MORTE DE PEIXES PARALISA TURBINAS DE BELO MONTE
O Ibama mandou paralisar os testes e operações de novas turbinas de Belo Monte até que a Norte Energia apresente uma solução definitiva para a morte de peixes na hidrelétrica. Entre fevereiro e março, uma tonelada de peixes mortos foi retirada do local. Ao entrarem em operação, ou mesmo durante testes, os rotores das turbinas têm sugado os peixes. O projeto de Belo Monte prevê que 18 turbinas de 611 megawatts cada uma entrem em operação até meados de 2019. A concessionária já acionou oito destas e espera a liberação para entrar com a nona máquina em operação. O Ibama, no entanto, aponta que as regras de acionamento não têm incluído medidas que protejam os peixes do Rio Xingu.
As técnicas propostas pela Norte Energia para evitar a mortandade de peixes soam amadoras para um empreendimento deste porte e incluem até o envio de uma equipe de mergulho à tubulação que leva a água até as pás da turbina para espantar os peixes. Segundo o Ibama, “as medidas propostas pelo empreendedor foram testadas… e se mostraram ineficientes”. O parecer menciona casos de mortes de peixes ocorridos no acionamento da hidrelétrica de Teles Pires, na Amazônia, problema que só foi solucionado com a instalação de uma “grade anticardume”.
FLEXIBILIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DEVE SER VOTADA EM BREVE
O presidente da câmara, Rodrigo Maia, ajeita seu discurso conforme a plateia e vem empurrando a colocação na pauta da nova lei de licenciamento ambiental. Tanto ele quanto os ruralistas têm repetido que o texto foi acordado com todo mundo. O que é uma deslavada mentira. Ora eles dizem que o deputado X concordou em nome da bancada ambientalista, ora dizem que foi o deputado Y. Sendo que tanto X quanto Y dizem que o texto acordado era completamente diferente do que Maia e seus ruralistas querem votar. Os pontos principais de enfraquecimento da legislação ambiental foram resumidos por Márcio Astrini, do Greenpeace: “dispensa de licenciamento para setores da economia como a agropecuária, independentemente de seu potencial poluidor; retirada da obrigatoriedade de se fazerem oitivas com as pessoas afetadas pelos empreendimentos; permissão para que os Estados flexibilizem dispositivos, o que pode criar uma guerra fiscal ambiental; retirada de Funai, do ICMBio e do Iphan do processo de licenciamento; entre outros dispositivos polêmicos e pouco claros”.
http://www.valor.com.br/politica/5383687/maia-diverge-sobre-data-de-votacao-de-marco-ambiental
10 ENTRE 10 PARLAMENTARES PRESOS SÃO RURALISTAS
Nove dos dez parlamentares hoje em cana são da (ou têm ligações com a) bancada ruralista. O décimo, Paulo Maluf, é dono de reflorestamentos, fechando a conta agro. A lista, feita pelo “De Olho nos Ruralistas”, inclui Acir Gurgacz (PDT-RO), Nilton Capixaba (PTB-RO), Paulo Feijó (PR-RJ), Paulo Maluf (PP-SP), João Rodrigues (PSD-SC), Celso Jacob (MDB-RJ), Ivo Cassol (PP-RO), Roberto Góes (PDT-AP), Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA), também preso pela Polícia Federal, mostrando os malfeitos de cada um e sua ligação com a bancada ruralista.
SÃO PAULO: UM DIRETOR DA FUNDAÇÃO FLORESTAL A CADA MEIO ANO
O governador candidato à presidência, Geraldo Alckmin, trocou mais uma vez o diretor da Fundação Florestal, órgão responsável pela administração de 38 parques estaduais, 17 estações ecológicas, 30 áreas de proteção ambiental, entre outras áreas, que somam mais de 2,5 milhões de hectares. Nos últimos três anos, é o sexto indicado para gerir a Fundação. O governador também está no terceiro secretário do meio ambiente. O que veio antes do atual pisou em várias bolas e criou uma situação insustentável para si mesmo. Uma delas foi a tentativa de vender 14 parques estaduais porque “davam prejuízo”. Uma das responsabilidades do diretor da Fundação Florestal é exatamente zelar pelos parques estaduais.
HOJE É DIA DO CONSUMIDOR, BOM MOMENTO PARA PENSAR NOS NOSSOS PADRÕES DE CONSUMO
Dia 15 de março foi consagrado como dia do consumidor em todo mundo. Claro que muitos aproveitam para anunciar liquidações do tipo Black Friday. Mas, para mantermos o aquecimento global em no máximo 1,5⁰C, os padrões mundiais de consumo terão que mudar. Isso é mais para os ricos – sejam eles de países desenvolvidos ou das camadas mais ricas dos países mais pobres ou em desenvolvimento. Carros particulares, viagens aéreas, churrascos e muitos outros itens não combinam com uma economia de baixa emissão de carbono. A mudança real e permanente depende muito mais de um consumidor consciente do que acordos internacionais. Um texto do Akatu de 2014 continua muito atual.
