ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

FERRAMENTA PERMITE ACOMPANHAR E COMPARAR O BALANÇO DE EMISSÕES FLORESTAIS DE 6 PAÍSES

Enfim apareceu uma ferramenta que permite comparar o balanço das emissões florestais. O pessoal do Carbon Transparency Initiative tinha feito uma ferramenta com dados atualizados das emissões de vários países, mas que apresentava as emissões que vinham da queima de combustíveis, do tratamento de resíduos e da aviação e navegação internacionais. Agora foi lançada uma nova versão que inclui o balanço de emissões florestais e da agricultura. Na China, EUA, Índia, México e a União Europeia o balanço positivo indica que mais carbono foi removido da atmosfera pela mudança de uso da terra, por exemplo, replantando uma floresta onde antes era pasto. O sexto país é o Brasil, só que aqui o desmatamento da Amazônia e do Cerrado fazem com que sejamos o único do grupo a ter um balanço negativo, ou seja, emitimos mais por desmatamento do que removemos da atmosfera. A ferramenta usa uma metodologia análoga à usada na elaboração anual do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, mas agregando o carbono sequestrado. O SEEG até tem essa informação, mas a apresentação principal foca nas emissões efetivas, sem descontar as remoções.
http://www.neomondo.org.br/nova-ferramenta-permite-comparar-emissoes-de-uso-da-terra-e-florestas-de-seis-paises/


SARNEY Fo QUER EMBARGAR A HYDRO NORSK POR TRAGÉDIA DE BARCARENA

O ministro Sarney Filho mandou um ofício para o Ibama pedindo o embargo das atividades da Hydro Norsk e multas à empresa pelo vazamento de rejeitos da produção de alumínio. O vazamento aconteceu há dez dias após uma chuva forte inundar o reservatório de rejeitos. Além do transbordamento do reservatório, fiscais encontraram um cano que levava rejeitos do reservatório para o meio de um igarapé vizinho, o que contaminou a água e, possivelmente, os peixes consumidos pela população local.
A mesma empresa acaba de comprar uma planta de alumínio na Islândia por quase US$ 350 milhões. A declaração oficial da empresa é que a produção de alumínio consome muita eletricidade que lá vem de fontes renováveis, principalmente de usinas geotérmicas.

Pois bem, é a Hydro se pintando de verde lá fora e despejando clandestinamente resíduos no igarapé por aqui.
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,sarney-filho-quer-embargo-de-mineradora-apos-vazamento-de-rejeitos,70002205268

https://www.reuters.com/article/us-norskhydro-riotinto-iceland/norways-hydro-buys-rios-iceland-aluminum-plant-in-green-drive-idUSKCN1GA0UQ


TEMER QUER PERMITIR ATERROS E TRATAMENTO DE ESGOTO SEM LICENCIAMENTO

O governo deve encaminhar uma medida provisória permitindo que aterros sanitários de qualquer tipo e outras obras de saneamento sem licenciamento ambiental. A articulação vem do ministério das cidades, que deve pensar que os aterros ficam num planeta distante no qual os impactos não serão sentidos pelos moradores das cidades. A medida também vale para a rede de esgotos e as estações de tratamento destes.

Aliás, na lista de multas pendentes do Ibama, aparecem muitas das empresas de saneamento das capitais brasileiras. A ANA (Agência Nacional de Águas) que, hoje, tem a responsabilidade pelas concessões de saneamento, vai perder esta função, que passaria a ser incorporada aos requisitos do BNDES. Ou seja, uma empresa que quiser construir uma rede de esgotos sem usar dinheiro do BNDES poderia construir um sistema a céu aberto e jogar todo o esgoto no curso d’água mais próximo.

É necessário admitir que o governo Temer se mostra criativo na agenda de destruição do país.
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,governo-planeja-liberar-obra-de-saneamento-sem-licenca,70002205589

 

A INDÚSTRIA DA SECA DE GERALDO ALCKMIN

A fantástica pena de André Aroeira se volta contra as manobras hídricas de Alckmim: “Imagine que você está no último semestre de aluguel de uma casa em que torneiras e canos furados vazam o dia todo, de modo que se perde 30% do volume da caixa. Para piorar, a tampa da caixa voou em uma ventania porque você não se preocupou em amarrar. A água, agora, está cada vez mais suja e evapora rapidamente sob o calor concentrado da sua ilha urbana.

