ClimaInfo, 22 de janeiro de 2018

22 de janeiro de 2018

Uma leitura diária dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

 

OPERAÇÃO DA PF ATACA ESQUEMA BILIONÁRIO DE EXPLORAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA DA AMAZÔNIA

A Operação Arquimedes, que a Polícia Federal executa em parceria com o Ibama nos portos de Manaus, reteve até agora 444 contêieneres de madeira extraída ilegalmente da floresta amazônica e destinada a grandes comerciantes madeireiros no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Foram encontrados Documentos de Origem Florestal cancelados ou falsificados, bem como diferenças substanciais entre os documentos e o conteúdo dos contêineres, no volume e na descrição das espécies exploradas.

Segundo nota divulgada pela PF, “as investigações, agora, visam a identificar as pessoas físicas e jurídicas envolvidas na extração ilegal, no transporte e na comercialização do que está sendo considerado pelas autoridades como uma das maiores apreensões mundiais de madeira beneficiada realizada em portos”.

Os envolvidos responderão pelos crimes contra a flora previstos na Lei de Crimes Ambientais e receptação previsto no Código Penal podendo, inclusive, haver responsabilização penal da pessoa jurídica.

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-ataca-esquema-bilionario-de-exploracao-ilicita-de-madeira-da-amazonia/

https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2018/01/18/desmontado-esquema-ilegal-gigante-de-exportacao-de-madeira-da-amazonia.htm

 

PETRÓLEO ATRAI EMPRESAS ESTRANGEIRAS AO BRASIL

O setor de petróleo e gás vem ganhando novos personagens. Empresas dos EUA, Holanda, Suíça, Dinamarca, França e China estão se instalando no país e, principalmente, se associando a empresas nacionais. De acordo com a Petrobras, pelo menos 37 novas companhias do exterior já se habilitaram como fornecedores. O interesse é pela área de serviços, responsável pela construção e montagem de equipamentos. As estrangeiras visam o espaço antes ocupado por Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Engevix – algumas das 18 empresas que estão proibidas, por bloqueio cautelar, de firmar novos contratos com a Petrobras, por envolvimento em irregularidades reveladas pela Lava-Jato. Dados da consultoria EY apontam que 65% das 51 operações de fusões e aquisições no setor de óleo e gás no país nos últimos três anos envolveram estrangeiras.

https://oglobo.globo.com/economia/retomada-do-setor-de-petroleo-atrai-empresas-estrangeiras-ao-brasil-22311417

 

BRASIL DECIDE ENTRAR NA IRENA

A Empresa de Planejamento Energético (EPE) divulgou durante a semana a decisão de entrar para a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), tomada pela Comissão Interministerial de Participação em Organismos Internacionais. Demorou. Já em 2012, o então secretário executivo adjunto do ministério de minas e energia, Francisco Wojcicki, disse na Fiesp que o “Brasil tende a se aproximar e a ingressar” na Irena. À época, dizia-se que o principal problema para a adesão era a Irena não considerar a hidroeletricidade uma energia limpa.

Em tempo: no seu website, a Irena diz que seu objetivo é “promover a adoção generalizada e o uso sustentável de todas as formas de energia renovável, incluindo bioenergia, geotérmica, hidrelétrica, oceânica, solar e eólica, na busca do desenvolvimento sustentável, acesso à energia, segurança energética e crescimento econômico e prosperidade com baixa emissão de carbono”.

https://www.canalenergia.com.br/noticias/53048770/brasil-vai-ingressar-na-agencia-internacional-de-energia-renovavel

https://www.portal-energia.com/brasil-integra-agencia-internacional-das-energias-renovaveis/

http://www.epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/brasil-toma-a-decisao-politica-de-ingressar-a-irena

 

SUBSÍDIO AUTOMOTIVO DO ROTA 2030 PODE FICAR PARA 2019

Os ministérios da indústria e comércio e da fazenda continuam não se entendendo quanto ao Rota 2030, programa que substituiria o Inovar-Auto, vencido em dezembro, no oferecimento de incentivos ao setor automobilístico em troca de investimentos em inovação. O setor defende a proposta do MDIC, que prevê a concessão de créditos tributários de até R$ 1,5 bilhão por ano às empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento. A Fazenda quer que as montadoras usem, para isto, a “Lei do Bem”, que permite o abatimento do IR e da CSLL para as empresas que investem em inovação. Entretanto, as montadoras alegam que não teriam créditos para tal por não terem lucro após anos de crise. Enquanto isso, o presidente da Anfavea, Antônio Megale, ameaça com a transferência de programas de inovação para países “onde seja mais barato fazer desenvolvimento”.

Dada a falta de entendimento entre os ministérios, o assunto subiu para a mesa de Temer, que se comprometeu em dar a palavra final no mês que vem.

