MINISTÉRIO DA AGRICULTURA NÃO CONSEGUIRÁ CUMPRIR O PROJETO DE LEI DOS AGROTÓXICOS
O ministério da agricultura informa: se a lei dos agrotóxicos for aprovada com o conteúdo que vem tramitando pela câmara, não haverá como cumprir um dos pontos mais defendidos pela bancada ruralista: o prazo para liberação de novos agrotóxicos. O PL quer que o parecer sobre um novo produto seja dado exclusivamente pelo ministério da agricultura (hoje tem que passar pela Anvisa) e que este saia em 12 meses, depois dos quais o produto é automaticamente liberado. Técnicos do próprio ministério dizem não existirem condições técnicas para a avaliação dos impactos de um novo produto em prazo tão exíguo. Assim, na prática, o projeto de lei dá um ‘liberou geral’ para o uso de venenos no campo, exatamente no sentido contrário do que acontece hoje no hemisfério norte e na China.
http://www.valor.com.br/agro/5517979/ate-agricultura-critica-pl-do-agrotoxico#
AGROTÓXICO ROUNDUP FAZ MAIS MAL À SAÚDE DO QUE SE SUPUNHA
O governo norte-americano divulgou o resultado de uma ampla pesquisa sobre os impactos à saúde humana do uso de agrotóxicos. Já se sabe de há muito do efeito dos princípios ativos. Por exemplo, um dos mais comercializados, o glifosato presente no Roundup, da Monsanto, é tido como cancerígeno desde 2015. Agora, pesquisadores do Programa Nacional de Toxicologia dos EUA testaram um conjunto de compostos químicos além do glifosato em si, examinando a toxicidade de alguns produtos mais complexos comercializados no mercado. Os testes indicaram que há um grande risco de que esses compostos sejam mais prejudiciais à saúde do que se tinha conhecimento. E, também, destacaram que para conhecer melhor os efeitos seria preciso conhecer a composição exata e completa dos produtos, hoje, um segredo industrial. Os pesquisadores acham, inclusive, que nem as próprias empresas têm noção completa do mal que podem estar provocando.
CHINA IMPÕE DURAS REGRAS AMBIENTAIS AOS AGROTÓXICOS. PREÇOS SOBEM E ESTIMULAM EMPREGO DE BIOPESTICIDAS
O governo chinês começou a fiscalizar a sério a produção de agrotóxicos no país. O resultado é um aumento no preço destes venenos. O reflexo disso aqui no Brasil foi um movimento no sentido do aumento da capacidade nacional de produção de venenos de modo a baratear os custos para o agricultor. Alguns fabricantes já falam em produzi-los por aqui.
A China está dando passos ainda maiores. O país interrompeu a produção de 12 agrotóxicos mais perniciosos e deve retirá-los completamente do mercado nos próximos anos. Além disso, a China quer que as vendas parem de crescer a partir de 2020. Para isto, criou um programa de desenvolvimento e melhoria de biodefensivos e campanhas de divulgação e capacitação no seu uso.
http://www.valor.com.br/agro/5509435/o-peso-do-maior-rigor-ambiental-chines#
HIDRELÉTRICAS QUEREM SOCIALIZAR MAIS PREJUÍZOS
A construção das últimas grandes hidrelétricas brasileiras contou com o financiamento a juros subsidiados pelo BNDES. Estes juros foram fixados abaixo da taxa Selic, mesmo as tarifas sendo reajustadas pela inflação. Enquanto a Selic e a inflação andavam nas alturas, as empresas lucravam com essa diferença. Nos últimos tempos, a situação se inverteu: a Selic está em 6,5% e o IPCA em torno de 3,5%, ou seja, o pagamento dos juros aumentou mais do que as receitas. As empresas estão sugerindo a negociação de um novo contrato, alongando o período de pagamento, dizendo que, do contrário, terão que aumentar suas tarifas. De um jeito de outro, a conta cairá no bolso do consumidor ou no imposto do contribuinte. Não consta que, na época em que elas ganhavam com a diferença de índices, as tarifas tenham baixado ou os prazos de pagamento encurtados.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/05/hidreletricas-querem-rever-contrato-com-bndes.shtml
QUANTO CUSTA ABASTECER UM CARRO ELÉTRICO NO BRASIL?