Seu cunhado aparece com uma solução engenhosa: vai comprar meia dúzia de mangueiras e puxar água limpa das caixas de água dos vizinhos. Vai ficar mais caro do que remendar, mas dá para descontar do aluguel. ‘E é só uns 10%, ninguém vai dar falta. É preciso solidariedade com os vizinhos’. A água de casa continua vazando, mas o volume recebido vai compensar as perdas e deixá-la sempre cheia. ‘E aí no final do ano você pica a mula!’.

Você é Geraldo Alckmin e topa a surreal empreitada”.

Além de elaborar a alegoria acima, Aroeira discute em detalhe as manobras hídricas do governador de São Paulo e fala da verdadeira insurreição do povo de Bertioga, uma das populações cujas caixas d’água estão sendo sugadas por Alckmin. No município, até o prefeito tucano Caio Matheus, para além de parte do Judiciário, dos técnicos do próprio governo e de organizações civis locais se rebelam contra a mangueira sugerida pelo cunhado.

Como é sabido, Alckmin está em plena candidatura e em visita recente pelo Nordeste, andou dando pistas do que pode fazer pela região: “Merece estudo a questão [da transposição] do Rio Tocantins com o São Francisco. Essa é uma tendência futura”.

A ver se São Pedro colabora ou não com a candidatura do tucano; pelo andar da carruagem, quer dizer, das chuvas acumuladas até agora, o risco de uma nova crise hídrica no estado é significativo.

https://conexaoplaneta.com.br/blog/industria-da-seca-de-geraldo-alckmin/


UFSC E WEG APRESENTAM ÔNIBUS ELÉTRICO RECARREGADO POR SISTEMA FOTOVOLTAICO

A Universidade Federal de Santa Catarina recebeu apoio da Weg para desenvolver seu primeiro ônibus elétrico, cuja estação de recarga de baterias é alimentada por painéis fotovoltaicos. A Weg, grupo industrial com forte pegada em tudo que envolve eletricidade, forneceu motores, inversores e outros equipamentos. O sistema de frenagem é regenerativo, alimentando as baterias quando acionado. O ônibus entra em operação agora em março. O site abaixo tem um vídeo curto de demonstração do ônibus. Em 2015, a Weg deu um pequeno barco de passageiros para uma comunidade de estudantes nas proximidades de Barcarena, no Pará. O barco é coberto por painéis fotovoltaicos que alimentam o banco de baterias que toca o motor. As baterias aguentam 5 horas de operação e o barco leva até 22 passageiros.
https://ocponline.com.br/noticias/weg-da-vida-ao-primeiro-onibus-eletrico-movido-a-energia-solar-no-brasil/

 

VENEZUELA BARRA CANDIDATURA BRASILEIRA A SEDE DA COP-25

Na última COP, a conferência anual do clima, o ministro Sarney oficializou o interesse do Brasil em hospedar a COP-25, mas a Venezuela não deixa. No ano passado, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convocou uma Assembleia Constituinte para escantear um congresso cada vez mais oposicionista. Um grupo de 11 países das três Américas não reconheceu a manobra e frequentemente pede a restauração da democracia no país. Em retribuição, Maduro breca qualquer iniciativa que venha do assim chamado Grupo de Lima. A decisão quanto ao local de onde a COP será realizada pode ser tomada na reunião preparatória em maio a ser realizada em Bonn.
http://www.observatoriodoclima.eco.br/venezuela-segue-barrando-candidatura-brasileira-cop25/


