“Todo mundo vai precisar entender (as mudanças climáticas) da mesma forma que você assumiria que hoje todos precisam ter alguma fluência em redes sociais ou que todo mundo seria capaz de usar um computador 20 anos atrás.”
Andrew Winston, autor do livro The Big Pivot: Radically Practical Strategies for a Hotter, Scarcer, and More Open World (“O Grande Pivô: Estratégias Práticas Radicais para um Mundo Livre Mais Aberto, Quente e Com Menos Recursos”, em tradução livre).
Não é uma profecia, mas uma realidade. Ao reconstruir suas estações de tratamento de esgoto, Miami está deslocando-as para terrenos mais altos e menos susceptíveis a inundações. Estacionamentos de carros já estão sendo planejados com estruturas contra inundação. Aqui no Brasil, estamos sofrendo com as cada vez mais freqüentes baixas dos reservatórios que nos abastecem de água e energia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que as mudanças climáticas causarão 250 mil mortes a mais por ano entre 2030 e 2050, mas a recente epidemia de zika já foi exacerbada por causa do clima mais quente.
Não é só o clima local que nos afeta. Por conta da globalização das cadeias produtivas, somos afetados também pelo que acontece em lugares distantes. Recentemente, vimos o preço da gasolina subir nas bombas brasileiras por causa do furacão que devastou o Texas.
O Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, que é baseado em análises de 750 especialistas, concluiu que quatro dos cinco maiores riscos enfrentados pelo mundo em 2017 em termos de impacto em potencial são relacionados ao clima: acontecimentos climáticos extremos, crises de água, desastres naturais de grande escala e fracasso no abrandamento e na adaptação às mudanças climáticas.
Desastres causados por eventos climáticos, como secas e furacões, já estão afetando bolsos e seguradoras. Não por acaso, a pedido do G20, uma força tarefa divulgou recomendações para que agentes financeiros divulguem os riscos climáticos aos quais seus ativos estão expostos e como eles são gerenciados.
Apesar do tamanho do desafio, há poucos profissionais capacitados a incorporar padrões climáticos em seu trabalho, segundo Daniel Kreeger, diretor-executivo da ONG ACCO-Association of Climate Change Officers (Associação Empresarial de Mudanças Climáticas, em tradução livre). Um dos exemplos que ele dá é na engenharia civil: “Nós não esperamos inundações monstruosas e então seca por seis meses. Logo, nossos sistemas não estão equipados para lidar com grandes temporais. Quando esses parâmetros mudarem, você precisará de uma mão de obra para lidar com essas mudanças. Nossos engenheiros civis não foram treinados para lidar com mudanças climáticas. Nossos planejadores urbanos, nossos administradores de cidades, nossos arquitetos. Ninguém aprendeu essas coisas.”
Em alguns casos, o desafio é criar novas competências: as mudanças climáticas estão nos forçando a adotar energias renováveis como a solar, o que tem aumentado a demanda nesses setores. Em um sistema britânico de busca por empregos, as ofertas em renováveis saltaram de 32,9% no primeiro trimestre de 2014 para 51,5% no mesmo período de 2017. Essa demanda será turbinada também pelo compromisso de grandes corporações, como Unilever, Coca-Cola, Ikea e Walmart, de ter 100% de energia renovável.
O interesse corporativo na contenção das mudanças climáticas também é, obviamente, devido à preocupação com a saúde econômica do planeta. Um estudo de 2016 apontou que o simples efeito do aumento das temperaturas sobre a produtividade dos trabalhadores, especialmente em climas quentes como na Ásia ou na África, pode custar mais de US$ 2 trilhões (R$ 6,3 trilhões) à economia global até 2030.
Mais informações podem ser obtidas nesta matéria da BBC, traduzida para o português pela BBC Brasil: http://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-40728180