Alessandro Reis, da UOL, entrevistou dois donos de carros elétricos para saber quanto eles estão gastando para usá-los. Os dois instalaram painéis fotovoltaicos em suas casas que geram, em geral, mais energia do que consomem. Os dois instalaram carregadores semi-rápidos que dão carga total em menos de 2 horas. Um deles tem um BMW-i3 e uma scooter elétrica. Ele anda em média 40 km nos dias úteis e, se não fossem as placas fotovoltaicas, gastaria mais ou menos R$ 0,11 por km rodado. Ele diz que, carregado, o carro roda 110 km só na bateria. Se precisar, o carro vem com um gerador a gasolina para dar estender a carga da bateria. Numa viagem de 250 km usando o gerador, ele gasta R$ 0,19 por km. O segundo entrevistado tem um Chevrolet Bolt e uma SUV Mitsubishi Outlander híbrida. O Bolt tem autonomia de 400 km. O proprietário diz que, por mês, consome em média 300 kWh em recargas e roda 2.500 km. Se não fosse pelas placas fotovoltaicas, ele gastaria cerca de R$ 270 ou R$ 0,11 por km rodado. Para comparação, gasta-se por volta de R$ 0,26 para rodar um quilômetro num VW Up 1.0, que faz 15 km/litro. Levantamento feito pela equipe do UOL encontrou menos de 3 mil veículos elétricos emplacados no Brasil. E são pouquíssimos os pontos de recarga públicos ou em estradas.
COSTA RICA QUER ZERAR CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS. E FAZENDEIROS DO PAÍS SE PREPARAM PARA MENOS CHUVAS
No seu discurso de posse, feito há duas semanas, o novo presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, fez uma promessa ousada para os dias de hoje: “Temos a bela e titânica tarefa de abolir o uso de combustíveis fósseis da nossa economia para dar lugar ao uso de (fontes de) energia limpas e renováveis. A descarbonização é a grande tarefa da nossa geração e a Costa Rica quer estar entre os primeiros países a alcançá-la, se não for o primeiro.”
No front da adaptação, fazendeiros daquele pequeno país estão instalando sistemas de coleta de água da chuva com capacidade de armazenamento de milhares de metros cúbicos de água em recipientes à prova de evaporação. Um destes sistemas, que tem a forma de uma pirâmide invertida e 1.000 m3 de capacidade, guarda água suficiente para abastecer uma pequena fazenda durante 4 meses. O desafio é o custo de implantação dos sistemas, o que torna necessário recorrer a fundos climáticos internacionais que nem sempre são fáceis de obter. Mas a entrada do novo governo abre a possibilidade de criação de escala suficiente para a redução substancial dos custos, o que tornaria o país mais resiliente à mudança do clima. Ao mesmo tempo em que mostra como se pode descarbonizar uma economia.
https://www.nacion.com/el-pais/politica/presidente-carlos-alvarado-el-tiempo-esta-a/DZJIOONIAZES5L6M75JA7KTNFI/story/
http://news.trust.org/item/20180511003028-sh6ed/
O PIOR CEGO É O QUE NÃO DEIXA OS OUTROS VEREM
Trump está desmontando o programa climático da Nasa por meio de cortes orçamentários. Os dados produzidos pelo órgão são fundamentais para a mensuração das concentrações dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera. Será prejudicado, também, o importante programa que acompanha os estoques de carbono nas florestas do Alasca, coisa que seria quase impossível de ser feita sem os satélites. O pessoal deste programa está desenvolvendo, junto com cientistas da Indonésia, um acompanhamento do carbono estocado nas florestas tropicais daquele país, e isso também corre o risco de parar. Para um dos cientistas do programa, “não é porque (algo) não é medido que o problema deixa de existir”.
https://www.washingtonexaminer.com/policy/energy/trump-dismantles-nasa-climate-change-program
TRUMP E OS IRMÃOS KOCH
Na segunda metade de abril, seis senadores democratas escreveram a Trump demandando explicações acerca de seus seus laços com os irmãos Koch. Na carta diziam que “os americanos têm o direito de saber se interesses particulares influenciam indevidamente as decisões de políticas públicas que têm profundas implicações para a saúde pública, o meio ambiente e a economia”, como a decisão de retirar os EUA do Acordo de Paris, a revogação do Plano de Energia Limpa de Obama, a agilização de autorizações para projetos de infraestrutura, a revogação dos limites dos planos de saúde de curto prazo e a implementação de cortes de impostos, entre outras.
Embora Charles e David Koch inicialmente tenham se oposto a Trump, uma pesquisa do grupo de vigilância Public Citizen revelou que mais de 20 altos funcionários da Trump White House têm laços com a rede dos Koch. Somando funcionários de alto escalão, a ProPublica identificou mais de 100 pessoas desta rede na Casa Branca de Trump, inclusive pessoas tão poderosas quanto o vice-presidente, Mike Pence, que sempre foi próximo aos Koch; Mike Pompeo, que representou o distrito em que os irmãos Koch moram e operam; o administrador da EPA, Scott Pruitt; bem como o assessor de assuntos legislativos da Casa Branca, Marc Short e Kellyanne Conway, quem costumava fazer enquetes para um dos grupos apoiados pelos Koch, o Americans for Prosperity.