A VISÃO CONTRADITÓRIA DAS PROJEÇÕES DO SETOR CARVOEIRO SOBRE O FUTURO DAS RENOVÁVEIS NA ÍNDIA

O relatório “Coal India 2050”, da gigante estatal que extrai quase todo o carvão daquele país, enxerga uma desaceleração da demanda de carvão vindo por aí. A “culpa” é do barateamento dos sistemas fotovoltaicos, dos compromissos climáticos e de outros fatores econômicos. Diz o relatório que “com a crescente ameaça da mudança do clima e com fundos globais focando nas renováveis, é só uma questão de tempo até que a energia limpa alternativa desloque o carvão”. Mesmo assim, quando apresenta números, o cenário que aparece é menos brilhante. Por exemplo, prevê que, até 2030, o uso do carvão deve dobrar e chegar a quase dois bilhões de toneladas, quase o dobro do consumo atual. Analistas perguntaram à Coal India sobre esta e outras discrepâncias entre afirmações e números, mas a empresa não se deu ao trabalho de responder.
https://www.coalindia.in/DesktopModules/DocumentList/documents/Coal_Vision_2030_document_for_Coal_Sector_Stakeholders_Consultation_27012018.pdf

http://www.climatechangenews.com/2018/02/23/coal-india-report-finds-renewables-will-substantially-decrease-coal-demand/


NO REINO UNIDO, AS AUTOMOTIVAS DIZEM QUE AS METAS CLIMÁTICAS PODEM NÃO SER ALCANÇADAS

A SMMT (sigla em inglês da sociedade de fabricantes e vendedores de motores, correspondente à Anfavea) disse que as metas climáticas correm o sério risco de não serem alcançadas por culpa da agenda anti-diesel e pela procura abaixo do esperado de veículos elétricos. Na sua visão, episódios como o Dieselgate, que envolveu a VW e outros fabricantes, geram confusão nos consumidores. Carros a diesel emitem menos do que similares a gasolina e a baixa procura significa mais emissões. Principalmente porque a penetração dos carros híbridos e elétricos está acontecendo mais devagar do que esperado. Os fabricantes pedem incentivos e uma política de impostos que permita que façam os grandes investimentos que eles consideram necessários para fazer a transição para longe dos fósseis. O discurso soa como “parem de perseguir o diesel se não vou poluir mais com gasolina e me passem mais dinheiro para que eu comece a levar os elétricos a sério”.
http://www.independent.co.uk/news/business/news/uk-environment-targets-co2-diesel-cars-petrol-motor-manufacturers-traders-a8229596.html


OS REFUGIADOS CLIMÁTICOS NORTE-AMERICANOS

O título de um artigo na Rolling Stone que acaba de sair é “Bem-vindos à era da migração climática” na qual não se trata mais das populações africanas e do oriente médio arriscando suas vidas na travessia do Mediterrâneo. Agora se trata dos refugiados dos eventos extremos que atingiram os EUA no ano passado: os seis grandes furacões, incluindo o trio Harvey, Irma e Maria que bateram quase ao mesmo tempo, e as chuvas torrenciais que provocaram inundações na Califórnia que foram seguidas de ondas calor e seca que atiçaram enormes incêndios florestais. Um cientista norte-americano diz que “está em curso uma mudança fundamental, chocante e não-reportada na ‘habitabilidade’ de vários lugares do planeta, incluindo os EUA”. Outro, que pesquisa os impactos da elevação do nível do mar, estima que 2,5 milhões de pessoas terão que abandonar o pedaço da Flórida onde ficam Miami, Fort Lauderdale e West Palm Beach. A região metropolitana de Nova Orleans pode perder meio milhão de habitantes, e Nova York outros 50 mil. O cientista avisa que os ricos se mudarão para lugares mais altos e agradáveis, enquanto os mais pobres serão deixados para trás. Um professor de políticas públicas da Universidade da Califórnia, em Berkeley, acha que, na medida em que o mundo aquecer, “a mudança do clima pode resultar na maior transferência de riqueza dos pobres para os ricos” da história dos EUA. Se isso pode acontecer na sociedade mais rica da Terra, dá para imaginar a escala do que pode acontecer no resto do planeta.
https://www.rollingstone.com/politics/news/welcome-to-the-age-of-climate-migration-w516974


