ClimaInfo, 15 de maio 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA NÃO CONSEGUIRÁ CUMPRIR O PROJETO DE LEI DOS AGROTÓXICOS

O ministério da agricultura informa: se a lei dos agrotóxicos for aprovada com o conteúdo que vem tramitando pela câmara, não haverá como cumprir um dos pontos mais defendidos pela bancada ruralista: o prazo para liberação de novos agrotóxicos. O PL quer que o parecer sobre um novo produto seja dado exclusivamente pelo ministério da agricultura (hoje tem que passar pela Anvisa) e que este saia em 12 meses, depois dos quais o produto é automaticamente liberado. Técnicos do próprio ministério dizem não existirem condições técnicas para a avaliação dos impactos de um novo produto em prazo tão exíguo. Assim, na prática, o projeto de lei dá um ‘liberou geral’ para o uso de venenos no campo, exatamente no sentido contrário do que acontece hoje no hemisfério norte e na China.

http://www.valor.com.br/agro/5517979/ate-agricultura-critica-pl-do-agrotoxico#

 

AGROTÓXICO ROUNDUP FAZ MAIS MAL À SAÚDE DO QUE SE SUPUNHA

O governo norte-americano divulgou o resultado de uma ampla pesquisa sobre os impactos à saúde humana do uso de agrotóxicos. Já se sabe de há muito do efeito dos princípios ativos. Por exemplo, um dos mais comercializados, o glifosato presente no Roundup, da Monsanto, é tido como cancerígeno desde 2015. Agora, pesquisadores do Programa Nacional de Toxicologia dos EUA testaram um conjunto de compostos químicos além do glifosato em si, examinando a toxicidade de alguns produtos mais complexos comercializados no mercado. Os testes indicaram que há um grande risco de que esses compostos sejam mais prejudiciais à saúde do que se tinha conhecimento. E, também, destacaram que para conhecer melhor os efeitos seria preciso conhecer a composição exata e completa dos produtos, hoje, um segredo industrial. Os pesquisadores acham, inclusive, que nem as próprias empresas têm noção completa do mal que podem estar provocando.

https://amp.theguardian.com/us-news/2018/may/08/weedkiller-tests-monsanto-health-dangers-active-ingredient

 

CHINA IMPÕE DURAS REGRAS AMBIENTAIS AOS AGROTÓXICOS. PREÇOS SOBEM E ESTIMULAM EMPREGO DE BIOPESTICIDAS

O governo chinês começou a fiscalizar a sério a produção de agrotóxicos no país. O resultado é um aumento no preço destes venenos. O reflexo disso aqui no Brasil foi um movimento no sentido do aumento da capacidade nacional de produção de venenos de modo a baratear os custos para o agricultor. Alguns fabricantes já falam em produzi-los por aqui.

A China está dando passos ainda maiores. O país interrompeu a produção de 12 agrotóxicos mais perniciosos e deve retirá-los completamente do mercado nos próximos anos. Além disso, a China quer que as vendas parem de crescer a partir de 2020. Para isto, criou um programa de desenvolvimento e melhoria de biodefensivos e campanhas de divulgação e capacitação no seu uso.
http://www.valor.com.br/agro/5509435/o-peso-do-maior-rigor-ambiental-chines#

http://tvterraviva.band.uol.com.br/noticia/100000912270/china-investe-cada-vez-mais-em-biopesticidas.html

 

HIDRELÉTRICAS QUEREM SOCIALIZAR MAIS PREJUÍZOS

A construção das últimas grandes hidrelétricas brasileiras contou com o financiamento a juros subsidiados pelo BNDES. Estes juros foram fixados abaixo da taxa Selic, mesmo as tarifas sendo reajustadas pela inflação. Enquanto a Selic e a inflação andavam nas alturas, as empresas lucravam com essa diferença. Nos últimos tempos, a situação se inverteu: a Selic está em 6,5% e o IPCA em torno de 3,5%, ou seja, o pagamento dos juros aumentou mais do que as receitas. As empresas estão sugerindo a negociação de um novo contrato, alongando o período de pagamento, dizendo que, do contrário, terão que aumentar suas tarifas. De um jeito de outro, a conta cairá no bolso do consumidor ou no imposto do contribuinte. Não consta que, na época em que elas ganhavam com a diferença de índices, as tarifas tenham baixado ou os prazos de pagamento encurtados.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/05/hidreletricas-querem-rever-contrato-com-bndes.shtml

 

QUANTO CUSTA ABASTECER UM CARRO ELÉTRICO NO BRASIL?

