#ClimaInfo, 5 de outubro de 2017

5 de outubro de 2017

PF DESMONTA OPERAÇÃO DE VENDA ILEGAL DE MADEIRA DA AMAZÔNIA

 

A Polícia Federal deflagrou uma operação para desmontar uma quadrilha que atuava na Amazônia, desmatando e retirando madeira de valor para exportação. Estima-se que os danos ambientais somam quase R$ 1 bilhão. A quadrilha operava em Uruará, Placas, Rurópolis, Santarém, Castelo dos Sonhos e Altamira, no Pará, mas estava baseada no Paraná e em Santa Catarina. Usando guias falsas, legalizavam a madeira que era exportada para os EUA, Panamá, Argentina, França, Reino Unido, Alemanha, Emirados Árabes Unidos e para a Coreia do Sul.

 

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-deflagra-operacao-no-para-contra-fraudes-de-quase-r-1-bi-na-floresta/

https://g1.globo.com/pa/para/noticia/operacao-da-policia-federal-combate-a-extracao-ilegal-de-madeira-em-terra-indigena-no-pa.ghtml

 

TEMER QUER AUTORIZAR O ARRENDAMENTO DE TERRAS INDÍGENAS PARA AGRICULTORES

 

O governo deve soltar mais uma medida provisória problemática, desta vez autorizando o arrendamento de terras indígenas para produtores rurais. Mais uma vez nota-se o esforço da bancada ruralista para regularizar o roubo de terras públicas. A desculpa é que a prática já existe para as atividades de mineração, sendo que os ruralistas querem somente estender a possibilidade para a agricultura. Um dos personagens ativos nessa negociação é o deputado ruralista Heinze, quem busca regularizar terras indígenas por ele ocupadas há tempos: “essa situação de arrendamento já existe na prática em algumas regiões do país. O que queremos é regulamentá-la”. Heinze disse que os índios sairão ganhando porque hoje não recebem nada pela terra, acrescentando uma boutade: “que fique bem claro que seja para toda tribo e não só para alguns índios”. Fica a impressão que ele encontrou uma desculpa para não pagar nada. Obviamente, ninguém perguntou para os índios o que eles acham a respeito. O Greenpeace soltou uma nota denunciando mais esse mau passo do presidente.

 

http://www.canalrural.com.br/noticias/noticias/temer-vai-permitir-arrendamento-terras-indigenas-para-producao-agricola-69207

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,governo-prepara-medida-provisoria-para-arrendar-terras-indigenas-ao-agronegocio,70002027426

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Temer-pode-liberar-exploracao-agropecuaria-em-terras-indigenas/

 

PECUÁRIA CERTIFICADA DO PANTANAL

 

Ontem, a jornalista Daniela Chiaretti escreveu no Valor Econômico sobre a certificação desenvolvida pela ABPO (Associação Brasileira de Produtores Orgânicos) e o WWF que se aplica à pecuária orgânica. O trabalho vem sendo feito desde 2011, tomou forma em 2014 e se expandiu desde então. Os requisitos principais são:

 

  • Rastreabilidade. Todos os animais têm identificação individual e o sistema guarda as informações relativas a idade, raça, fazenda, tipo de nutrição etc;
  • Não usar nenhum produto químico no solo ou no trato dos animais; e
  • O produtor pode fornecer grãos aos animais, desde que certificados e não transgênicos.

 

Além disso, o frigorífico deve seguir regras específicas para abate, acondicionamento e embalagem das carnes orgânicas. O principal parceiro na comercialização é a Korin.

http://www.valor.com.br/agro/5143950/certificado-valoriza-pecuaria-do-pantanal#

http://www.organicsnet.com.br/2014/12/carne-sustentavel-do-pantanal-chega-ao-mercado-brasileiro/

 

AS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA FORAM AS QUE MAIS CRESCERAM NO MUNDO EM 2016

 

A IEA (agência internacional de energia) publicou seu relatório anual com projeções até 2022, reafirmando a tendência de crescimento das renováveis no mundo todo. No ano passado, pela primeira vez, a fonte que mais cresceu foi a fotovoltaica, que aumentou sua capacidade instalada em 5O%, puxada, principalmente, pela expansão dos painéis na China. A IEA prevê que a fotovoltaica vai continuar a crescer mais do que as outras fontes. As eólicas cresceram menos do que em 2015, em função do arrefecimento do boom que tiveram na China naquele ano.

 

Nos EUA, a fotovoltaica também foi a fonte de energia que mais cresceu em 2016, mas o relatório é cauteloso por conta da insegurança vinda das mudanças regulatórias e tarifárias do carbonífero Trump.

 

A Índia viu as tarifas das fotovoltaicas despencarem e ficarem competitivas com o carvão. A tendência, se os painéis chineses mantiverem o ritmo de queda de preços, é que as renováveis cheguem a representar 90% da expansão da capacidade indiana.

 

Na Europa, a demanda deve crescer mais devagar do que no período anterior e, somando-a com a sobrecapacidade existente, a perspectiva de crescimento das renováveis vai ficar abaixo das do resto do mundo.

 

O relatório lança um alerta sobre a necessidade de aperfeiçoar a integração das redes para dar conta da intermitência das renováveis entrantes. E não vê nada muito excepcional acontecendo no mundo dos transportes até 2022. A penetração dos elétricos, segundo eles, começará a ficar relevante bem mais à frente.

 

Em tempo: o carbonífero é o período geológico entre 300 e 360 milhões de anos atrás. Em que pese seu esforço troglodita, não consta que Trump tenha nascido naquela época.

