ClimaInfo, 12 de junho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

DESMATAMENTO NO AMAPÁ É MULTADO EM R$ 19 MILHÕES

O Ministério Público Federal divulgou os nomes de 82 pessoas e empresas responsáveis por desmatamentos ilegais no Amapá entre agosto de 2017 e julho de 2017. A soma das multas chega a R$ 19 bilhões. Este grupo faz parte das 2.062 pessoas e empresas responsáveis pelo desmatamento da Amazônia no mesmo período. O programa Amazônia Protege, do MPF, estima que o total das multas ultrapassará os R$ 2,5 bilhões. A operação se baseou em fotos de satélite para identificar as áreas onde ocorreram o corte raso da floresta.

https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/responsaveis-por-desmatamento-no-ap-poderao-pagar-r-184-milhoes-em-multas.ghtml

 

A MOTOSSERRA SEGUE SOLTA EM RONDÔNIA

Um infográfico divulgado pela empresa Biofílica mostra que restam relativamente poucas áreas com cobertura vegetal nativa em Rondônia. No estado, o desmatamento que tomou impulso na década de 1980 com a abertura e o asfaltamento da BR-364, a estrada que liga Cuiabá a Porto Velho e a Rio Branco, não apresentou uma queda significativa entre 2004 e 2008, como ocorreu em outros estados da região. Os dados mostram que o vai e vem do desmatamento acompanha a intensidade das operações de fiscalização e autuação. Segundo o infográfico, “mesmo com o conhecimento desse cenário, os esforços de combate ao desmatamento realizados pelo estado de Rondônia têm sido insuficientes em razão, principalmente, da falta de recursos e da estrutura precária para realização de fiscalização.”

http://biofilica.com.br/boletins/campanhas/Infografico_Desmatamento_RO/Desmatamento_Rond%C3%B4nia2017.pdf

 

PROJETO QUER ZERAR IMPOSTOS E SUBSIDIAR ENERGIA FOTOVOLTAICA

O deputado Augusto Carvalho (SD/DF) quer criar uma Política Nacional de Energia Solar Fotovoltaica. O deputado protocolou um Projeto de Lei que prevê isenção do IPI e do PIS/Cofins tanto para os equipamentos quanto para a energia entregue à rede, dedução no imposto de renda de até 25% do custo da instalação dos sistemas, linhas de financiamento e outros incentivos. Por meio destes e outros incentivos, o plano apresentado pelo deputado quer: 4,5 GW de capacidade fotovoltaica instalados até 2025; chegar a 5 milhões de sistemas pequenos e médios até 2030; e chegar, até 2030, a 22,5 GW de capacidade descentralizada, a qual somada às centrais de maior porte, levariam a um total de capacidade instalada no país de 30 GW. O PL estabelece que pelo menos 70% da demanda projetada para as moradias construídas em projetos de habitação de interesse social seja atendida por meio de sistemas de microgeração e minigeração fotovoltaica distribuída a partir de 2020. É um incentivo e tanto. A ver o que acontece com o PL ao longo de sua tramitação.

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=1D27A7639D9C7C0EFA90F5C0D500B2A4.proposicoesWebExterno2?codteor=1666385&filename=PL+10370/2018

http://epbr.com.br/projeto-zera-impostos-para-energia-solar-e-cria-programa-para-5-milhoes-de-sistemas-de-cogeracao-ate-2030

 

TEMER ERROU A CONTA DO SUBSÍDIO AO DIESEL EM R$ 1,2 BILHÃO

A Instituição Fiscal Independente do Senado Federal refez as contas do subsídio ao diesel e chegou a um total de R$ 5,2 bilhões, 30% acima da estimativa de R$ 4 bilhões feita pelo governo. Com isto, o custo total da “bolsa caminhoneiro” chegará a R$ 14,7 bilhões, R$ 1,2 bilhão acima das projeções da equipe econômica de Temer.

