ClimaInfo , 11 de junho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

MUDANÇA DO CLIMA AMEAÇA LITORAL DE SÃO PAULO E FORÇA MIGRAÇÃO INTERNA

O secretário de meio ambiente do Estado de São Paulo, e seus pares dos municípios do litoral do estado, assinaram um documento dizendo que a mudança do clima vai afetar suas cidades com o aumento do nível do mar e ressacas mais fortes provocando mais erosão das praias e costões. Os secretários criaram um fórum permanente para aumentar sua força política. Uma pesquisa do Instituto Geológico do Estado indicou que mais da metade das praias paulistas têm risco alto de erosão ou de simplesmente desaparecerem. Com menos receita de turismo, o desemprego na região aumentará e haverá, possivelmente, deslocamento de parte da população. Uma matéria d’O Estado de S. Paulo traz um mapa com os principais impactos ao longo de todo o litoral paulista.

São Paulo e o Brasil também estão vendo o aumento do deslocamento interno de pessoas por conta de desastres “naturais”: 71 mil tiveram que deixar suas casas em 2017, cinco vezes o registrado em 2016, segundo o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno da ONU. São os refugiados climáticos internos que começam a aparecer no radar. Em todo o mundo, a ONU estima que 18,8 milhões de pessoas tiveram que abandonar seus lares em 2017 por conta de desastres.

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/06/secretarios-de-ambiente-do-litoral-de-sp-pedem-acoes-contra-mudanca-climatica.shtml

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,risco-de-erosao-e-alto-em-51-do-litoral-de-sp,70002344597

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/06/deslocamentos-internos-causados-por-desastres-aumentam-no-pais.shtml

 

UMA TRAGÉDIA MUITO MAIOR DO QUE O 7 x 1

Na série de artigos que a Folha de S. Paulo está publicando sobre a Copa de cada um, Eliane Brum escreveu sobre uma visita que fez à Granja Comary em 2014. Naquele momento, alguém juntou crianças que perderam suas famílias nos deslizamentos de barrancos na região da Granja: “Na noite de 12 de janeiro de 2011, elas perderam mãe, pai, irmãos, tios, primos, a casa. Tudo soterrado pela enchente e pelo descaso do poder público. Um menino me contou que perdeu a mãe e 26 parentes. Seu pai ficou soterrado por 16 horas. Ele era um dos pedreiros que havia construído a Granja Comary. O menino foi arrastado por quatro quilômetros pelas águas, a cicatriz marcada no corpo para sempre. Na arquibancada da Granja Comary havia crianças que ainda acordavam à noite gritando… Os 50 que conseguiram ultrapassar os vários portões da Granja foram escolhidos ‘pelo critério de quem perdeu mais gente’. Como numa competição. O ingresso para estar na arquibancada era a quantidade de mortos”.

E muitos acham que os 7×1 foram uma tragédia.

https://www.uol/copadomundo/especiais/copa-brasileira-de-letras-2014-eliane-brum.htm#antes-do-7×1

 

DESMENTIDA MAIS UMA MENTIRA DO AGRONEGÓCIO

Inspirado pelo filme Sob a pata do boi, o economista Carlos Eduardo Young, da UFRJ, desmascarou na sua página de Facebook mais uma mentira da campanha do agro que se diz tudo. Analisando dados do IBGE, Young mostrou que 3,6 milhões de pessoas perderam seus empregos entre 2000 e 2015 nos setores de agricultura, silvicultura, exploração florestal, pecuária e pesca. Os empregos no subsetor de pecuária e pesca caíram, entre 2000 e 2015, de 8,5 milhões para 6,7 milhões. E esta queda no emprego do subsetor ocorreu enquanto o PIB do agro se multiplicou por quatro entre 2000 e 2015. Ou seja, quanto mais boi, mais desemprego no campo… e menos floresta no país.

https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/contas-nacionais.html

 

CRESCE A PRODUÇÃO NACIONAL DE ETANOL DE MILHO

Uma nova destilaria no Mato Grosso está projetada para produzir 500 milhões de litros por ano e abrir 8.500 empregos, diretos e indiretos, além de recolher R$ 80 milhões em impostos. Hoje, o maior produtor de etanol no mundo são os EUA, cuja base de produção é o milho. Muito mais do que fabricar bourbons, o incentivo governamental norte-americano para a produção de etanol fez do Brasil um importador de álcool. O milho começou a interessar destilarias no Brasil por causa do plantio da 2a safra após a soja, o que amplia a lucratividade da terra, porque o milho complementa muito bem a soja. Com os sinais favoráveis ao etanol, reforçados recentemente pelo Renovabio, a produção vem aumentando e, portanto, barateando o custo de produção.

