TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO PODERÁ USAR ENERGIA SOLAR
O Ministério da Integração Nacional estuda a instalação de usinas solares para alimentar o bombeamento de água da transposição do São Francisco. Segundo o ministro Antônio de Pádua, a tecnologia permitirá a redução dos gastos com energia, que respondem por cerca de 80% do custo operacional previsto da transposição, da ordem de R$ 40 milhões por mês.
http://www.valor.com.br/brasil/5590755/transposicao-do-sao-francisco-podera-usar-energia-solar#
CAMINHÕES EMITEM MAIS CARBONO QUE TODAS AS TERMELÉTRICAS
As emissões de 2016 da frota brasileira de caminhões chegaram a 84,5 MtCO2e, mais do que o emitido por todas as termelétricas nacionais a carvão, gás natural e diesel. No relatório analítico do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) sobre as emissões do setor de energia, o IEMA ressalta o peso do transporte rodoviário de carga. Entre os seis países de maior extensão territorial, o Brasil é o que mais usa caminhões. Aqui eles transportam ⅔ de toda a carga. Em segundo lugar vem a Austrália com pouco mais da metade. No país de maior extensão, a Rússia, os caminhões carregam apenas 8% da carga. Estes números mostram o grau de dificuldade da redução destas emissões. Mais à frente, em respeito às promessas feitas pelo Estado brasileiro ao Acordo de Paris, teremos que substituir os caminhões a diesel por uma combinação com outros modos de transporte, todos movidos a eletricidade e biocombustíveis com baixa pegada de carbono.
VENDA DIRETA DE ETANOL DA USINA PARA O POSTO PODE COMPROMETER METAS DO RENOVABIO
No embalo da greve dos caminhoneiros, o senado colocou em regime de urgência um projeto de lei que autoriza a venda direta de etanol aos postos de gasolina. O argumento simpático quer reduzir o preço ao consumidor eliminando fretes, distribuidores e os impostos recolhidos nestas atividades. O usineiro e o dono do posto poderiam ganhar um pouco mais, e, mesmo assim, o consumidor pagaria um pouco menos. Seria um ganha-ganha perfeito, não fossem os riscos embutidos na ideia. Hoje, o controle da qualidade dos combustíveis é centrado no distribuidor. A venda direta suprime este elo e o controle da qualidade passará a depender do consumidor. Outra consequência da medida diz respeito ao Renovabio, a principal iniciativa do governo para cumprir a promessa feita ao Acordo de Paris que quer chegar a uma fração total de 18% de biocombustíveis na matriz energética. O ator principal do Renovabio é o distribuidor; é ele que terá que cumprir metas de venda de biocombustíveis sob pena de multas. Mesmo que boa parte do etanol continue a ser comercializada via distribuidor, todas as contas e premissas do Renovabio terão que ser revistas e analisadas para ver se o programa ainda fica em pé.
http://epbr.com.br/urgencia-para-venda-de-etanol-das-usinas-para-postos/
NÍVEL DOS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA DE SÃO PAULO CONTINUA A CAIR
O nível dos principais reservatórios que abastecem São Paulo está mais baixo do que em 2013, ano que antecedeu o não decretado racionamento de 2014 e 2015. No final do episódio, Geraldo Alckmin, ex-governador e candidato a presidente, jurou que as obras de reforço do abastecimento estariam prontas em tempo recorde. Talvez ele se referisse a recordes de atraso, pois parte delas ainda não está pronta.
O nível das declarações das autoridades também anda mais baixo que o verificado anteriormente: o superintendente de produção de água da Sabesp, Marco Antonio Lopez Barros, admitiu que “a entrada de água está bem abaixo das médias históricas… Só que isso não se transforma em condição pior de abastecimento”. Barros não tem ouvido o grande número de especialistas que dizem que as “médias históricas” cada vez menos refletem o que acontece hoje por conta da mudança do clima que, esta sim, é determinante para uma pior condição de abastecimento. Como em 2014, temos candidatos que dependem dos níveis das represas que podem baixar mais depressa do que as intenções de votos.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/06/agua-a-vista.shtml
SÃO PAULO: VERBA DO TRANSPORTE PÚBLICO VAI PARA REFORMA DO AUTÓDROMO
São Paulo deveria ter mais corredores de ônibus para reduzir o tempo gasto por boa parte da população no vai e vem ao trabalho e à escola. Mas seus prefeitos decidiram tirar quase R$ 1 bilhão destes corredores para reformar o Autódromo de Interlagos, o que melhorará a velocidade do transporte de 20 indivíduos durante algumas dezenas de horas por ano, se levarmos em conta os treinos.
PAULISTANO APOIA MAIOR CONTROLE DA POLUIÇÃO DA CIDADE
75% da população de São Paulo quer restringir a circulação de veículos na cidade para reduzir a poluição do ar. E a maioria apoia a volta da inspeção veicular. No ano passado, o ex-prefeito e atual pré-candidato a governador, João Dória, vetou uma lei que trazia de volta a obrigatoriedade da inspeção. Alegou que não adiantava implantar a inspeção só na cidade, se os municípios vizinhos não a adotavam. A lógica assombrosa implica dizer que não adianta implantar a inspeção no estado de São Paulo se Minas e Rio não o fizerem. A pesquisa da Rede Nossa São Paulo e do Ibope Inteligência revelou, também, que quase 60% dos paulistanos separam o lixo reciclável, mais que a média de 40% no resto do país.