Embora a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva diga que a eficiência média dos veículos tenha melhorado em 15,4% como resultado do Inovar-Auto, ganho que seria superior à meta de 12% do programa, não se encontra uma avaliação abrangente e independente dos resultados. Sem esta, como pensar em um novo programa de incentivos?

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/1951963-subsidio-automotivo-pode-ficar-para-2019.shtml

https://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2017/12/27/inovar-auto-programa-de-dilma-deixou-carro-brasileiro-15-mais-eficiente.htm?cmpid=copiaecola

 

PNUD E MMA FOMENTAM SIDERURGIA MAIS SUSTENTÁVEL

Seis empresas ligadas ao setor siderúrgico receberão apoio técnico e financeiro para a redução de suas emissões de gases de efeito estufa. As empresas foram escolhidas em edital do Projeto Siderurgia Sustentável, implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), sob coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

O Pnud e o MMA apoiarão as empresas no desenvolvimento, aplicação e demonstração de tecnologias voltadas à produção sustentável de carvão vegetal e ao uso do insumo na fabricação de ferro-gusa, aço e ferroligas. A meta inicial é alcançar uma redução mínima de 270 kg CO2e/tonelada de carvão vegetal.

As empresas Biocarbono, PCE Participações, Plantar e Rima receberão recursos para instalação ou ampliação de capacidade produtiva de carvão vegetal. A ArcelorMittal Brasil os receberá para melhoria de processos na produção de carvão vegetal sustentável e para a queima dos gases gerados nesta produção. Já a Vallourec receberá recursos para arranjos tecnológicos de uso do carvão vegetal sustentável e/ou de seus coprodutos na produção de ferro-gusa, aço e ferroligas.

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/01/20/141342-a-caminho-da-siderurgia-sustentavel.html

 

OS VERDADEIROS PECADOS DA CARNE

Marcos Jank sai mais uma vez em defesa do agronegócio, desta vez aliando sua caneta aos pecuaristas para dizer que, “no agro brasileiro, não há setor que sofra maior preconceito e desinformação”, e que entre os “mitos e inverdades” propagados estão “danos à saúde, aquecimento global, desmatamento, consumo excessivo de água etc.”, acusações que seriam “facilmente refutáveis com visitas a sites especializados e literatura científica”.

O problema do argumento de Jank é que “visitas a sites especializados e literatura científica” mostram o contrário do que ele diz. Se não, vejamos:

– a maioria do desmatamento no Brasil, em especial na Amazônia, está vinculada à atividade pecuária, segundo os dados oficiais do Inventário Brasileiro de Emissões e do TerraClass, parceria entre o Inpe e a Embrapa;

– o setor agropecuário foi responsável por 69% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa em 2015, sendo que, nos anos 90, este percentual chegou a superar 85% do total; e

– a literatura científica mostra que, na média global, são consumidos 15 mil litros de água para a produção de um quilograma de carne.

Jank parece estar certo, somente, quando diz que não há evidência científica sobre a carne fazer mal à saúde, pelo menos o Dr. Drauzio Varella concorda com isto.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcos-jank/2018/01/1951771-os-falsos-pecados-da-carne.shtml

http://www.observatoriodoclima.eco.br/wp-content/uploads/2016/11/Carta-do-Observato%CC%81rio-do-Clima-Esclarecimentos-a%CC%80-mate%CC%81ria-da-GLobo-Rural-de-08-Nov-016-.pdf

https://link.springer.com/article/10.1007/s10021-011-9517-8

http://revistagloborural.globo.com/Colunas/sebastiao-nascimento/noticia/2017/04/critica-carne-e-ideologica-diz-drauzio-varella.html

 

FRANÇA ACELERANDO INSTALAÇÃO DE EÓLICAS

O governo francês revelou, na 5a feira, um plano para reduzir pela metade o tempo de licenciamento e instalação de parques eólicos. O plano limita a possibilidade de desafios legais do tipo “not in my backyard”, ao mesmo tempo em que recompensa as cidades onde os parques eólicos serão construídos, por estarem mais próximos do seu impacto.

Para as empresas do setor, o anúncio soou como um convite ao investimento.

https://www.lesechos.fr/industrie-services/energie-environnement/0301163874501-sebastien-lecornu-eolien-nous-allons-gagner-deux-a-trois-ans-sur-les-procedures-2145990.php

 

TRUMP NÃO REPORTA EMISSÕES DE CO2 E EUA INTERROMPEM ERA DE TRANSPARÊNCIA GLOBAL

A administração Trump não apresentou o relatório sobre os progressos dos EUA na redução das emissões de gases de efeito estufa, o que era previsto para o dia de ano novo, rompendo assim com o que já era tradição. Bush pai apoiou e ajudou a estabelecer a Convenção Clima e, apesar de não ter apoiado o Protocolo de Quioto, enfatizou a cooperação tecnológica por fontes mais limpas de energia. Obama avançou num amplo programa interno para estimular a energia limpa e a adaptação à mudança climática. Mesmo com suas diferenças, as administrações anteriores concordaram em pelo menos uma coisa: os países devem ser transparentes sobre suas emissões, bem como suas ações para enfrentar a poluição climática, e devem informar sobre essas questões regularmente e de forma abrangente.

