Com previsão de tempestades até domingo, RS decreta calamidade pública

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Por g1 RS/Reprodução

Rio Grande do Sul vive sua 5ª emergência climática em menos de 1 ano, e governador Eduardo Leite diz que tragédia atual é a pior.

As chuvas não dão trégua ao Rio Grande do Sul, e o estado vê o número de mortos e cidades atingidas aumentar a cada dia. Para piorar, as previsões meteorológicas indicam que as tempestades devem continuar atingindo o território gaúcho até domingo, chegando também à vizinha Santa Catarina.

Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Brigada Militar contabilizaram 24 mortes em decorrência das chuvas extremas de 2ª feira (29/4) até a manhã de quinta (2/5), informa o g1, com 21 pessoas ainda desaparecidas. De acordo com a Defesa Civil, quase 70 mil pessoas foram atingidas pelos efeitos do mau tempo, das quais 15 mil estavam fora de casa – 5.000 em abrigos e 10.000 desalojados.

Ao todo, 147 cidades gaúchas registraram transtornos como inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra. As áreas mais atingidas são as regiões Central, dos Vales, Serra e Metropolitana de Porto Alegre.

A barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho, no rio das Antas, entre Cotiporã e Bento Gonçalves (RS), colapsou na tarde de quinta, relatam UOL e CNN. O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, conclamou a população da cidade a sair o mais rápido possível de suas casas. A expectativa, segundo ele, era que o rio subisse de 2 a 4 metros por causa do colapso da barragem.

Já o rio Taquari bateu a marca de 30 metros de cheia pela primeira vez em sua história, de acordo com a CNN. O número foi registrado nas cidades de Lajeado e Estrela, que ficam localizadas no Vale do Taquari. A região foi duramente atingida por chuvas extremas em setembro do ano passado.

Diversos municípios estão isolados em decorrência da queda de pontes e destruição de estradas. Diante disso, o governador Eduardo Leite decretou calamidade pública na noite de 4ª feira (1º/5), informam Carta Capital, Metrópoles, Estadão e g1, e pediu auxílio do governo federal para a operação de busca pelos desaparecidos e resgate dos isolados.

O presidente Lula e ministros foram na manhã de quinta a Santa Maria, cidade fortemente atingida pelos temporais, onde se reuniram com Leite. Após o encontro, Lula prometeu liberar verbas para o estado. Também anunciou que na próxima semana o governo federal lançará uma modalidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltada para obras em encostas, que evitem desmoronamentos e outros desastres do tipo, de acordo com o Estadão.

O governador disse que a tragédia das fortes chuvas que afetam o estado será pior do que a que atingiu o estado em setembro de 2023, destacam UOL, Valor e CNN. “[Em setembro do ano passado] tivemos uma enxurrada, mas, em seguida, o tempo deu condição de entrar em campo para fazer socorro, resgate e salvar centenas de vidas naquelas condições. Neste momento estamos tendo muitas dificuldades operacionais para colocar as equipes em campo”, disse, acrescentando que, devido ao quadro, o número de mortes deve aumentar.

O Metrópoles lembra que esta é a 5ª emergência climática que atinge o Rio Grande do Sul desde junho do ano passado. Em 2023, foram 4 situações do tipo. De acordo com a Defesa Civil gaúcha, foram 81 vidas perdidas em decorrência dos eventos adversos, como tempestades e inundações.

Um ciclone atingiu diversos municípios gaúchos em junho de 2023. Mais de 2 milhões de pessoas foram atingidas, com cerca de 3 mil pessoas desabrigadas e cidades destruídas, com queda de pontos e encostas. Outros três eventos extremos, como chuvas intensas e enchentes, foram registrados de julho a dezembro. As tempestades deixaram rastro de destruição por onde passaram, com casas destruídas, ruas interditadas e pessoas sem ter onde morar.

As tempestades que castigam o Rio Grande do Sul são extraordinárias, disse à Folha a meteorologista Estael Sias, sócia-diretora da MetSul. “É um volume excepcional. É uma época em que estão previstas frentes frias, ciclones extratropicais e é esperada bastante chuva, mas o que choveu nestes últimos dias representa de duas a três vezes a média histórica deste período.”

A meteorologista editora-chefe do Climate Change Channel, Ana Lúcia Frony, apontou o El Niño como um dos responsáveis por essa excepcionalidade. Apesar de estar em seu ciclo final, o fenômeno ainda exerce influência no clima. Mas as mudanças climáticas também têm um papel significativo, intensificando os sistemas meteorológicos, frisa o Valor.

Folha, g1, Poder 360, Climatempo, g1 e NSC também repercutiram as chuvas.

 

 

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ClimaInfo, 3 de maio de 2024.

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