ClimaInfo, 08 de dezembro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

GOVERNO QUER SANCIONAR O RENOVABIO AINDA EM 2017
O polêmico programa de incentivo ao etanol, o RenovaBio, foi apresentado à Câmara dos Deputados no meio de novembro na forma de um projeto de lei, foi aprovado no final do mês e levado rapidamente ao Senado. Agora, seu relator no Senado, Fernando Bezerra Coelho informou que a votação do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos deve ocorrer já na próxima semana para depois seguir para o Plenário. O senador disse ainda que o objetivo é que a matéria seja votada e encaminhada à sanção do presidente Michel Temer antes do recesso de Natal.
O projeto enfrentou resistência dentro do próprio governo, principalmente da Fazenda preocupada com inflação e queda de arrecadação. Também houve críticas por reforçar o modelo de transporte individual no lugar do público. Em relação ao biodiesel, o RenovaBio só o incluiu formalmente. Talvez um dia ele passe a contar para valer.
https://www.folhape.com.br/economia/economia/combustivel/2017/12/07/NWS,51249,10,600,ECONOMIA,2373-RENOVABIO-PODE-SER-VOTADO-SENADO-PROXIMA-TERCA-FEIRA.aspx


A DEFESA DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA E DO ROTA 2030 PELO PRESIDENTE DA ANFAVEA

Antonio Megale, presidente da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) escreveu um artigo no Valor defendendo o programa do governo dando incentivos fiscais à indústria automotiva instalada no Brasil, o Rota 2030. Ele começa indicando que 4% do PIB nacional está ligado à fabricação de carros, ônibus e caminhões, seja nas montadoras, na cadeia de autopeças e em matérias primas. Ele escreve que “o programa trouxe um verdadeiro salto tecnológico nos veículos aqui produzidos e comercializados. A começar pela melhoria de 15,46% de eficiência energética”. O artigo não explica exatamente que a eficiência fiscal do InovarAuto foi de R$ 1,3 bilhão como uma espécie de contrapartida do investimento de R$ 40 bilhões em pesquisa e desenvolvimento que as empresas que aderiram ao programa fizeram no período. Novamente, sem explicar melhor em quais inovações a renúncia fiscal do InovarAuto foi decisivo. Megale ainda dá o exemplo do desenvolvimento do carro flex, sem explicar que tudo que foi feito no flex não precisou do InovarAuto. O Rota2030 prorroga a renúncia fiscal até 2030 – um período três vezes maior do que o InovarAuto. E é focado no automóvel, no transporte individual, no sentido contrário das tendências mundiais de privilegiar o transporte público e compartilhado. É novamente colocar o pouco dinheiro público a favor do aumento da desigualdade, do aumento da poluição e, coroando tudo, aumentando o aquecimento global.
http://www.valor.com.br//opiniao/5216319/o-que-se-quer-da-industria-automobilistica-no-brasil#


MOBILIDADE E AS ELEIÇÕES DE 2018
Estudo encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS) sobre mobilidade traz resultados animadores: três em cada quatro entrevistados reconhecem que os combustíveis fósseis têm impacto negativo na qualidade do ar e 69% entendem que a queima desse tipo de combustível contribui para as mudanças climáticas.  O levantamento também mostra que temas de mobilidade podem afetar as eleições de 2018.  De acordo com a pesquisa, 86% das pessoas disseram que votariam em um candidato que propusesse a recuperação de calçadas e praças, facilitando a locomoção a pé. Um total de 85% escolheria um candidato que propusesse a renovação da frota de ônibus e 84% dariam seu voto a quem propusesse a recuperação de ciclovias e ciclofaixas. Os resultados preliminares foram apresentados no Encontro Internacional sobre Descarbonização do Transporte, realizado em Brasília. A versão completa da pesquisa será divulgada nos próximos dias.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-12/brasileiros-estao-cientes-da-importancia-de-mudar-escolhas-de-transporte


ESTUDO MOSTRA IRRACIONALIDADE DA OCUPAÇÃO DO CERRADO
O IPAM foi a campo para ouvir produtores de fazendas de diferentes tamanhos e níveis médios de pluviosidade no Matopiba, região de Cerrado entre os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.  E descobriu que mais da metade desses produtores tiveram perda de produtividade nas últimas oito safras. Desses, mais da metade afirmaram que as causas são climáticas, como redução ou atraso do período chuvoso. Os dados integram um estudo que mostra que cerca de 5,6 milhões de hectares da área de agricultura anual da safra 2015/2016 no bioma, de 20,7 milhões de hectares no total, está localizada em áreas de médio ou alto risco produtivo, com clima e solo desfavoráveis à atividade.  Ou seja, boa parte da agricultura praticada no Cerrado, segundo maior bioma do Brasil e lar de 5% da biodiversidade do planeta, tem sido praticada de maneira irracional, estimulando o desmatamento e trazendo alto risco para o negócio.
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/574428-agricultura-no-cerrado-ignora-clima-e-viabilidade-economica

http://ipam.org.br/agricultura-no-cerrado-ignora-viabilidade-economica-e-riscos-climaticos-mostra-analise/


