ClimaInfo, 8 de fevereiro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

TEMER QUER UMA POLÍTICA NUCLEAR

O governo Temer criou em meados de janeiro um grupo técnico para elaborar uma proposta de política nuclear. O grupo será coordenado pelo gabinete de segurança institucional da presidência.

https://www.canalenergia.com.br/noticias/53048470/governo-estuda-flexibilizar-pesquisa-e-exploracao-de-minerios-nucleares


A DISPUTA PELO PROCEL

A perspectiva de privatização da Eletrobras deu a largada a uma briga pelo seu espólio, que inclui o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) e seu orçamento anual de R$ 100 milhões. O Procel foi tirado das atribuições da Eletrobras no projeto de lei para sua privatização e colocado sob responsabilidade do Poder Executivo, mas sem definição sobre o órgão que ficaria com o programa. Quem saiu na frente nessa disputa foi o pernambucano Eduardo Azevedo, que defendeu a criação de uma Agência de Desenvolvimento Energético (ABDE), uma autarquia que também assumiria as funções do Conpet, programa de combate ao desperdício de recursos naturais não renováveis, tocado pela Petrobrás, e que ficaria sediada em Recife.  Mas, segundo o Estadão/Broadcast, o Ministério do Planejamento é contra a proposta e avalia que os programas podem ser assumidos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que tem entre suas atribuições a prestação de serviços na área de estudos sobre eficiência.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,espolio-da-eletrobras-ja-causa-disputa,70002167932

 

FUSÃO À VISTA ENTRE BUNGE E ADM

Vem aí uma possível fusão entre a Bunge e a ADM, megatraders do agronegócio que, juntas, criariam uma empresa do tamanho da maior, a Cargill. Segundo analistas, isso evidencia suas pequenas margens de lucro e os riscos crescentes, dentre outros a mudanças do clima. A saída clássica é aumentar o portfólio, para que um lugar cubra a falha de outro. Uma fusão dessas serve para ampliar esse portfólio. A Bunge tem maior presença na soja brasileira e isso é um atrativo importante para a ADM. Em compensação, o forte da ADM são os EUA, onde a Bunge é bem menos importante.

http://www.valor.com.br/agro/5274751/juntas-adm-e-bunge-alcancariam-lider-global-cargill#

 

A COSA NOSTRA E O DESMATAMENTO

Comparar o desmatamento ilegal com as atividades da máfia: este é ponto de partida do artigo de Giem Guimarães, um dos herdeiros do paranaense Grupo Positivo e Diretor-executivo do Observatório de Justiça e Conservação (OJC). Ele traça um paralelo entre a Cosa Nostra, que se perpetuou ao passar de geração em geração, sofisticando-se no caminho, e o corte de madeira nativa na Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará, que é estruturado por “capos” da máfia da madeira do Paraná e de Santa Catarina.  Essas “empresas familiares” do Sul exportavam a madeira para Europa, EUA e Ásia em um sofisticado esquema de dar inveja a qualquer traficante – incluindo até a saída da madeira roubada no Pará dos portos de Paranaguá e de Itajaí, no sul do país, há três mil quilômetros de distância.  Dessa forma, ele mostra que o desmatamento ilegal não é um problema apenas da Amazônia, mas sim de todo o território nacional.

http://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/das-araucarias-a-amazonia-os-insaciaveis-desmatadores-sulistas/

 

PEC QUER INCLUIR MEIO AMBIENTE SAUDÁVEL ENTRE OS DIREITOS SOCIAIS DA CONSTITUIÇÃO

Um meio ambiente saudável poderá ser acrescentado à lista de direitos sociais previstos pela Constituição. É o que prevê a PEC 16/2012, do senador Cristovam Buarque, que tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e que tem voto favorável de seu relator.  Motivos para tanto há, e de sobra.

Razões para acreditar que se trata de uma boa iniciativa, também. Porém, como no caso dos outros direitos sociais previstos em nossa Constituição, como educação,  saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer,  segurança, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados e previdência social, é preciso que os três níveis dos poderes executivo e legislativo o coloque em prática.

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/02/01/141611-pec-inclui-o-meio-ambiente-saudavel-entre-os-direitos-sociais.html


MUDANÇAS CLIMÁTICAS E MALÁRIA

Apesar de todos os olhos estarem voltados para a febre amarela, há outras doenças cuja transmissão por mosquitos é turbinada pelas mudanças do clima. Uma delas é a malária, objeto de estudo da FIOCRUZ em seu sítio sentinela Transfronteiriço, que compreende a cidade de Oiapoque, pelo lado brasileiro, e Saint-Georges-de-L´Oyapock, Camopi e Ouanary, pela Guiana Francesa, em plena região amazônica. Segundo Paulo Peiter, pesquisador do Laboratório de Doenças Parasitárias, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz, “mudanças de padrões climáticos como estamos observando nas últimas décadas com períodos de seca incomuns na Amazônia ou grandes cheias, acabam influenciando também os padrões de ocorrência da malária”.  Essa influência já pode ser percebida nos números. Conforme dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária)/MS, entre 2015 e 2017 os números saltaram de 105.057 para 191.877 casos até dezembro de 2017, um aumento de 83%. Os dados de 2017 são preliminares, podendo sofrer alterações para mais ou para menos. No link abaixo você pode conferir estes e outros dados, que fazem parte da terceira matéria da série Clima e Saúde produzida pela FIOCRUZ.

