ClimaInfo, 15 de junho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

POR UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA OS COMBUSTÍVEIS ALINHADA ÀS METAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

Se alguma coisa ficou clara na greve dos caminhoneiros foi a ausência de uma verdadeira política pública para os combustíveis. O que vimos foi resultado da política de preços da Petrobras misturada com a confusão dos vários tributos incidentes sobre os combustíveis.

Em um instigante artigo publicado no Valor, a professora e consultora tributária da ONU, Tatiana Falcão, mostra o contraste entre nossa situação e a da Bélgica. Desde o Protocolo de Quioto, a Bélgica criou um sistema de tributação para os combustíveis alinhado aos objetivos globais de redução da emissão de gases de efeito estufa, o qual, ao mesmo tempo, simplificou a tributação e criou condições para uma relativa estabilização dos preços nacionais dos derivados frente às oscilações do mercado internacional do petróleo. A leitura do artigo é obrigatória para os formuladores de políticas e os preocupados com a descarbonização da economia. Tatiana Falcão recomenda que não desperdicemos as lições desta crise.
http://www.valor.com.br/opiniao/5594205/por-uma-politica-publica-para-o-preco-dos-combustiveis

 

ANP CONFIRMA INEXISTÊNCIA DE POLÍTICA PÚBLICA PARA OS COMBUSTÍVEIS

A política de preços da Petrobrás interessa só à empresa e aos seus acionistas, disse o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. E, apesar de dizer que uma das obrigações da Agência que preside é a “proteção dos interesses dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos”, o diretor acha que a origem do problema é o monopólio de refino da Petrobras, e que a empresa precisa de mais concorrência. O que é estranho porque o país nunca importou tanto derivado de petróleo quanto no último ano; só de diesel, importamos 25% de todo o consumo de 2017. Se a concorrência do diesel importado não segurou preços nem evitou a greve, duas ou três refinadoras mudariam o quadro?

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/06/politica-de-precos-da-petrobras-interessa-a-ela-nao-ao-brasil-diz-anp.shtml

 

VENDA DIRETA DE ETANOL AOS POSTOS AUMENTARIA O CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO DE TODOS OS COMBUSTÍVEIS, DIZEM AS DISTRIBUIDORAS

A liberação da venda de etanol pelas usinas diretamente aos postos de abastecimento aumentará o custo do transporte de etanol em pelo menos R$ 180 milhões por ano, e as distribuidoras sofrerão um aumento de custos de quase R$ 900 milhões. Bem, isto é o que diz um estudo comissionado pela Plural, uma associação de distribuidores e produtores.

Nem a Plural, nem a consultoria responsável pelo estudo explicaram as contas, mas nos parece certo que a medida pode reduzir o custo do etanol em algumas regiões e pode, também, mexer nas contas das distribuidoras e impactar de alguma forma os demais combustíveis.

Em tempo: existem pelo menos três projetos de lei tramitando no congresso querendo liberar a venda direta das usinas aos postos.

http://www.valor.com.br/agro/5594059/venda-direta-de-etanol-eleva-custos-diz-plural

 

ANEEL QUER MUDANÇAS NA ESTRATÉGIA TARIFÁRIA

A ANEEL anunciou que o sistema elétrico passará a usar preços horários ao invés dos preços semanais adotados desde a implantação do mercado livre. Um exemplo da importância desta mudança foi dado por Roberto Castro, conselheiro da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, usando o ocorrido durante a greve dos caminhoneiros. Na semana anterior à greve, o preço semanal era de R$ 400/MWh. Durante a greve, a atividade econômica caiu e puxou o consumo para baixo. O sistema horário teria acompanhado a demanda e o preço teria baixado para R$ 180/MWh. Entretanto, com o preço anterior valendo, as térmicas foram acionadas e a conta repassada aos consumidores. Isto não teria acontecido com o sistema horário e o preço mais baixo. Ainda existem obstáculos operacionais e jurídicos a serem superados antes da implantação dessa mudança, que deve ocorrer em janeiro de 2020.

http://www.valor.com.br/brasil/5594153/mecanismo-para-precos-de-energia-reduzira-custos

 

BOLSA-AGRO É QUASE DO TAMANHO DA BOLSA-FAMÍLIA

Dados da Secretaria da Receita Federal mostram que, em 2017, o governo Temer abriu mão de R$ 26,2 bilhões em tributos devidos pelo agronegócio. Este valor é pouco menor do que os R$ 29 bilhões do bolsa família e corresponde a cerca de 10% do que o agro faturou com suas exportações.