 

https://www.iea.org/media/publications/mtrmr/Renewables2017ExecutiveSummary.PDF

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/04/solar-power-renewables-international-energy-agency

http://mashable.com/2017/10/04/solar-power-growth-beating-expectations-trump-coal/#629G7HLB_5qi

 

A REVOLUÇÃO DA ENERGIA RENOVÁVEL

 

Um estudo do IEEFA (Instituto para a Economia e Análise Financeira da Energia) entende que a velocidade da expansão das renováveis é disruptiva e que continua a surpreender muitos analistas. Mas assinala que ainda vai levar mais tempo para que elas dominem a geração de eletricidade. O fato é que as renováveis estão puxando os preços da eletricidade para baixo. E estão forçando o surgimento de novos modelos de negócio que substituirão a estrutura verticalizada, e em muitos casos monopolista, que caracteriza o setor elétrico em todo o mundo. O estudo aponta ainda que, na Europa, empresas do setor correm o risco de perdas financeiras grandes se tentarem manter ativos fósseis em seu portfólio. O trabalho conclui afirmando que “os mercados de eletricidade no futuro serão dominados pelas fontes renováveis”.

 

http://ieefa.org/wp-content/uploads/2017/10/IEEFA-Global-Utilities-in-Transition-11-Case-Studies-October-2017.pdf

 

CARROS ELÉTRICOS NA CHINA

 

Metade dos veículos elétricos puros é vendida na China, o que é puxado  por políticas fortes e subsídios que estão dando um ritmo forte para a transição dos fósseis. Um artigo do Wall Street Journal mostra que o governo está bancando fabricantes, atraindo compradores locais com subsídios e instalando uma enorme rede de estações de recarga. A meta é instalar 4,8 milhões de estações nos próximos dois anos. E mais, em cidades muito congestionadas, o governo só libera placas novas para veículos elétricos. Em outra frente, o governo vai obrigar fabricantes estrangeiros a produzirem elétricos se quiserem permanecer no mercado chinês. Lembrando que a China compra um terço dos automóveis fabricados no mundo, fica cada vez mais claro que a mudança para os elétricos já não tem mais volta.

 

https://www.wsj.com/articles/china-with-methodical-discipline-takes-global-lead-in-electric-cars-1506954248

 

CARROS ELÉTRICOS DA GM

 

Demorou, mas a GM anunciou que seu futuro é elétrico. A empresa pretende lançar dois modelos 100% elétricos no ano que vem e pelo menos outros 18 nos próximos cinco anos. A direção da empresa evitou colocar uma data para o fim dos carros movidos a combustíveis fósseis, dizendo que a transição vai acontecer em tempos diferentes para mercados e regiões diferentes. Os novos modelos serão parte à bateria, parte à célula de combustível. A reação da GM vem por conta das iniciativas de governos europeus que vêm colocando uma data final para venda de veículos fósseis e, por outro lado, o gigantesco mercado chinês que se eletrifica. A preocupação maior é com a lucratividade dos elétricos, já que ainda é cedo para resultados expressivos, mas a GM diz que “a próxima geração será lucrativa. Ponto final”.

 

https://www.wired.com/story/general-motors-electric-cars-plan-gm

 

ANDAR DE GRAÇA DE CARRO ELÉTRICO PODERÁ SER POSSÍVEL COM O ALUGUEL DA BATERIA PARA A CONCESSIONÁRIA

 

A concessionária de eletricidade OVO, que opera em Bristol, no Reino Unido, é uma das bem-sucedidas pequenas utilities que foram aparecendo no mercado. Hoje tem cerca de 680 mil consumidores.  A empresa lançou uma nova promoção para quem tem ou vai comprar um carro elétrico: a OVO compra a energia que usar quando o carro estiver conectado. Se a bateria estiver descarregada, ela vende energia para o consumidor. Quando a bateria estiver carregada, e se a OVO estiver precisando de energia, ela consome e compra a energia de volta. Como a transação é feita em dinheiro e a maioria dos carros particulares ficam parados 90% do tempo, a OVO estima que muitos consumidores acabarão por rodar de graça. A concessionária está de olho nas baterias durante o horário de ponta de demanda, quando há um pico de consumo e as geradoras que vendem energia cobram bem mais caro. Carros parados nesses momentos podem significar uma economia razoável para a OVO que quer dividir o resultado com seus consumidores. Outra promoção da empresa é fruto de uma parceria com a Nissan para instalar baterias residenciais para quem tem um fotovoltaico no telhado e concorrer com a PowerWall da Tesla.

 

https://amp.theguardian.com/business/2017/oct/02/electric-car-battery-savings-nissan-leaf-ovo

 

PESQUISA DE MERCADO MOSTRA QUE A POSSE DE UM CARRO EFICIENTE TENDE A LEVAR A OUTRO MAIOR E MENOS EFICIENTE

 

Uma pesquisa feita pelas universidades americana de Davis e Yale e, também, pelo MIT, teve um resultado surpreendente: nos EUA, as famílias que têm um carro pequeno e econômico tendem, ao adquirir um segundo carro, a escolher um grandalhão e beberrão como compensação pelo esforço de ser econômico. Claro que o carro grande acaba com as economias ganhas com o primogênito menor. O estudo estima que essa compensação liquide com 60% da economia de combustível que se conseguiu com o primeiro carro.

 

A constatação cria um problema para a interpretação da eficácia de políticas públicas e regulações para definição de padrões de economia de combustíveis, como um “selo Procel” para carros. Melhor seria investir mais esforços em campanhas para melhorar o tráfego, apoiar carros elétricos e para, simplesmente, que se dirija menos.

 

https://cleantechnica.com/2017/10/01/households-buy-fuel-efficient-cars-tend-purchase-second-larger-vehicle-thereby-losing-fuel-economy-benefits/

 

 

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