MULHERES NO COMANDO PODEM DERROTAR O AQUECIMENTO GLOBAL

Anteontem, aconteceu, no México, a conferência “Mulheres pelo Clima” (Women 4 Climate) reunindo várias mulheres que se destacam nos mundos político e corporativo. Anne Hidalgo, prefeita de Paris, abriu um artigo seu dizendo que “talvez não haja, hoje, uma responsabilidade maior para mulheres poderosas do que liderar os esforços na direção de um futuro mais verde e mais saudável tanto localmente quanto globalmente.” E mais à frente: “O ano de 2018 será lembrado como um momento de verdade para as mulheres – e para mulheres que querem suportar o mundo socialmente, politicamente, economicamente e ambientalmente. Na Cidade do México, muitas das mulheres mais brilhantes estarão trabalhando por essas metas (…) estarão reunidas para traçar uma rota para um futuro mais sustentável para nossos cidadãos”.
Patricia Espinosa, secretaria executiva da Convenção do Clima, disse que a batalha pelo clima se dará nas áreas urbanas e que mulheres e meninas de todo o mundo devem ser as principais atrizes. E Christiana Figueres, uma das principais articuladoras do Acordo de Paris e atual líder do grupo Missão 2020, lembrou que durante “milhares de anos, o mundo investiu na educação dos homens, na capacidade profissional dos homens e na sua colocação em postos de lideranças e de decisões. Nós não fizemos esse investimento nas mulheres”.
http://www.c40.org/events/women4climate

http://news.trust.org//item/20180226162646-5s84u/

https://www.reuters.com/article/us-climatechange-women-cities/women-at-the-front-can-help-defeat-global-warming-say-leaders-idUSKCN1GB04Y

http://www.mission2020.global/


A CIÊNCIA DESTACA A IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS AINDA INTOCADAS

Um artigo recém publicado na Nature alerta governos e sociedades sobre a importância de manter florestas intactas. Partindo do fato de que 80% das florestas no mundo estão degradadas em diferentes escalas, o grupo de pesquisadores australianos, norte-americanos, canadenses e ingleses levantaram motivos para sua preservação. As florestas:
– absorvem, hoje, 25% de todas a emissões antrópicas;
– são importantes para a manutenção da disponibilidade de água local e regional;
– abrigam a maior variedade de espécies terrestres; e
– são fonte de sustento, físico e cultural, dos povos tradicionais.
Para mantê-las nesse estado, eles recomendam:
– criar novas métricas para estimar o quão intacta a floresta se encontra, abrindo a possibilidade de melhor monitorá-la;
– incluir explicitamente florestas intactas dentro da Convenção do Clima e, especialmente, no Acordo de Paris; e

– apoiar esforços de restauração de florestas degradadas e impor restrições à atividades extrativas e outros vetores ditos de desenvolvimento.
https://www.nature.com/articles/s41559-018-0490-x

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/02/180226122607.htm

 

ÁRVORES DE FLORESTAS TROPICAIS ÚMIDAS ESTÃO MORRENDO MAIS RÁPIDAMENTE

Como se o desmatamento já não fosse suficientemente ruim, outras ameaças matam num ritmo cada vez mais intenso as árvores da Amazônia e de outras florestas tropicais úmidas da Terra. Uma revisão de artigos científicos publicada na New Phytologist indica que a taxa de mortalidade destas árvores mostra sinais de aceleração nos últimos anos. O aumento das taxas de mortalidade está associado ao aumento das temperaturas e do déficit de pressão de vapor gerado pelas secas, à abundância de lianas, mais ventos, incêndios e, possivelmente, à fertilização por CO2 que faz as árvores atingirem alturas maiores e serem mais vulneráveis. Os pesquisadores observam que a importância relativa de cada indutor de mortalidade é desconhecida. Um dos autores da revisão, o pesquisador Paulo Brando, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, diz que “há indícios fortes que relacionam a mortalidade das árvores de florestas tropicais úmidas às alterações esperadas para essas regiões, em escalas global e regional”.

http://ipam.org.br/arvores-de-florestas-tropicais-umidas-estao-morrendo-mais-rapido-em-todo-o-planeta/

http://nph.onlinelibrary.wiley.com/hub/journal/10.1111/(ISSN)1469-8137/

 

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