http://thehill.com/opinion/energy-environment/369516-trump-isnt-reporting-co2-emissions-ending-an-era-of-global

 

McKINSEY: EMISSÕES GLOBAIS SE ESTABILIZARÃO EM 2030

Segundo novo relatório da McKinsey Energy Insight, grandes mudanças na paisagem energética impulsionadas por fontes renováveis e veículos elétricos (VEs) estabilizarão as emissões globais em 2030, mas este progresso não chega perto do necessário para o cumprimento da meta de 2oC de aquecimento global máximo estabelecida pelo Acordo de Paris.

Os analistas responsáveis pelo relatório Global Energy Perspective prevêem que, em 2030, um quinto dos automóveis vendidos em todo o mundo serão elétricos, com as vendas aumentado de 3% do mercado global de 2020 para 20% deste uma década depois. As energias renováveis também crescerão fortemente e serão responsáveis por quase todo o crescimento da geração de eletricidade global até 2050. Nos próximos 10 anos, a energia solar e a dos ventos deverão crescer entre 5 e 10 vezes mais rápido do que a gerada a gás. Até 2050, 80% da capacidade líquida global de geração de energia deve ser renovável, sendo que a China e a Índia serão responsáveis por metade desse crescimento.

Apesar do crescimento em energias renováveis e VEs – mesmo os caminhões elétricos leves devem crescer 12 vezes no período – os aumentos da população e da renda em países não pertencentes à OCDE impulsionarão a demanda de energia, o que deverá compensar as reduções de emissões de CO2 até o ponto em que estas se estabilizem, em vez de encolher.

O líder da McKinsey Energy Insight, Ole Rolser, disse que, “para seguirmos o caminho de 2 graus, teríamos que ver mudanças muito mais amplas e muito mais perturbadoras do que estamos vendo”.

https://www.edie.net/news/9/Report–Global-emissions-to-plateau-in-2030–but-Paris-goals-out-of-reach/

https://gep.mckinseyenergyinsights.com/

 

SOBRE A CREDIBILIDADE DO QUE VIRALIZA

Quem não se lembra das imagens de um urso polar esquálido que viralizaram no final do ano passado? Apesar da matéria original, publicada pela National Geographic, ter informações corretas sobre o impacto das mudanças climáticas na região ártica, levava a crer que o tal urso morria de fome como consequência da mudança climática – o que não era comprovado, pois ele poderia estar doente ou simplesmente já bastante velho.

Matérias apelativas são um problema na cobertura climática: das 25 matérias climáticas mais populares (as que “viralizaram”) durante 2017, cinco têm acurácia científica ‘muito baixa’ e outras quatro ‘baixa’. Cinco outras são ‘neutras’, enquanto somente três têm ‘alta acurácia’ e oito uma ‘muito alta’ acurácia científica. A classificação é da Climate Feedback, rede mundial de cientistas que avalia a credibilidade da cobertura das mudanças climáticas. Para os avaliadores, a matéria que continha as imagens do urso faminto é neutra em termos de acurácia científica.

Comentando os resultados da classificação, Marcelo Leite diz na Folha de São Paulo que, enquanto para o Fórum Econômico Mundial, de Davos, a questão ambiental domina o panorama dos riscos globais, os bichos que sofrem dominam as redes populares: “o comum das pessoas se vê tocado, antes de todo o resto, por notícias apelativas. A complexidade científica, o impacto futuro e a urgência política escorrem pelo ralo das redes sociais”.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2018/01/1951928-ambiente-e-destaque-em-davos-mas-bichos-que-sofrem-dominam-as-redes.shtml

https://climatefeedback.org/most-popular-climate-change-stories-2017-reviewed-scientists/#1

https://news.nationalgeographic.com/2017/12/polar-bear-starving-arctic-sea-ice-melt-climate-change-spd/

 

AQUECIMENTO GLOBAL TRANSFORMA EM FÊMEAS 99% DE UMA POPULAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS

O aquecimento global está alterando o percentual de machos e fêmeas em algumas populações de tartarugas marinhas. O fenômeno é conhecido há anos, mas cientistas alertam agora para casos absolutamente extremos. É o caso de uma das maiores populações de tartarugas-verdes do mundo, da Grande Barreira de Coral da Austrália, na qual 99% das tartarugas jovens são fêmeas. Os autores de um estudo liderado pela endocrinologista Camryn Allen e pelo biólogo Michael Jensen, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, alertam: “com um aumento previsto da temperatura média global de 2,6 graus em 2100, muitas populações de tartarugas marinhas correm o risco de sofrer uma alta mortalidade de seus ovos e de ter uma descendência exclusivamente feminina”.

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/17/ciencia/1516210937_227287.html

      

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Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
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