ClimaInfo, 23 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

APRENDENDO A OPERAR UM SISTEMA ONDE METADE DA ENERGIA GERADA É EÓLICA

O setor elétrico está usando a situação atual do subsistema Nordeste para aprender a planejar e a operar um sistema no qual as eólicas já geram mais da metade da eletricidade. É o que mostra um artigo da jornalista Daniela Chiaretti para o Valor Econômico.

Até há pouco, o Operador Nacional do Sistema Elétrico tinha total controle sobre um sistema baseado em reservatórios grandes e termelétricas que ficavam ligadas a maior parte do tempo. Com as eólicas, as hidrelétricas sem reservatório e, em breve, as fotovoltaicas, ter vento, sol ou água no rio não depende da vontade do ONS e ele está aprendendo a operar nessas condições.

Tanto o ONS como a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) participam de grupos de trabalho internacionais onde discutem e trocam experiências sobre sistemas elétricos cada vez mais dependentes do sol, do vento e da hidrologia.

Para quem quer acompanhar, o ONS deu uma incrementada no seu website no qual é possível acompanhar diariamente – ou ao longo de períodos mais longos – como o sistema brasileiro como um todo – e seus subsistemas Sul, Sudeste-Centro Oeste, Nordeste e Norte – estão operando, o estado dos reservatórios e a participação de cada fonte de geração na matriz.

http://www.valor.com.br/brasil/5161278/em-meio-seca-vento-move-mais-de-50-da-energia-no-nordeste#

https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2017/07/50-da-producao-de-energia-nordeste-mes-de-junho-veio-de-usinas-eolicas/32134

http://www.ons.org.br/pt/paginas/energia-agora/carga-e-geracao

 

AS VÁRIAS CRISES DO SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL

Na semana passada, uma série de artigos foi publicada sobre a grave crise jurídica que atinge o sistema elétrico nacional, com centenas de processos na justiça, envolvendo praticamente todos os principais atores e somando dezenas de bilhões de reais. Siglas como GSF, MRE e outras fazem parte do léxico dessa crise que está obrigando a mais uma mudança nas regras do jogo. Como bem comentou Sérgio Leitão (Instituto Escolhas) na semana passada, não há sistema que fique em pé tendo que caminhar para sua quarta reestruturação desde as privatizações da década de 90.

Um decreto de 2012 desequilibrou o sistema de alocação de riscos do sistema e, a cada tentativa de conserto, pior fica o soneto. Os artigos de Pietro Erber, do INEE (Instituto Nacional de Eficiência Energética), e o que saiu no Valor, escrito por Joisa Dutra, Gustavo Kaercher e Lívia Amorim, explicam a sequência dos eventos e a judicialização que travou o sistema.

O que desapareceu dos trabalhos, artigos e documentos, é a tremenda conta que os consumidores já pagaram e vão continuar pagando como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Na 6a feira, gente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) disse que o atual sistema de bandeiras não está cobrindo os custos das térmicas que hoje em operação. O sistema está sendo novamente revisto. A nova revisão deve elevar os preços mais uma vez e entrar em vigor o mais rapidamente possível.

http://www.inee.org.br/informacoes_imprensa_artigo.asp

http://www.valor.com.br/opiniao/5162692/o-mosaico-do-risco-hidrologico-e-seus-impactos-no-mercado

http://www.valor.com.br/opiniao/5159772/e-urgente-rever-o-risco-hidrologico

http://www.jornalfloripa.com.br/mundo/noticia.php?id=44970303

 

PRÉ-SAL COMPETE EM CUSTO COM ORIENTE MÉDIO

A tecnologia de extração de petróleo do pré-sal brasileiro avançou mais rápido do que previsto e a Petrobrás já opera poços competitivos na faixa de US$ 30 a US$ 40 o barril. Até agora, em 2017, o preço de referência internacional variou entre US$ 45 e US$ 55. O preço de equilíbrio do barril extraído dos poços do Oriente Médio está na faixa entre US$ 20 a US$ 40. O pré-sal, portanto, já compete com a faixa alta do petróleo do Oriente Médio.