Alessandro Reis, da UOL, entrevistou dois donos de carros elétricos para saber quanto eles estão gastando para usá-los. Os dois instalaram painéis fotovoltaicos em suas casas que geram, em geral, mais energia do que consomem. Os dois instalaram carregadores semi-rápidos que dão carga total em menos de 2 horas. Um deles tem um BMW-i3 e uma scooter elétrica. Ele anda em média 40 km nos dias úteis e, se não fossem as placas fotovoltaicas, gastaria mais ou menos R$ 0,11 por km rodado. Ele diz que, carregado, o carro roda 110 km só na bateria. Se precisar, o carro vem com um gerador a gasolina para dar estender a carga da bateria. Numa viagem de 250 km usando o gerador, ele gasta R$ 0,19 por km. O segundo entrevistado tem um Chevrolet Bolt e uma SUV Mitsubishi Outlander híbrida. O Bolt tem autonomia de 400 km. O proprietário diz que, por mês, consome em média 300 kWh em recargas e roda 2.500 km. Se não fosse pelas placas fotovoltaicas, ele gastaria cerca de R$ 270 ou R$ 0,11 por km rodado. Para comparação, gasta-se por volta de R$ 0,26 para rodar um quilômetro num VW Up 1.0, que faz 15 km/litro. Levantamento feito pela equipe do UOL encontrou menos de 3 mil veículos elétricos emplacados no Brasil. E são pouquíssimos os pontos de recarga públicos ou em estradas.

https://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/11/donos-de-carro-eletrico-contam-quanto-pagam-de-conta-de-luz-aqui-no-brasil.htm

https://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/04/carregador-de-carro-eletrico-quanto-custa-instalar-em-casa-ou-no-trabalho.htm

 

COSTA RICA QUER ZERAR CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS. E FAZENDEIROS DO PAÍS SE PREPARAM PARA MENOS CHUVAS

No seu discurso de posse, feito há duas semanas, o novo presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, fez uma promessa ousada para os dias de hoje: “Temos a bela e titânica tarefa de abolir o uso de combustíveis fósseis da nossa economia para dar lugar ao uso de (fontes de) energia limpas e renováveis. A descarbonização é a grande tarefa da nossa geração e a Costa Rica quer estar entre os primeiros países a alcançá-la, se não for o primeiro.”

No front da adaptação, fazendeiros daquele pequeno país estão instalando sistemas de coleta de água da chuva com capacidade de armazenamento de milhares de metros cúbicos de água em recipientes à prova de evaporação. Um destes sistemas, que tem a forma de uma pirâmide invertida e 1.000 m3 de capacidade, guarda água suficiente para abastecer uma pequena fazenda durante 4 meses. O desafio é o custo de implantação dos sistemas, o que torna necessário recorrer a fundos climáticos internacionais que nem sempre são fáceis de obter. Mas a entrada do novo governo abre a possibilidade de criação de escala suficiente para a redução substancial dos custos, o que tornaria o país mais resiliente à mudança do clima. Ao mesmo tempo em que mostra como se pode descarbonizar uma economia.
https://www.nacion.com/el-pais/politica/presidente-carlos-alvarado-el-tiempo-esta-a/DZJIOONIAZES5L6M75JA7KTNFI/story/

https://www.independent.co.uk/environment/costa-rica-fossil-fuels-ban-president-carlos-alvarado-climate-change-global-warming-a8344541.html

http://news.trust.org/item/20180511003028-sh6ed/

 

O PIOR CEGO É O QUE NÃO DEIXA OS OUTROS VEREM

Trump está desmontando o programa climático da Nasa por meio de cortes orçamentários. Os dados produzidos pelo órgão são fundamentais para a mensuração das concentrações dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera. Será prejudicado, também, o importante programa que acompanha os estoques de carbono nas florestas do Alasca, coisa que seria quase impossível de ser feita sem os satélites. O pessoal deste programa está desenvolvendo, junto com cientistas da Indonésia, um acompanhamento do carbono estocado nas florestas tropicais daquele país, e isso também corre o risco de parar. Para um dos cientistas do programa, “não é porque (algo) não é medido que o problema deixa de existir”.

https://www.washingtonexaminer.com/policy/energy/trump-dismantles-nasa-climate-change-program

http://www.sciencemag.org/news/2018/05/trump-white-house-quietly-cancels-nasa-research-verifying-greenhouse-gas-cuts

 

TRUMP E OS IRMÃOS KOCH

Na segunda metade de abril, seis senadores democratas escreveram a Trump demandando explicações acerca de seus seus laços com os irmãos Koch. Na carta diziam que “os americanos têm o direito de saber se interesses particulares influenciam indevidamente as decisões de políticas públicas que têm profundas implicações para a saúde pública, o meio ambiente e a economia”, como a decisão de retirar os EUA do Acordo de Paris, a revogação do Plano de Energia Limpa de Obama, a agilização de autorizações para projetos de infraestrutura, a revogação dos limites dos planos de saúde de curto prazo e a implementação de cortes de impostos, entre outras.

Embora Charles e David Koch inicialmente tenham se oposto a Trump, uma pesquisa do grupo de vigilância Public Citizen revelou que mais de 20 altos funcionários da Trump White House têm laços com a rede dos Koch. Somando funcionários de alto escalão, a ProPublica identificou mais de 100 pessoas desta rede na Casa Branca de Trump, inclusive pessoas tão poderosas quanto o vice-presidente, Mike Pence, que sempre foi próximo aos Koch; Mike Pompeo, que representou o distrito em que os irmãos Koch moram e operam; o administrador da EPA, Scott Pruitt; bem como o assessor de assuntos legislativos da Casa Branca, Marc Short e Kellyanne Conway, quem costumava fazer enquetes para um dos grupos apoiados pelos Koch, o Americans for Prosperity.