Se o agro é de fato tão pop, bem que poderia pagar seus impostos direitinho como qualquer cidadão e parar de bancar lobistas e congressistas para que sejam cavadas maneiras de pagar menos impostos. Se o setor continuar na toada atual, por coerência, deveria mudar de lema para “Indústria que subtrai a riqueza do Brasil”.

https://www.brasildefato.com.br/2018/06/14/renuncias-fiscais-que-favorecem-o-agronegocio-crescem-83-no-governo-temer/

 

IPCC: METAS DO ACORDO DE PARIS PODEM SER ULTRAPASSADAS EM 2040

A Reuters teve acesso à versão do relatório 1,5oC do IPCC recém enviada aos governos; o relatório final só será divulgado em outubro, depois da apreciação por estes. A Reuters destaca duas conclusões: 1) o aquecimento global está a caminho de superar, já em 2040, a meta mais rigorosa estabelecida pelo Acordo de Paris, afetando o crescimento econômico; e 2) os governos e os países ainda podem limitar a temperatura média global abaixo de 1,5°C, mas somente se forem adotadas transições “rápidas e de longo alcance” na economia mundial. Segundo a Reuters, a versão atual reafirma as conclusões da versão anterior vazada em janeiro, mas apresenta maior robustez científica por ter incorporado 25 mil comentários de especialistas e, também, uma maior quantidade de literatura científica.

As conclusões do relatório e sua robustez científica são fortes a ponto de ameaçarem os países interessados em conter a ação internacional contra a mudança climática. Quem acompanhou viu, em maio, na intersessional de Bonn, a Arábia Saudita e o Kuwait se movimentarem para minar a ciência e o processo científico do IPCC. Na reunião recente do G7, os EUA se recusaram a se juntar aos demais no reconhecimento da necessidade de ação climática. É possível que esses países – e outros – possam optar por adotar uma postura anticientífica e ignorar o consenso global em outubro na Coreia do Sul, quando o relatório for discutido no plenário do IPCC, que como sempre acontece, acontecerá a portas fechadas. Será esta a motivação do ‘vazamento’?

Em tempo: O relatório desconsidera a possibilidade de intervenções radicais da geoengenharia, como a pulverização de produtos químicos na atmosfera para reduzir a luz solar, devido a “grandes incertezas e lacunas de conhecimento”.

https://www.reuters.com/article/us-climatechange-report-exclusive/exclusive-warming-set-to-exceed-1-5c-slow-economic-growth-u-n-draft-idUSKBN1JA1HD

https://theworldnews.net/pt-news/onu-metas-do-acordo-de-paris-vao-ser-ultrapassadas-em-2040-e-isso-prejudicara-o-crescimento-economico

https://ipcc.ch/news_and_events/st_sr15_fgd.shtml

 

BP: CONSUMO DE FÓSSEIS VOLTA A CRESCER E A AUMENTAR AS EMISSÕES GLOBAIS

A petroleira BP publicou seu relatório anual analisando a energia no mundo em 2017 e pintando um quadro mais sombrio do que a fumaça do carvão e do petróleo. A demanda global aumentou 2,2% e, apesar do crescimento de 17% das renováveis, o consumo de fósseis voltou a crescer depois de cinco anos de relativa estagnação. O consumo de gás natural cresceu 3%, o maior salto desde 2010. O consumo de óleo cresceu 1,8%, o maior salto desde 2008, ano da última grande recessão. E o consumo de carvão, que vinha caindo, cresceu 1%, principalmente pelo início da operação de novas termelétricas na China e na Índia. No balanço geral, o carvão respondeu por 38% da energia consumida no ano passado. A respeito do ressurgimento dos fósseis, o economista chefe da BP, Spencer Dale, perguntou retoricamente “qual o progresso que fizemos nesses últimos 20 anos?”, para em seguida responder ele mesmo “nenhum”.