Mais uma vez salta aos olhos o tamanho do desgoverno Temer. Suas contas e decisões não duram mais que alguns poucos dias, se tanto. Assim, a equipe de transição do futuro presidente eleito ficará mais ocupada em descobrir o tamanho dos rombos que se acumularam ao longo do caminho, do que em aprender a fazer funcionar a máquina do estado.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,estudo-diz-que-subsidio-ao-diesel-supera-previsto,70002345513

 

APLICATIVO COLOCA CATADORES DE RECICLÁVEIS NO MAPA

“O pessoal está notando que a gente existe”, é o que repetem catadores de recicláveis cadastrados no aplicativo Cataki. O aplicativo indica os catadores de uma região em um mapa por meio de ícones de carroças e o usuário solicita um catador para entregar os resíduos recicláveis. Segundo a ONG Pimp My Carroça, que desenvolveu o aplicativo junto com o grafiteiro e ativista Mundano, 90% do lixo reciclado no país é recolhido por catadores. Em fevereiro, o aplicativo ganhou o grande prêmio da Netexplo por ser o destaque em matéria de inovação em tecnologias digitais voltadas para iniciativas sociais e econômicas. Na cerimônia, Mundano disse que “no mundo todo, as empresas estão gastando bilhões falando em sustentabilidade. Mas estas são as pessoas que estão agindo na prática. Ao conectá-las, podemos aumentar sua renda e ajudá-los em sua missão”.

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44400380

 

É POSSÍVEL UM IMPOSTO SOBRE O CARBONO DEPOIS DA GREVE DOS CAMINHONEIROS?

Taxar a emissão de carbono é, segundo grande parte dos economistas que se debruçam sobre a mitigação da mudança climática, o melhor caminho para reduzir estas emissões. Impostos sobre o carbono buscam aumentar o preço das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis para induzir a economia a buscar alternativas mais baratas e menos emissoras. No Brasil pós-greve dos caminhoneiros, que cuidados são necessários para implantar um tal imposto? O Instituto Escolhas publicou um policy brief com lições aprendidas durante a greve. Ficou claro que não existe no país uma governança no setor petroleiro como a que existe no setor elétrico. Taxar o carbono exigirá uma governança ainda mais forte que a existente no setor elétrico, pois o imposto mexerá com o petróleo e o carvão, com as indústrias emissoras e com toda a teia de relações da mobilidade urbana. E, possivelmente, mexerá também com as cadeias produtivas que levam ao desmatamento e com o setor agropecuário. A governança de um imposto de carbono, ou qualquer outro mecanismo de precificação das emissões de carbono, terá que resistir às pressões dos ministérios mais poderosos e às manobras no Congresso, sob o risco de não contribuir para a mitigação das mudanças do clima.

O Escolhas já havia publicado um estudo sobre os impactos que um imposto de carbono teria na economia brasileira.

http://escolhas.org/wp-content/uploads/2018/06/PB_ESCOLHAS_01_2018.pdf

 

A QUANTAS ANDA A MORATÓRIA DA SOJA?

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) publicou pela primeira vez um relatório sobre a Moratória da Soja, mostrando quanto da commodity vem de áreas desmatadas e onde estas se localizam. Todos os números e informações do relatório foram auditados por uma terceira parte independente buscando a credibilidade do trabalho. Criada em 2006, a Moratória pretende acabar com a comercialização da soja cultivada em áreas desmatadas a partir de 2008. A ação junta produtores, as maiores tradings e organizações da sociedade civil. Entre 2016-2107, o relatório mostra que, no Mato Grosso, 47 mil hectares de soja foram plantados em áreas que não atendem ao padrão da Moratória, que inclui o exame dos possíveis embargos das áreas e se estas estão incluídas na lista de trabalho escravo. O relatório da Abiove concluiu que cada vez mais empresas contratam auditorias e aderem ao padrão da Moratória. Aponta, também, o problema dos produtores/fornecedores indiretos (aqueles que comercializam sua soja via compradores intermediários), que ainda não estão sendo monitorados.