Em entrevista ao “Living Earth” dada em 11 de maio, o senador democrata por Rhode Island, Sheldon Whitehouse, disse que o envolvimento dos Koch na Casa Branca de Trump é tamanho que chega a ser difícil distinguir se esta é realmente uma administração Trump ou uma administração Koch operando com a conivência ou permissão dos Trump. Os irmãos Koch estão entre os maiores investidores do mundo em combustíveis fósseis, detêm oleodutos, grandes participações no refino do petróleo e na indústria petroquímica. Whitehouse, disse na entrevista que “muito da chamada agenda desreguladora dos Koch nada mais é do que uma cobertura para que possam continuar a poluir sem nenhum controle governamental”, e que “os irmãos Koch apóiam grupos cujo único propósito é lavar sua identidade e a de outros doadores, de maneira que seja difícil acompanhar o dinheiro por trás destes grupos de fachada (…) eles gastam muito dinheiro se infiltrando em universidades para criar um verniz de legitimidade (…) O propósito de tudo isso é criar múltiplas vozes dizendo a mesma coisa, e ocultar que por trás de todos esses tentáculos está a mesma criatura”.

Os Koch também têm contribuído para o avanço da direita na América Latina e, particularmente, no Brasil. Sobre isto, vale a leitura da matéria feita pela agência A Pública no último link desta nota.

http://www.loe.org/shows/segments.html?programID=18-P13-00019&segmentID=1

http://www.mcclatchydc.com/news/politics-government/white-house/article209373184.html

https://apublica.org/2015/06/a-nova-roupa-da-direita/

 

REINO UNIDO NÃO PRECISA DE NOVAS TÉRMICAS A GÁS

A Sandbag, ONG baseada no Reino Unido, produziu um estudo mostrando que o país não precisa de mais térmicas a gás porque o parque existente e as renováveis dão conta do recado sem problemas. O grande debate em vários lugares, inclusive no Brasil, se dá em torno da intermitência do vento e da luz do Sol. As térmicas a gás são vendidas como a transição necessária de uma matriz elétrica tocada a carvão, para uma futura, baseada só em renováveis. O pessoal da Sandbag mostra que não será preciso transição alguma. No final de 2016, havia sete térmicas a carvão, com capacidade de 14 GW, que precisavam ser desativadas. De lá para cá, foi contratada para substituir cinco delas uma combinação de baterias com gerenciamento de demanda e pequenas térmicas a gás para horários de pico. Isso tudo entra em operação nos próximos 18 meses. O trabalho da Sandbag mostra que a capacidade e despacho das duas termelétricas a carvão restantes pode perfeitamente ser substituída por renováveis. Por trás do interesse do governo no gás estão a Drax, uma das maiores energéticas britânicas, e a RWE, uma das maiores da Alemanha. A etiqueta de preço desta disputa é medida em bilhões de euros.

https://sandbag.org.uk/project/coal-to-clean/

https://www.theguardian.com/business/2018/may/13/from-coal-to-clean-uk-does-not-need-to-turn-to-gas-says-wwf

https://www.thetimes.co.uk/article/coal-fired-plants-crucial-to-keep-britain-in-business-0j3pzgcwr

 

TEMPESTADES MORTAIS ATINGEM A ÍNDIA

Fortes tempestades com ventos acima de 120 km/h varreram o norte da Índia neste final de semana, matando 88 pessoas em enchentes e desabamentos. Nas últimas duas semanas, séries de tempestades deixaram mais de 200 mortos e centenas de feridos. A meteorologia diz que vêm mais tempestades durante esta semana.

https://timesofindia.indiatimes.com/india/80-dead-136-injured-in-5-states-due-to-lightning-strikes-thunderstorms/articleshow/64162709.cms

http://www.dw.com/en/scores-dead-as-powerful-dust-storm-heavy-rains-strike-india/a-43771545

http://news.trust.org/item/20180514081525-ylt33/

 

MUDANÇA CLIMÁTICA FAZ CEREJEIRAS JAPONESAS BROTAREM MAIS CEDO

O clima está mudando e no Japão fez mais calor do que o habitual durante o mês de março. Resultado: as famosas cerejeiras japonesas começaram a brotar antes da hora. Em 14 cidades, elas bateram recordes históricos, com árvores brotando até 11 dias antes do esperado.

https://www.japantimes.co.jp/news/2018/05/13/national/early-peaking-japans-cherry-blossoms-laid-warmer-march-climate-change/

 

Para ir e acompanhar

UMA DOSE DE CIÊNCIA

Começou ontem o maior festival de divulgação da ciência no mundo todo. Aqui serão mais de centenas de eventos, em 56 cidades, hoje e amanhã. A programação completa está no site abaixo, selecionando os eventos no Brasil.

http://pintofscience.com.br/

http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/mais-uma-dose-de-ciencia-por-favor/

https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/05/festival-leva-cientistas-ao-bar-para-debaterem-suas-pesquisas-com-o-publico.shtml

 

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