ESTUDO MOSTRA QUE ÁRVORES EMITEM MUITO METANO NA AMAZÔNIA
Um trabalho que acaba de ser publicado na revista Nature explica o balanço de metano na floresta amazônica. Até então, as medições por satélite indicavam o dobro de metano do que as medições feitas coletando amostras emitidas nas regiões sazonalmente alagadas na Amazônia. Na visão clássica, o solo e matéria vegetal abaixo da lâmina d’água sofre uma decomposição sem oxigênio gerando metano ao invés de dióxido de carbono. É basicamente o mesmo processo que acontece com a matéria orgânica em lixões e aterros. Só que, somando toda a área e estimando quanto metano borbulha até a superfície, dá metade do que é detectado pelos sensores de metano nos satélites. O estudo explica que as próprias árvores são condutores e dispersores de metano na atmosfera. Os pesquisadores instalaram medidores de metano na superfície da água, nos solos e em plantas que permaneceram expostas e, novidade, nos caules e folhas de árvores inundadas. Seus troncos e até parte da folhagem podem chegar a ficar até 10 m debaixo d’água. Eles também programaram voos quinzenais para monitorar as emissões de metano ao longo de toda a bacia do Amazonas. No total, foram feitas medições em mais de 2.000 árvores. Eles viram que as emissões variam significativamente entre espécies de árvores e ao longo do tempo. Extrapolando os resultados para toda a bacia Amazônica, estimam que as emissões fiquem entre 14 e 25 milhões de toneladas de metano por ano. Metade dessas emissões vieram da rota conhecida – decomposição anaeróbica de matéria orgânica abaixo da lâmina d’água. A outra metade veio dos troncos e caules das árvores. Em tempo, essas recém-descobertas emissões de troncos e caules são da mesma ordem de grandeza das estimativas feitas para as emissões de metano originadas nas represas das hidrelétricas da Amazônia. E nenhuma das duas faz parte dos inventários nacionais.
https://www.nature.com/articles/nature24639

https://www.carbonbrief.org/guest-post-trees-are-the-dominant-source-of-methane-emissions-in-amazon-wetlands

http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/Preprints/2015/Fearnside-Greenhouse_gas_Emissions_from_Dams-Wiley-Preprint.pdf


JUSTIÇA ALEMÃ ACATA DENÚNCIA DE FAZENDEIRO PERUANO CONTRA A RWE
No meio da COP23, saiu a notícia de que um fazendeiro peruano estava processando uma das maiores corporações de energia da Alemanha por que suas emissões estavam aumentando o aquecimento global e prejudicando sua lavoura. Era o primeiro caso dessa natureza onde os efeitos em uma parte do mundo são motivo de processo legal contra um emissor em outra parte. Na semana passada, a corte da cidade de Hamm no noroeste alemão acatou o pedido e vai ouvir a queixa de Saul Luciano Lliuya contra a RWE. Os juízes declararam que “pessoas agindo dentro da lei ainda devem ser responsabilizadas por danos causados à propriedade”. Após a audiência, a corte vai escolher especialistas para estimarem a responsabilidade das emissões da empresa nos danos que o aquecimento global causou à atividade de Saul. Abrir uma caixa de Pandora dessas pode ser o estopim para milhares de ações semelhantes.
https://www.theguardian.com/environment/2017/nov/30/german-court-to-hear-peruvian-farmers-climate-case-against-rwe


ESTUDO MOSTRA QUE PESSIMISTAS TENDEM A ESTAR CERTOS QUANTO AO FUTURO DO CLIMA
Um novo artigo de Patrick Brown e Ken Caldeira, da Carnegie Institution for Science, publicado pela Nature, indica que os pessimistas podem estar certos quando o assunto é a mudança do clima.  Segundo os autores, os modelos climáticos que projetam maiores quantidades de aquecimento neste século são os que melhor se alinham com as observações do clima atual. Para um cenário business-as-usual – no qual, por exemplo, um Congresso aprova subsídios trilionários à extração do petróleo – as temperaturas médias globais poderão subir de 3,2°C a 5,9°C em relação aos níveis pré-industriais, até o final do século. O estudo mostra uma chance de 93% de que o aquecimento global exceda 4°C até o final deste século nesse cenário.  Note que estamos falando de médias, ou seja, determinados pontos – como as zonas medianas dos continentes que ficam na faixa tropical – poderão experimentar elevações ainda mais cruéis.
https://www.ecodebate.com.br/2017/12/07/estimativas-do-modelo-climatico-mais-severo-podem-ser-as-mais-precisas/