https://www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-review-of-world-energy.html

https://www.thetimes.co.uk/article/bp-flashes-red-lightas-growing-coal-use-hits-green-power-6skthcjfv

https://www.reuters.com/article/us-bp-energy/coal-comeback-spurs-new-carbon-emissions-growth-says-bp-idUSKBN1J91TB

 

EUROPA AUMENTA META PARA RENOVÁVEIS, PROÍBE ÓLEO DE PALMA E NÃO SE ACERTA QUANTO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Membros do parlamento europeu vararam a madrugada da 5a feira para chegar a um acordo prevendo uma participação de 32% de renováveis na matriz energética europeia até 2030. Apesar da meta ser mais ambiciosa que a anterior, o Greenpeace e outras organizações a acharam tímida diante do desafio do clima. A Alemanha foi uma das que não aceitou nada além de 32%, por conta das pressões das montadoras e da sua indústria do carvão. Além da meta para renováveis, o parlamento também decidiu banir o óleo e o biodiesel de palma em resposta à campanha contra o desmatamento da Indonésia e da Malásia, principais plantadores da palma. Gente dos biocombustíveis na Europa diz que será difícil atingir as metas focando só na eletricidade e não zelando pelas emissões do setor de transporte. O parlamento europeu não conseguiu chegar a um acordo quanto a uma meta para a eficiência energética.

https://www.euractiv.com/section/energy/news/eu-strikes-deal-on-32-renewable-energy-target-and-palm-oil-ban-after-all-night-session

http://www.eubioenergy.com/2018/06/14/analysis-of-bioenergy-sustainability-in-the-new-renewable-energy-directive/

 

AS VÁRIAS COPAS DO MUNDO EM JOGO

Aproveitando o gancho da Copa do Mundo de futebol, um artigo publicado no Nexus Media News discute quem ganharia uma hipotética Copa do Clima tendo como critérios o número de gols contra o aquecimento global e o número de chutes nos fósseis para fora do estádio. Com estes critérios, os autores mais desclassificam países do que encontram um verdadeiro campeão, mas conseguem divertir bastante seus leitores. Seguindo esta linha, um outro artigo promove na Eco-Business uma “Copa do Mundo do Lixo” entre os 32 países que participam da Copa do Mundo na Rússia. Nesta, o campeão é o país que mais produz lixo. Com base nos dados do Banco Mundial, a campeã é a Suíça, país que produz 2,6 kg de lixo por pessoa por dia, e o lanterninha (com muito orgulho) é o Uruguai, o país que menos produz lixo no mundo: 0,11 kg por pessoa por dia. O Brasil (1,03 kg) ocupa o 11o lugar e gera menos lixo que a Argentina (1,22 kg), Alemanha (2,11 kg) e Espanha (2,13 kg), possíveis adversários no caminho para a Copa de futebol.

Em tempo: os estádios da Copa da Rússia receberam a certificação RUSO, um padrão criado pelos russos para os estádios da sua Copa. Seria curioso se não tivessem conseguido tal certificação, não é mesmo? Piadas afora, é verdade que os organizadores conseguiram ampliar a oferta de trens e reduzir a demanda por vôos.

https://nexusmedianews.com/the-world-cup-of-climate-change-7e0f19b4fd13

http://www.eco-business.com/news/world-cup-wasters-footballs-trashiest-nations

http://www.eco-business.com/news/fifa-ups-its-sustainability-game/

 

NÃO HÁ SOLUÇÃO SIMPLES E BARATA PARA CONTER O AQUECIMENTO GLOBAL

Nos últimos dias, a mídia internacional deu destaque a uma empresa canadense que anunciou ter conseguido sugar CO2 da atmosfera e transformá-lo em combustível a um custo de US$ 100 por tonelada de CO2 removida.

O interesse despertado pela notícia indica a angústia sentida por muita gente frente à necessidade de se fazer algo para conter o aquecimento global, mas que tem dificuldade em aceitar que se mexam em estilos de vida e padrões de consumo. O anúncio canadense insinuava que seria possível continuar a queimar diesel, gasolina e combustível de aviação à vontade, já que uma máquina removeria nossa sujeira e, ainda por cima, nos daria mais combustível para queimar.