Em entrevista ao “Living Earth” dada em 11 de maio, o senador democrata por Rhode Island, Sheldon Whitehouse, disse que o envolvimento dos Koch na Casa Branca de Trump é tamanho que chega a ser difícil distinguir se esta é realmente uma administração Trump ou uma administração Koch operando com a conivência ou permissão dos Trump. Os irmãos Koch estão entre os maiores investidores do mundo em combustíveis fósseis, detêm oleodutos, grandes participações no refino do petróleo e na indústria petroquímica. Whitehouse, disse na entrevista que “muito da chamada agenda desreguladora dos Koch nada mais é do que uma cobertura para que possam continuar a poluir sem nenhum controle governamental”, e que “os irmãos Koch apóiam grupos cujo único propósito é lavar sua identidade e a de outros doadores, de maneira que seja difícil acompanhar o dinheiro por trás destes grupos de fachada (…) eles gastam muito dinheiro se infiltrando em universidades para criar um verniz de legitimidade (…) O propósito de tudo isso é criar múltiplas vozes dizendo a mesma coisa, e ocultar que por trás de todos esses tentáculos está a mesma criatura”.
Os Koch também têm contribuído para o avanço da direita na América Latina e, particularmente, no Brasil. Sobre isto, vale a leitura da matéria feita pela agência A Pública no último link desta nota.
http://www.loe.org/shows/segments.html?programID=18-P13-00019&segmentID=1
http://www.mcclatchydc.com/news/politics-government/white-house/article209373184.html
https://apublica.org/2015/06/a-nova-roupa-da-direita/
REINO UNIDO NÃO PRECISA DE NOVAS TÉRMICAS A GÁS
A Sandbag, ONG baseada no Reino Unido, produziu um estudo mostrando que o país não precisa de mais térmicas a gás porque o parque existente e as renováveis dão conta do recado sem problemas. O grande debate em vários lugares, inclusive no Brasil, se dá em torno da intermitência do vento e da luz do Sol. As térmicas a gás são vendidas como a transição necessária de uma matriz elétrica tocada a carvão, para uma futura, baseada só em renováveis. O pessoal da Sandbag mostra que não será preciso transição alguma. No final de 2016, havia sete térmicas a carvão, com capacidade de 14 GW, que precisavam ser desativadas. De lá para cá, foi contratada para substituir cinco delas uma combinação de baterias com gerenciamento de demanda e pequenas térmicas a gás para horários de pico. Isso tudo entra em operação nos próximos 18 meses. O trabalho da Sandbag mostra que a capacidade e despacho das duas termelétricas a carvão restantes pode perfeitamente ser substituída por renováveis. Por trás do interesse do governo no gás estão a Drax, uma das maiores energéticas britânicas, e a RWE, uma das maiores da Alemanha. A etiqueta de preço desta disputa é medida em bilhões de euros.
https://sandbag.org.uk/project/coal-to-clean/
https://www.thetimes.co.uk/article/coal-fired-plants-crucial-to-keep-britain-in-business-0j3pzgcwr
TEMPESTADES MORTAIS ATINGEM A ÍNDIA
Fortes tempestades com ventos acima de 120 km/h varreram o norte da Índia neste final de semana, matando 88 pessoas em enchentes e desabamentos. Nas últimas duas semanas, séries de tempestades deixaram mais de 200 mortos e centenas de feridos. A meteorologia diz que vêm mais tempestades durante esta semana.
http://www.dw.com/en/scores-dead-as-powerful-dust-storm-heavy-rains-strike-india/a-43771545
http://news.trust.org/item/20180514081525-ylt33/
MUDANÇA CLIMÁTICA FAZ CEREJEIRAS JAPONESAS BROTAREM MAIS CEDO
O clima está mudando e no Japão fez mais calor do que o habitual durante o mês de março. Resultado: as famosas cerejeiras japonesas começaram a brotar antes da hora. Em 14 cidades, elas bateram recordes históricos, com árvores brotando até 11 dias antes do esperado.
Para ir e acompanhar
UMA DOSE DE CIÊNCIA
Começou ontem o maior festival de divulgação da ciência no mundo todo. Aqui serão mais de centenas de eventos, em 56 cidades, hoje e amanhã. A programação completa está no site abaixo, selecionando os eventos no Brasil.
http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/mais-uma-dose-de-ciencia-por-favor/
Siga o ClimaInfo nas redes sociais: www.facebook.com/climainfo e www.twitter.com/climainfonews