http://www.inputbrasil.org/publicacoes/analise-socioeconomica-e-ambiental-da-producao-de-etanol-de-milho-no-centro-oeste-brasileiro/

http://www.valor.com.br/agro/5576511/estudo-mapeia-reflexos-positivos-do-etanol-de-milho

 

É PRECISO DESCARBONIZAR O SETOR ELÉTRICO

A geração de eletricidade por termelétricas a carvão no Brasil não é expressiva (menos de 3% da geração total em 2016), mas a resistência em desligá-la é grande. Existem dois pólos do carvão hoje no país. A região mais tradicional fica perto das minas do Sul do país, onde se localiza o complexo Jorge Lacerda, em Santa Catarina, e as térmicas da região de Candiota, no Rio Grande do Sul. A Engie está tentando vender os 1,2 GW de Jorge Lacerda e a UTE Pampa Sul, sem sucesso até agora. No Nordeste estão as três projetadas por Eike Batista, duas em Pecém, no Ceará, e uma em Itaqui, ao lado de São Luiz do Maranhão.

O carvão do Sul do país emprega cerca de 5 mil pessoas e a associação patronal tem nestes empregos seu principal argumento para resistir ao fechamento. Já o carvão queimado no Ceará e no Maranhão é importado de uma mina na Colômbia que também era de Eike Batista. Desativar estas usinas parece ser muito mais uma decisão política do que econômica. Consultados, especialistas brasileiros dizem apoiar o fechamento das térmicas a carvão, embora divirjam em relação às térmicas a gás.

Dado o crescimento acelerado da eólica e da fotovoltaica, a geração a carvão é perfeitamente dispensável. Fechar as térmicas a carvão é um primeiro passo importante para reduzir as emissões do setor elétrico.

https://www.canalenergia.com.br/especiais/53064057/a-descarbonizacao-do-setor-avanca

http://greenpeace.org.br/revolucao/

 

UM PASSO ATRÁS NO IMPÉRIO DO SOL

Marcelo Leite retomou na Folha de S. Paulo a notícia que comentamos aqui na semana passada sobre a China ter anunciado o fim dos subsídios tariff-in para o solar fotovoltaico. Ele fala em seu artigo da possibilidade bastante provável dos preços dos painéis caírem 35% no mercado internacional até o final de 2018, já que a indústria solar chinesa precisará procurar novos mercados. Entre os maiores beneficiados, estão, segundo Leite, a Índia e a Arábia Saudita, países que têm metas e programas solares bastante ousados.

De uma forma ou de outra, todos os mercados serão beneficiados, uns mais, outros menos, dependendo de suas políticas. O Brasil? Bem, o Brasil “tem muita luz solar e muito território. Mas por aqui só se discute o subsídio ao diesel”.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2018/06/um-passo-atras-no-imperio-do-sol.shtml

 

NA REUNIÃO DO G7, SEIS REFORÇAM COMPROMISSO CLIMÁTICO E TRUMP É MAL-CRIADO MAIS UMA VEZ

Seis países membros do G7 reunidos no Canadá neste final de semana emitiram uma declaração final reafirmando os compromissos assumidos em Paris e prometendo aumentar tanto a ambição das metas quanto o apoio aos países em desenvolvimento em ações de mitigação e adaptação. Neste ano, os EUA não assinaram a declaração conjunta, nem com ressalvas como o fizeram no ano passado.

Trump chegou atrasado e saiu antes do final da Cúpula, mas “causou” mesmo assim. Reclamou de seus 6 parceiros levarem vantagens no comércio com os EUA, disse que acabaria com esta festa e inventou de convidar a Rússia a se juntar outra vez ao grupo dos mais ricos. Para culminar, já no avião que o levou a Singapura, twittou dizendo que o primeiro ministro canadense, Justin Trudeau, é “muito desonesto & fraco”.

Por conta disso tudo, o título de uma matéria do tradicional The New Yorker diz que, sob Trump, a “America First” está se tornando uma América isolada (Under Trump, “America First” really is turning out to be America Alone).

https://g7.gc.ca/en/official-documents/charlevoix-g7-summit-communique/

http://www.dw.com/pt-br/trump-retira-apoio-a-declara%C3%A7%C3%A3o-conjunta-do-g7/a-44145842

https://www.express.co.uk/news/world/971989/g7-summit-2018-theresa-may-g7-latest-donald-trump-us-trade-war-eu-tariffs

https://mobile.nytimes.com/2018/06/09/world/g7-trump-russia.html

https://www.newyorker.com/news/letter-from-trumps-washington/under-trump-america-first-really-is-turning-out-to-be-america-alone

 

