenas cinco mulheres chegaram à presidência do evento. Enquanto países nórdicos e da União Europeia apresentam delegações mais próximas da paridade, outras nações ainda mantêm uma participação majoritariamente masculina.

Esse cenário, infelizmente, não se alterou na COP30. Elas chegam a Belém como portadoras de saberes ancestrais e soluções práticas, desafiando um sistema machista. Sua luta revela o paradoxo central deste encontro global: como discutir o futuro da Amazônia sem ouvir aquelas que sempre a mantiveram de pé?

O mesmo vale para os Povos Indígenas. A CNN Brasil destaca que a 1ª Conferência da ONU sobre o Clima na Amazônia deverá mobilizar Povos Originários de diversos países. Mas a crise da hospedagem em Belém que afetou delegações de países fez o mesmo com os indígenas. Por isso, a presença na COP30 será 50% menor que o previsto pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB): serão 3 mil indígenas presentes, antes os 6 mil previstos.

 A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse n’O Globo que trabalha para que a conferência em Belém tenha a maior e melhor participação indígena da história das COPs. “Falar em COP na Amazônia sem representatividade indígena é fazer de conta. Estamos trabalhando para que haja reconhecimento dos Territórios Indígenas e das florestas como medidas eficazes de mitigação da crise climática”, frisou a ministra.

Sonia contou ainda que a sociedade civil está animada para a COP30. Mas a questão da hospedagem em Belém continua sendo um problema, admitiu o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, já que os preços caíram, mas continuam altos. “Isso tem impacto sobre a oferta de apartamentos, num momento em que há enorme interesse de participação de empresas, universidades e sociedade civil. O mundo está olhando para Belém e não podemos perder essa ocasião”, disse ao RFi.

O presidente Lula deve ir à capital do Pará nesta semana para acompanhar as obras para a conferência, informa o Metrópoles. Além de inaugurar estruturas já prontas, Lula visitará as estruturas de hospedagem que estão sendo instaladas para o evento.

  • Em tempo: O governo federal comemorou o evento promovido em conjunto com a ONU em Nova York para receber as metas climáticas (NDCs) dos países e cobrar aqueles ainda em débito. Mas a Central da COP lembra n’O Globo que as NDCs deveriam ter sido entregues em fevereiro, e apesar da ONU ter dado um novo prazo (final de setembro), muitos países não o cumprirão, caso da União Europeia, um dos maiores emissores do planeta. “Foram pouquíssimos os países a cumprirem o mínimo compromisso de respeitar o prazo para apresentação das NDCs. Por tudo isso, nada será mais importante para a avaliação dos resultados daquilo que foi alçado por Lula ao pedestal de “COP da Verdade”, do que a síntese dos compromissos que vierem a ser oficializados pelas partes mediante as suas novas NDCs”, reforçou José Eli da Veiga no Valor.

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