http://www.abiove.org.br/site/_FILES/Portugues/10012018-094820-relatorio_de_monitoramento_2017.pdf

http://imaflora.blogspot.com/2018/06/2018-o-ano-da-transparencia-moratoria.html

http://www.abiove.org.br/site/_FILES/Portugues/05062018-153933-verificacao_independente_da_moratoria_da_soja_gts_publicacao_junho2018.pdf

 

FUNDO INGLÊS SE DESFAZ DE AÇÕES DE CORPORAÇÕES QUE NÃO SE PREPARAM PARA A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

A maior gestora de ativos britânico, a LGIM, disse que vai votar contra os CEOs de oito das maiores corporações do mundo por entender que não fizeram o suficiente para preparar suas empresas para uma economia de baixa emissão. Para chegar a esse ponto, a LGIM passou o ano se envolvendo com as estratégias climáticas de 84 corporações. Dentre as oito estão a China Construction Bank, a Occidental Petroleum, a Rosneft Oil e a Subaru. A LGIM anunciou que está se desfará de US$ 6,7 bilhões em ações destas oito corporações, parte de seu portfólio de avaliado em US$ 1,3 trilhão.

https://www.ft.com/content/26d9d866-6b39-11e8-8cf3-0c230fa67aec

https://www.reuters.com/article/us-l-g-funds-climatechange/investor-lgim-seeks-removal-of-eight-company-chairs-over-climate-change-inaction-idUSKBN1J6133

 

A CRISE HÍDRICA NO PAQUISTÃO SE AGRAVA E SE PERPETUA

O Paquistão corre o sério risco de ver sua crise hídrica se agudizar e tornar-se permanente. Contribuem a mudança do clima, a falta de governança, que gera desperdício, e baixo nível de armazenamento. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estima que, em 2025, não haverá mais água suficiente em lugar algum do país, nem nas áreas áridas do Centro-Sul, nem mesmo vindas das geleiras do Himalaia. O FMI classifica o país entre os três que mais sofrem por falta d’água e prevê que o Paquistão, até 2040, assumirá o primeiro posto. Como se não bastasse a escassez, o país é o que mais consome água por unidade de PIB do mundo. Já houve mortes este ano durante uma forte onda de calor que atravessou o país, onda que foi agravada pela falta d’água. Lá, o barril de pólvora para conflitos pela água está quase cheio. E os estopins estão prontos para serem acesos.

http://www.dw.com/pt-br/o-paquist%C3%A3o-est%C3%A1-secando/a-44132185

 

OCEANOS PODEM ESTAR REMOVENDO MENOS CO2 DA ATMOSFERA

Pesquisadores anunciaram que os oceanos podem estar removendo menos CO2 da atmosfera anualmente do que se supunha e, assim, contribuindo para aumentar o aquecimento global. Até agora, o cânone dizia que 13% do CO2 na atmosfera era removido pelos mares, o que freava um tanto o aquecimento global. Os estudos se voltaram para o Oceano Glacial Antártico e acompanharam com detalhe as trocas de CO2 entre a atmosfera e as águas, bem como os ventos, as temperaturas e as pressões. Os pesquisadores observaram que os fortes ventos que circulam ao redor da Antártica estão se aproximando do polo, como um laço. À medida em que estes ventos se concentram, revolvem mais as águas e trazem para a superfície o lodo cheio de carbono da decomposição de matéria orgânica do fundo do oceano. Este carbono pode estar sendo liberado para a atmosfera ou, ao menos, estar reduzindo a troca entre água e ar. Como diz o comentário sobre o artigo, “de qualquer modo, não é bom”.

http://www.climatecentral.org/news/antarctic-ocean-discovery-warns-of-faster-global-warming-21865

 

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