PAPA FRANCISCO QUER PLANOS DAS PETROLEIRAS PARA AS RENOVÁVEIS

O Papa Francisco convidou os CEOs das grandes petroleiras privadas para uma reunião de dois dias. Ele foi direto ao ponto ao dizer que, por conta das mudanças do clima, as petroleiras têm que colocar em seus planos o abandono do petróleo e a migração para as fontes renováveis. Antecipando a tradicional desculpa destas empresas – “o petróleo é necessário para tirar bilhões de pessoas da pobreza” – Francisco disse que a energia para eliminar a pobreza e a fome tem que ser limpa: “Nosso desejo de garantir energia a todos não pode levar ao efeito indesejado de uma espiral de extremos climáticos devido a uma catastrófica elevação da temperatura”.

,https://www.theguardian.com/world/2018/jun/09/pope-francis-tells-oil-bosses-world-must-wean-itself-off-fossil-fuels

https://www.lemonde.fr/energies/article/2018/06/08/les-institutions-religieuses-a-la-pointe-du-combat-contre-les-combustibles-fossiles_5311677_1653054.html

 

AS EMPRESAS EUROPEIAS QUE MAIS EMITEM

A Carbon Market Data publicou a lista das empresas que mais emitiram gases de efeito estufa na Europa em 2017. A alemã RWE continua em primeiro lugar disparado, embora tenha reduzido suas emissões de 142 MtCO2e em 2016 para 129 MtCO2e no ano passado. O segundo lugar continua ocupado pela checa EPH, cujas emissões aumentaram de 82 MtCO2e para 89 MtCO2e. A Enel, que recém-comprou a Eletropaulo, segue ocupando a terceira colocação, embora tenha reduzido suas emissões de 62 MtCO2e para 58,4 MtCO2e. A polonesa PGE emitiu um pouco menos, 58 MtCO2e em 2017 e ocupa a quarta posição. Enquanto isso, a Xcel, uma das grandes geradoras norte-americanas anunciou que fechará mais duas de suas térmicas a carvão e continuará a expandir seu parque renovável.

https://www.carbonmarketdata.com/files/publications/EU%20ETS%202017%20Company%20Rankings%20-%207%20June%202018.pdf

http://ieefa.org/xcel-seeks-to-close-two-more-coal-plants-add-renewables/

 

DIA MUNDIAL DOS OCEANOS EM MUDANÇA DE CIRCULAÇÃO

Sexta passada foi o Dia Internacional dos Oceanos. Muito do que saiu na mídia se referiu ao grave problema da poluição por plásticos que está ameaçando tanto a fauna marítima quanto ecossistemas inteiros. Mas um artigo da Climate Central deu destaque a outro problema, este causado ou amplificado pelo aquecimento global: a circulação termohalina, a grande corrente de água quente e água fria que percorre a superfície e o fundo de todos os oceanos. O artigo foca no que está acontecendo no Atlântico Norte, onde a corrente parece estar se ralentando. Até há pouco, as águas quentes que seguiam pela superfície desde os trópicos até o Ártico, no caminho esfriavam, afundavam e voltavam para os trópicos mais próximas ao fundo do mar. Acontece que a água doce do degelo da Groenlândia está se misturando à água ainda quente, que por conta disso, não mais afunda como anteriormente. Isto está ajudando a esfriar o Norte da Europa e a aquecer o litoral leste do Canadá e dos EUA.

Água mais quente no Atlântico é combustível para furacões mais fortes. Além de bagunçar ecossistemas para todo lado.

http://medialibrary.climatecentral.org/resources/global-ocean-conveyer-belt

 

CONCENTRAÇÃO DE CO2 NA ATMOSFERA CHEGA A 411 PPM

O Observatório de Mauna Loa, no Havaí, anunciou que a média mensal da concentração de dióxido de carbono medida na atmosfera foi de 411 ppm (partes por milhão), a mais alta já registrada. Também confirmou que a concentração vem subindo cada vez mais rapidamente: de 1,6 ppm por ano, na década de 80, e 1,5 ppm por ano, na década de 90, para 2,2 ppm por ano nos últimos dez anos. Apesar da recente ligeira desaceleração das emissões, a concentração de CO2 continua a subir, o que pode indicar um começo de cansaço dos sistemas terrestres que sequestram carbono da atmosfera.

https://e360.yale.edu/digest/co2-levels-break-another-record-exceeding-411-parts-per-million

 

Para ir

VELO-CITY2018

O Rio recebe nesta semana a principal conferência internacional sobre ciclismo e mobilidade urbana. Imperdível para quem trabalha ou se interessa pelo transporte ativo.

De 12 a 15/6, no Pier Mauá.

https://www.velo-city2018.rio/

 

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