Na 6a feira (27), a Agência Nacional do Petróleo vai leiloar oito áreas do pré-sal em duas rodadas: uma das rodadas leiloará áreas onde se tem certeza da existência de petróleo; e a outra, áreas onde não se sabe ao certo. O leilão atraiu 15 das grandes petroleiras mundiais incluindo Statoil, Shell, ExxonMobil, Petronas, Total, Repsol, BP, as chinesas CNOOC e CNODC e, claro, a Petrobrás.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pre-sal-ja-compete-com-oriente-medio,70002055332

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41683375

 

TEMER E OS 200 RURALISTAS ACELERAM A VOLTA AO PASSADO

Na esteira da portaria que dificulta o combate ao trabalho escravo, Josias de Souza escreveu no seu blog no UOL sobre Temer e seus retrocessos: “O que assusta no governo Temer não é a sua crueldade… Temer avança ou recua segundo a moral da sobrevivência… Depois de serem despudoradamente assaltados por sucessivos governos, os mais de 200 milhões de brasileiros passaram a ser governados por 200 deputados da bancada ruralista da Câmara, cuja prioridade é escravizar Temer para levar o Brasil até o Século 16”.

Talvez Temer volte atrás também neste assunto, pois, além das pressões internas, as regras do comércio internacional são rigorosas contra o trabalho escravo e podem comprometer as exportações do agronegócio.

Temer assinou um decreto neste sábado dando até 60% de desconto nas multas por crimes contra o meio ambiente. O ministério do meio ambiente informou que o desconto será dado quando o infrator optar por converter a penalidade financeira em serviço serviços ambientais. Segundo a Agência Estado, a medida poderá agradar a bancada ruralista na Câmara dos Deputados às vésperas da votação em plenário da segunda denúncia criminal contra o presidente.

https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2017/10/21/sob-temer-200-ruralistas-presidem-200-milhoes/

https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/temer-assina-em-ms-decreto-que-transforma-multas-em-prestacao-de-servicos-ambientais.ghtml

http://www.valor.com.br/brasil/5162814/novas-regras-ameacam-exportacoes-agricolas-do-pais#

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/10/21/temer-da-desconto-de-60-em-multas-por-crimes-contra-o-meio-ambiente.htm

 

TRUMP AUMENTA O RISCO FINANCEIRO DA INDÚSTRIA FÓSSIL

Um artigo publicado na New Yorker trata de um paradoxo: ao defender o carvão e o petróleo norte-americanos, Trump e Pruitt estão inflando rapidamente uma bolha financeira que, se estourar, vai sugar bilhões de dólares dos fósseis e só não vai causar um enorme desemprego porque, segundo a autora Carolyn Kormann, toda a indústria do carvão dos EUA só tem cerca de 60 mil empregados.

Todo o problema gira em torno das reservas que correm o risco de perder seu valor na medida em que as matrizes energéticas dos países vão se direcionando para longe dos fósseis. Fundos de pensão, como o norueguês, companhias de seguros e outros grandes no mercado financeiro estão tirando os fósseis de seus portfólios de investimentos. Toda semana governos de países, estados e cidades anunciam datas para se descarbonizarem.

O que Trump e Pruitt estão conseguindo é, momentaneamente, dar esperança e aumentar o valor desses ativos. Mais um pouco e se verá que o tamanho do tombo aumentou. Menos, é claro, para quem tiver faro ou informações e se desfizer dos papéis antes da bolha estourar.

https://www.newyorker.com/tech/elements/theres-a-dangerous-bubble-in-the-fossil-fuel-economy-and-the-trump-administration-is-making-it-worse

 

COMITÊ EUROPEU AFIRMA QUE PRECIFICAR EMISSÕES É FUNDAMENTAL PARA A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

O Comitê de Política Econômica do Conselho de Economia e Finanças da União Européia declarou que políticas de precificação de emissões são fundamentais para a transição para uma economia de baixo carbono. O Comitê reitera a urgência do avanço nesta transição, inclusive alocando recursos para apoiar países em desenvolvimento em seus processos nacionais por meio dos mecanismos multilaterais criados para este fim.

O movimento prenuncia a posição da União Europeia no mês que vem na COP-23.

http://www.consilium.europa.eu/en/press/press-releases/2017/10/10-conclusions-climate-change/

https://waste-management-world.com/a/carbon-pricing-key-to-low-carbon-economy-say-eu

 

ARMAZENAMENTO DE VENTO: CUSTOS E MERCADOS ATÉ 2030

A Irena (sigla em inglês da Agência Internacional de Energia Renovável) publicou um estudo abrangente sobre o estado da arte do armazenamento de eletricidade, as baterias de lítio-íon (Li-íon), as de outros materiais e outras estratégias com o mesmo fim.