MUDANÇA DO CLIMA PODE CAUSAR EXTINÇÃO EM MASSA
O aumento médio da temperatura da Terra em relação a níveis pré-industriais, caso nenhum esforço seja feito para reduzir as atuais emissões de gases estufa, pode chegar a 4,5oC. Nesse cenário, 48% das espécies de determinados ecossistemas entram em risco de extinção. Mesmo a meta do Acordo de Paris, de manutenção do aquecimento sob o teto de 2°C, traz consequências preocupantes: 24% das espécies seriam vulneráveis à extinção. Estas são algumas das conclusões do mais recente estudo da WWF, que fez modelagens e simulações de probabilidade de sobrevivência de mais de 80 mil espécies, entre plantas, aves, mamíferos, répteis e anfíbios. No topo das preocupações do WWF estão três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado-Pantanal e a Mata Atlântica.
A solução apontada pelo relatório é a imediata redução nas emissões de gases-estufa. Os autores também defendem os chamados corredores biológicos, que podem facilitar a dispersão de espécies, como alternativa para mitigar os danos.
https://c402277.ssl.cf1.rackcdn.com/publications/1149/files/original/WWF_-_Wildlife_in_a_Warming_World_-_2018_FINAL.pdf?1520886759https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/03/mudancas-climaticas-podem-levar-48-das-especies-ao-risco-de-extincao.shtml
PARA ALÉM DOS TRÊS TERÇOS: O CAMINHO PARA A DESCARBONIZAÇÃO PROFUNDA
Michael Liebreich, fundador da Bloomberg New Energy Finance, explora o que será necessário fazer para uma “descarbonização profunda” da economia global. No resumo feito pelo Carbon Brief, a “descarbonização profunda” deve ir muito além do que Liebreich chama de a “nova ortodoxia” dos três terços, na qual, em 2040, ⅓ da eletricidade global será gerada a partir de fontes eólicas e solares, ⅓ dos veículos nas ruas e estradas será elétrico; e a economia mundial produzirá ⅓ mais PIB para cada unidade de energia”. A boa notícia é que estes três terços são “provavelmente irrefreáveis”. A má notícia é que estes “não serão suficientes para o alcance dos objetivos do Acordo de Paris”, porque grande parte da economia, da indústria à aviação e à geração de calor, permanecerá fora do alcance destas ações de redução de emissões. As opções para estas áreas incluem “tratar a eficiência energética de nossos edifícios como realmente importa” e usar hidrogênio para o armazenamento de energia. No entanto, Liebreich adverte que existe um “círculo infernal” esperando por aqueles que promovem a produção de hidrogênio a partir do gás natural com captura de carbono como uma solução climática, e que o uso dos excedentes de vento e insolação para a eletrólise provavelmente não fará sentido.
https://about.bnef.com/blog/liebreich-beyond-three-thirds-road-deep-decarbonization/
CHINA: CHACOALHADA ADMINISTRATIVA DÁ MAIS RESPONSABILIDADES AO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
A China entregará uma série de novas responsabilidades sobre a poluição dos rios, dos mares e dos solos, bem como sobre as mudanças climáticas, a um reforçado ministério do meio ambiente, no que é parte da maior chacoalhada administrativa em anos no país. Segundo a Reuters, “a China vem fortalecendo seu ministério do meio ambiente com o objetivo de responsabilizar os poluidores”, dando ao ministério maiores responsabilidades e elaborando novas leis. As mudanças climáticas eram anteriormente de responsabilidade do poderoso organismo planejador estatal, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NRDC). Li Shuo, consultor sênior para o clima do Greenpeace, disse à Reuters que a mudança pode eventualmente “ajudar na coordenação dos esforços… mas muito mais detalhes, incluindo quem dirigirá o novo ministério, serão ainda necessários para avaliar se os ganhos serão positivos”.
INVERNOS ÁRTICOS MAIS QUENTES ESTÃO ASSOCIADOS A ONDAS DE FRIO INTENSO NOS EUA
Um trabalho que acaba de sair na Nature Communications mostra uma forte correlação entre o que acontece no Ártico durante o inverno com as ondas de frio intenso que o leste americano vem sofrendo. Pesquisadores mostraram que quando o Ártico passa de um estado relativamente frio para outro mais quente, a frequência de ondas de frio extremas em latitudes mais baixas aumenta. Isso está ligado à penetração do calor na alta troposfera se estendendo até a baixa estratosfera, bagunçando o jet-stream ártico e empurrando o frio para o sul. Congressistas republicanos e o próprio Trump fizeram graça com a falta de aquecimento global durante a onda de frio excepcional que assolou a costa leste dos EUA no começo do ano.
Pelo jeito, fazer frio na Casa Branca é indício de menos gelo no Ártico.
https://www.nature.com/articles/s41467-018-02992-9
STEPHEN HAWKING MORREU. UMA VOZ A MENOS A PRESSIONAR POR AÇÕES CLIMÁTICAS.
O físico Stephen Hawking ficou famoso pela ciência que desenvolveu, pela sua luta contra uma doença degenerativa e, também, por ser umas das vozes influentes na luta contra o aquecimento global. Por exemplo, falando sobre Trump e a saída dos EUA de Paris, Hawking lamentou dizendo que era um “dano ambiental perfeitamente evitável”. Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21, quando os médicos lhe deram mais 2 anos de vida, acabou superando as expectativas em mais de 55 anos extremamente bem vividos, como cientista e cidadão.
Os links abaixo são de notas que saíram nas edições de ontem.
https://www.canalmeio.com.br/edicoes/2018/03/14/ibope-brasileiros-estao-num-desalento-so/
https://www.theguardian.com/science/2018/mar/14/stephen-hawking-professor-dies-aged-76
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