XCEL APRENDE A PREVER OS VENTOS E FECHA SUAS TÉRMICAS A CARVÃO
A Xcel Energy é uma corporação na área de energia que está estudando os ventos de uma larga faixa no meio-oeste norteamericano, dos estados mais ao sul do Texas e do Novo México aos no extremo norte de Minnesota, Michigan e Wisconsin, onde está o grosso dos seus clientes. Ela fornece eletricidade para mais três milhões de norteamericanos e gás natural para quase dois milhões. Nos seus planos, está acrescentar 3 GW de eólicas até 2021. Esse movimento não é só quanto ao seu parque gerador, pois ele significa, também, conhecer o ritmo dos ventos para extrair o que pode e, por ser eficiente, implantar o plano de desligamentos de suas térmicas fósseis. O diretor da sua subsidiária Xcel Colorado declarou que “já estamos andando nessa direção há algum tempo. Acho que o passo lógico que acabamos de dar é a mudança do sistema, aposentar o carvão e reaproveitar as linhas de transmissão como parte do novo plano de renováveis para incluir sistemas isolados de geração eólica e fotovoltaica”. Uma das eólicas em construção deve contemplar 300 aerogeradores e vai economizar em torno de US$ 400 milhões anuais na tarifa dos consumidores, além de deixar de emitir um milhão de toneladas de carbono equivalente. No plano, a Xcel pretende fechar até cinco térmicas a carvão.
https://www.eenews.net/stories/1060067901


POPULAÇÃO DE FIJI ESTÁ PLANTANDO MANGUEZAIS PARA CONTER A SUBIDA DO NÍVEL DO MAR
“A terra está sendo levada pelo mar nos últimos 20 anos. Estamos plantando manguezais para evitar a erosão da terra”, disse Jim Tuimoce, 28 anos, da pequena comunidade de Korova, na baía de Laucala, em Suva, capital de Fiji, um arquipélago no Pacífico Sul que, nas suas 300 ilhas, corre o risco de perder muito território com a elevação do nível do mar. O mangue, segundo cientistas, pode armazenar até quatro vezes mais carbono por kg de planta do que a maioria das árvores de florestas tropicais, mas, principalmente, reduzir significativamente a erosão costeira além de proteger as comunidades contra tsunamis e marés altas provocadas por tempestades. Joeli Veitayaki, professor da Universidade do Pacífico Sul e profundo conhecedor das plantas dos manguezais, explica que “o manguezal é adaptado para lidar com as ondas. As raízes prendem a planta ao solo. É a única planta que aguenta o movimento diários das ondas. É por isso que são tão importantes”. Além dos novos manguezais, o governo de Fiji quer remover 40 vilas costeiras para terras mais altas e está ajudando arquipélagos vizinhos a se defender e a se adaptar à nova realidade.
http://news.trust.org/item/20171204102441-i76cf/


Para Ir:
Estratégias de Desenvolvimento de Baixo Carbono para o Longo Prazo
Lançamento do estudo CEBDS
O CEBDS realiza, no dia 12 de dezembro de 2017, no Rio de Janeiro, o lançamento do documento Estratégias de Desenvolvimento de Baixo Carbono para o Longo Prazo. O evento reunirá especialistas de empresas, academia e poder público para um debate sobre os principais desafios para a adoção de soluções que visam pavimentar as ações e acelerar os resultados rumo a 2050.
12 de dezembro, 2017, das 14:00 – 17:00 horas
Observatório do Amanhã – Praça Mauá, 1 – Centro, Rio de Janeiro
http://cebds.org/


Para guardar – Para Ir e Acompanhar em 2018:
Conferência sobre emissões negativas
As emissões negativas começam a receber a atenção do mundo climático, visto que só esforços de mitigação de emissões parecem não ser mais suficientes para conter o aquecimento global. Assim, é preciso uma compreensão mais abrangente de seus vários aspectos. O objetivo desta conferência é juntar um amplo leque de cientistas, experts e a comunidade envolvida com a modelagem e o desenvolvimento tecnológico assim como as iniciativas de finanças e de elaboração de políticas públicas.
22 – 24 de maio de 2018
Chalmers University of Technology, Gothenburg, Suécia.
Mais informações em:
http://negativeco2emissions2018.com/


Para Estudar:
Academia de Desenvolvimento Sustentável da ONU
A ONU criou a Academia de Desenvolvimento Sustentável e oferece cursos em nível de pós-graduação ao redor do mundo. Os cursos são gratuitos, interativos e on-line.
Os cursos atualmente disponíveis são:
Environmental Security and Sustaining Peace
Natural Resources for Sustainable Development
From the Ground Up: Managing and Preserving Our Terrestrial Ecosystems
Climate Action: Solutions for a Changing Planet
Globalization: Past and Future
Human Rights, Human Wrongs
The Best Start in Life: Early Childhood Development for Sustainable Development
Macroeconomics for a Sustainable Planet
Cities and the Challenge of Sustainable Development
The Age of Sustainable Development
Planetary Boundaries and Human Opportunities
Climate Change Science and Negotiations
Transforming the World: Achieving the Sustainable Development Goals
Laudato Si: On Care for Our Common Home
Sustainable Cities
Feeding a Hungry Planet: Agriculture, Nutrition and Sustainability
Mais informações e inscrições em:
https://courses.sdgacademy.org/