O retrato feito pela Irena, mostra que 96% do armazenamento está nas represas de hidrelétricas, inclusive as reversíveis, que bombeiam água de volta nos horários de baixo consumo. No entanto, o trabalho aponta para o aumento da quantidade e da capacidade dos sistemas de baterias, o que está reduzindo seus preços.

A principal bateria ainda é a de Li-íon, mas outras estão despontando comercialmente, como a de sódio-enxofre (NaS) em alta temperatura, conhecida como bateria de fluxo. Na Alemanha, por exemplo, o preço de um sistema doméstico de Li-íon caiu 60% nos últimos três anos. Estima-se que, em 2030, a capacidade instalada em baterias chegue a 175 GW enquanto a de reservatórios de hidrelétricas deve chegar a 235 GW.

Mesmo antes, novos modelos de negócio envolvendo as baterias de veículos elétricos devem deslanchar.

http://www.irena.org/DocumentDownloads/Publications/IRENA_Electricity_Storage_Costs_2017.pdf

https://www.greentechmedia.com/research/report/us-residential-battery-storage-playbook-2017

 

O POSSÍVEL OVO DE COLOMBO DO ARMAZENAMENTO DE ELETRICIDADE

Chris Goodall, da Carbon Commentary, diz que a conexão das baterias dos veículos elétricos (VEs) vai se tornar a maneira mais importante de equilibrar a rede elétrica. Pensando no Reino Unido, ele diz que um milhão de VEs (3% da frota) poderia fornecer até 10% da demanda de pico devolvendo para a rede elétrica a energia armazenada nos carros estacionados.

A ENEL quer tornar-se líder européia nesta área ainda incipiente. A empresa publicou detalhes de um projeto que desenvolve na Holanda em conjunto com a Mitsubishi e a New Motion, a empresa de pontos de carregamento de veículos elétricos agora de propriedade da Shell. No piloto, 10 pontos de carga irão carregar e descarregar 10 híbridos plug-in. A WPD do Reino Unido diz que começará um experimento semelhante no final deste ano.

Goodall avalia que esta opção é muito mais barata do que a instalação de novas baterias estáticas, já que as baterias dos EVs já foram compradas pelos proprietários dos EVs e, para estes, qualquer receita adicional vem sem custos adicionais.

https://www.carboncommentary.com/

https://www.automotiveworld.com/news-releases/mitsubishi-motors-implement-first-vehicle-grid-pilot-dutch-market-mitsubishi-outlander-phev/

 

RUMO À EXTINÇÃO DOS INSETOS ALADOS

Um trabalho publicado na semana passada na Plos One relata uma série de medições da quantidade de insetos e, em particular, da quantidade de espécies de insetos voadores em reservas naturais na Alemanha, anunciando que houve uma queda vertiginosa nas duas quantidades. Isto alarmou os cientistas. Um dos autores disse que “aparentemente estamos tornando inóspitas vastas extensões de terra para a maioria das formas de vida e elas estão na rota de um apocalipse ecológico. Se perdermos os insetos, então todo o resto entrará em colapso”. É provável que a razão desta mortandade seja a agricultura químico-intensiva combinada com a falta dos alimento que os insetos encontram nas reservas naturais, mas não nas plantações. Um dos cientistas mencionou uma ‘medição’ indireta dizendo que no último verão atravessou a França esperando que seu pára-brisa ficasse cheio de insetos mortos, o que não aconteceu.

http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0185809

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/18/warning-of-ecological-armageddon-after-dramatic-plunge-in-insect-numbers

https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2017/10/19/sumico-de-insetos-no-mundo-pode-causar-armagedom-ambiental-diz-pesquisa.htm

 

TUFÃO LAN AMEAÇA JAPÃO

Um enorme tufão deve atravessar o Japão durante o dia de hoje. Ontem a cobertura de nuvens alcançou 1.700 km, metade da extensão do país. Só o diâmetro do olho media quase 100 km. Tanto lá quanto na Coreia do Sul, pescadores foram proibidos de deixar os portos. Ontem, os ventos chegaram a 215 km/h, mas devem diminuir antes de atingirem a costa. O Lan já é considerado um dos maiores a passar pelo Pacífico oriental neste ano.

O Japão teve eleições para o parlamento neste domingo com uma vitória expressiva do atual primeiro ministro Shinzo Abe. O tufão não impediu milhões de japoneses de irem às seções de votação antes que o tempo ficasse realmente feio.

http://edition.cnn.com/2017/10/22/asia/typhoon-lan/index.html

http://mashable.com/2017/10/20/super-typhoon-lan-threatens-japan/