https://www.icict.fiocruz.br/content/s%C3%ADtio-sentinela-transfronteiri%C3%A7o-no-combate-%C3%A0-mal%C3%A1ria

 

A QUERELA DO DENDÊ

O popular óleo de dendê, mais conhecido mundialmente como óleo de palma, está no centro de um imbróglio diplomático entre, por um lado, seus maiores produtores, Indonésia e Malásia, países responsáveis por 85% da produção global, e por outro, a União Europeia, que responde por 15% do consumo global. Há tempos que o setor está na mira dos ambientalistas por conta do desmatamento e consequente impacto sobre a biodiversidade. Lá, como no Brasil, foram feitos acordos e promessas – com baixíssimas chances de cumprimento, de acordo com o mais recente relatório do Greenpeace, que mostra que o grande risco vem de pequenos e médios produtores locais, muitas vezes ligados ao governo. Em 2017, o comitê de meio ambiente do Parlamento Europeu aprovou uma resolução para que a Comissão Europeia eliminasse o uso de óleos vegetais para biocombustíveis, de preferência até 2020. E, no começo deste ano, o Parlamento Europeu efetivamente decidiu eliminar progressivamente o óleo de palma dos combustíveis para motores nos próximos três anos. A reação indonésia e malaia buscou mudar o foco do problema do meio ambiente para a economia. Eles alegam que, no fundo, a medida não é ambiental, mas uma barreira comercial para favorecer produtores do hemisfério norte. E vaticinam uma impossibilidade de cumprimento da meta de eliminação do dendê dado o nível de dependência desta matéria prima pelas indústrias europeias.

http://www.independent.co.uk/news/business/news/palm-oil-rainforest-cut-down-despite-companies-commitments-a8078811.html

https://www.transportenvironment.org/press/phase-out-vegetable-oils-biofuels-2020-environment-meps-tell-commission

http://www.eco-business.com/news/outrage-and-conspiracy-claims-as-indonesia-malaysia-cry-foul-over-eu-ban-on-palm-oil-in-biofuels

 

O CANADÁ ATOLADO EM OPÇÕES POUCO SUSTENTÁVEIS PARA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE

Dois dos principais produtos de exportação canadenses são óleo e gás extraídos dos seus vastos campos betuminosos existentes ao norte e mandados para os EUA. A exploração está deixando para trás enormes lagos de resíduos tóxico. Os riscos gerados por estes lagos, contidos por represas do tipo da de Mariana, representam o maior desafio da indústria fóssil canadense. Apesar de serem de responsabilidade da indústria que extraiu o óleo e o gás, esta está dando um jeito de empurrar o problema para o futuro, possivelmente na conta do contribuinte canadense de amanhã. Na província de Alberta, uma das principais produtoras, os lagos cobrem uma área de 160 km2 e contêm 150 milhões m3 de resíduos. Para comparar, a represa que estourou em Mariana retinha um volume cerca de cinco vezes menor.

Na semana passada saiu um estudo comparando o ciclo de vida das principais fontes de geração de eletricidade no Reino Unido. Foram comparadas hidrelétricas, eólicas, fotovoltaicas com as térmicas a carvão, gás natural, gás natural liquefeito, biomassa e nuclear. As melhores, como esperado, foram as eólicas e fotovoltaicas. Sobre o gás de folhelho, como o extraído no Canadá, o estudo concluiu que gera um impacto ambiental 300 vezes pior e um impacto negativo no emprego 16 vezes pior. Ele é pior que o carvão inglês, o que não é pouca coisa.

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969717331984

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/01/180116085012.htm

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-01-16/340-billion-gallons-of-sludge-spur-environmental-fears-in-canada

 

HOUSTON VOCÊ TEM UM PROBLEMÃO. E SE CHAMA MUDANÇA DO CLIMA

Houston fica numa planície, pouco acima do nível do mar e desde sempre tem problemas com inundações provocadas por tempestades. Não por acaso, a parte mais pobre da população mora na região inundada com mais frequência. No ano passado, o furacão Harvey jogou todo mundo no mesmo barco. Em toda parte continental dos EUA, nunca uma tempestade despejou tanta água, o que provocou 50 mortes, meio milhão de carros submersos e 50 mil chamados para a emergência. A cidade mantém vastas áreas que servem como piscinões. Mas estes ameaçaram se romper e os engenheiros abriram as comportas. Áreas que não tinham sido inundadas pela tempestade o foram pela água que veio dos piscinões. O artigo da Inside Climate News traz um longo relato de um dos palcos dos efeitos da mudança do clima. E que está na linha de tiro do que vem pela frente.

https://insideclimatenews.org/news/22012018/houston-flood-plain-development-hurricane-harvey-reservoirs-overflow

 

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