MUDANÇA DO CLIMA AUMENTA EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL
Depois de anos em queda, o trabalho infantil voltou a crescer no mundo em decorrência do aumento dos conflitos armados e dos desastres climáticos. A FAO observou um aumento de 20% no trabalho infantil nos últimos cinco anos. Os conflitos armados envolvem preferencialmente homens adultos, e estes são, também, os primeiros a migrar na esteira dos desastres climáticos. O vazio laboral consequente é preenchido por mulheres e crianças. Isso é visível nos campos de refugiados no entorno da guerra civil da Síria e do Iêmen, assim como nos existentes ao longo do Sahel africano. O levantamento da FAO mostra que a agricultura é responsável por ‘empregar’ ⅔ das crianças e adolescentes que trabalham. 73 milhões de crianças que trabalham no campo cumprem atividades de risco, que envolvem agrotóxicos, lida com animais perigosos e excesso de trabalho em temperaturas elevadas. O trabalho infantil perpetua a pobreza por gerações, ou como diz o relatório, “fome zero só com trabalho infantil zero”.
http://www.fao.org/childlabouragriculture/en/
http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/—dgreports/—dcomm/documents/publication/wcms_575499.pdf
RENOVÁVEIS IGNORAM RETIRADA DE SUBSÍDIOS E CONTINUAM A CRESCER
Apesar de países europeus estarem retirando os subsídios às fontes renováveis de energia, a tendência de queda de preços não se modificou. Os subsídios europeus, via tarifas feed-in, foram decisivos para a difusão dos painéis sobre os telhados e a formação de pequenas cooperativas de geradores. O gasto com o subsídio ficou pesado para os governos, ao mesmo tempo em que o preço das instalações caia. O que analistas observam agora é que, num mercado mais competitivo, as pequenas cooperativas estão perdendo espaço para as grandes operadoras. O lado bom desta mudança é que o preço das renováveis deve continuar caindo, por conta da própria competição nos leilões de geração. O lado ruim já se mostra em países como a Índia, onde a corrida pelos preços baixos acabou por inviabilizar projetos vencedores dos leilões. Além dos prejuízos, a expansão da geração acaba se desacelerando. Outro aspecto negativo que pede a atenção dos reguladores é a natural concentração do mercado em poucos e poderosos players. A ver daqui em diante o impacto do recente corte nos subsídios à energia solar anunciado pelo governo chinês.
https://e360.yale.edu/features/as-subsidies-wane-market-forces-drive-the-growth-of-renewables
ALEMANHA NÃO CUMPRIRÁ SUAS METAS CLIMÁTICAS PARA 2020
O governo alemão admitiu que não conseguirá cumprir as metas climáticas assumidas para 2020. O que por enquanto era informação de bastidor, deve se confirmar com a publicação do Relatório de Proteção Climática nos próximos dias. O país tinha se comprometido a reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa, com base nos níveis de 1990. O Relatório deve dizer que só será possível reduzir as emissões em 32%. Como justificativa, deve apontar o crescimento maior que o previsto tanto da população quanto da economia, além de dizer que o aumento da participação das renováveis entre as fontes de energia não deu conta do consumo adicional, levando o país a queimar mais carvão. O governo alemão deve anunciar, também, que pretende cortar as emissões em 55% até 2030, e que criou uma comissão para ver o que fazer com o carvão, ou melhor, o que fazer com os empregos da indústria do carvão. Embora seu número não seja lá tão relevante, estes se concentram em regiões de alto desemprego e de baixo crescimento econômico.
TRATADO DA CARTA DE ENERGIA: ARMA QUASE-SECRETA DAS CORPORAÇÕES FÓSSEIS
Você já ouviu falar do ECT, o Tratado da Carta de Energia? Ele foi criado em meados dos 1990 e, até agora, recebeu a adesão de 48 países, a maioria da Europa e do Noroeste da África. Este quase desconhecido tratado tem sido usado por mega corporações energéticas para processar países que tomam decisões contra seus interesses, como a proibição da exploração de carvão ou da instalação de um oleoduto. Segundo o Corporate Europe Observatory e o Transnational Institute, 15 outros países estão prestes a aderir, inclusive nossa vizinha Colômbia. As adesões estão sendo feitas, na sua maior parte, sem discussão com a sociedade. O ECT, na prática, está funcionando como um seguro para investidores que ainda acreditam nos fósseis.
https://www.energy-charter-dirty-secrets.org/
https://www.tni.org/files/publication-downloads/one_treaty_to_ruled_them_all.pdf
A ANTÁRTICA ESTÁ DERRETENDO MAIS RAPIDAMENTE DO QUE SE SABIA
Entre 1992 e 2017, a Antártica perdeu quase 3 trilhões de toneladas de gelo terrestre, o que elevou o nível dos oceanos em quase um centímetro. Neste período, a perda anual de gelo triplicou, e esta perda está acelerando. Uma pesquisa publicada na Nature estima que, em 1992, a Antártica perdeu 45 bilhões de toneladas de gelo e que, durante 2017, a perda foi de quase 145 bilhões de toneladas. Estes valores já levam em conta o balanço entre a perda no lado ocidental do continente e o ganho de gelo no seu lado oriental.
Um segundo trabalho, também publicado na Nature, modelou dois cenários futuros para o continente. No primeiro cenário, se as concentrações de CO2 continuarem na toada atual, o mar subirá quase 1 metro até 2070, e as perdas econômicas passarão de US$ 1 trilhão ao ano. A mesma análise é repetida para um segundo cenário, no qual a humanidade consegue reduzir rapidamente suas emissões por meio de uma governança planetária que faça cumprir os acordos internacionais. O trabalho examina não só os impactos físicos sobre o mar e suas correntes, mas também sobre os diferentes ecossistemas e sua biologia.
https://www.nature.com/articles/s41586-018-0179-y
https://www.nature.com/articles/s41586-018-0173-4
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