Mas uma simples conta de padeiro pode nos colocar “na real”: as emissões globais são da ordem de 80 bilhões de tCO2e por ano; a US$ 100 a tonelada, o mundo gastaria US$ 8 trilhões para remover estas emissões usando a tecnologia canadense; como o PIB mundial anda por volta de US$ 80 trilhões, remover nossa pegada de carbono com a máquina canadense custaria 10% de toda a economia mundial. Certamente será bem mais barato parar de emitir.

https://newrepublic.com/article/148926/no-quick-fix-climate-change

 

Para ir:

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO SOB INFLUÊNCIA DA RODOVIA BR-319

O Idesam realiza o evento de lançamento do estudo elaborado em parceira com o Funbio e que teve apoio da Fundação Moore. O objetivo foi sistematizar informações sobre as UCs e apoiar o processo decisório relacionado às eventuais estratégias de investimentos financeiro, fortalecimento de gestão e de governança destas Unidades.
2a feira, 18/06, a partir das 14h, no Auditório do Bosque da Ciência do Inpa, na Av. Bem Te Vi, 1, Petrópolis, RJ.
A transmissão será feita pela fanpage do Idesam no Facebook.
As inscrições podem ser feitas pelo link:

https://goo.gl/forms/j9UL6U0g3SAlpvct2

 

Para ir:

ARQUITETURA DO FINANCIAMENTO CLIMÁTICO NO BRASIL

Apresentação de desafios e propostas sobre a arquitetura financeira para a implementação da NDC. Mesas sobre o panorama geral, o Fundo Clima e a arquitetura para o financiamento.
Realização MMA, Embaixada da Alemanha, BID, WWF, GIZ,
2a feira, 18/6, das 14h às 18h.
SEPN 505, bloco B, auditório MMA, Brasília
(não há informações sobre inscrições)

 

Para ir:

ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE PRECIFICAÇÃO DE CARBONO

O Instituto Clima e Sociedade, a Embaixada da Alemanha, o CEBDS, a Carbon Pricing Leadership Coalition (CPLC), a Comissão Europeia e o Carbon Disclosure Project da América Latina organizam um dia de discussões sobre o estado do preço do carbono no mundo.
3a feira, 19/06, das 8h30 às 17h30.
Rua Coropé, 88, São Paulo – Auditório do 3o andar – Rooftop 5 & Centro de Convenções no Complexo Aché Cultural, São Paulo.
Inscrições e programação em:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfcuQdW896_RaZafe-mUmWB8Yp7dG0XV8-jMYcUK1KgCvUVUg/viewform

https://www.dialogosfuturosustentavel.org/precificacaode

 

Para ir:

SEMINÁRIO SOBRE DESLOCAMENTOS COMPULSÓRIOS

Parte da Iniciativa Grandes Obras na Amazônia do GVces, tem o objetivo de dialogar sobre as remoções e o reassentamento de famílias no contexto de grandes obras, com participação de representantes de atingidos, instituições públicas e privadas, além de pesquisadores da temática.
Promoção da FGV/EAESP e do IFC.
4a feira, 20/6, das 9h às 18h, no Ibama, em Brasília.
Programa e inscrições em:
http://www.gvces.com.br/seminario-sobre-deslocamentos-compulsorios

 

Para ir:

RUAS COMPLETAS: ESTRATÉGIAS PARA QUALIFICAR E INCENTIVAR O USO DO TRANSPORTE COLETIVO

O transporte coletivo tem importante papel social e é um dos modos de transporte mais sustentáveis para as cidades, por isso deve ser abordado no planejamento das ruas completas. Para que mais pessoas optem por andar de ônibus, os usuários devem ter a experiência de um acesso seguro e um serviço de qualidade. Este seminário online irá abordar as estratégias para qualificar e incentivar o uso do transporte coletivo.
Participação de Ariadne Samios e Mariana Barcelos, analistas de mobilidade ativa do WRI-Brasil.
2a feira, 25/6, das 14h às 15h. Programação e inscrição nos sites abaixo.
https://wribrasil.org.br/pt/eventos/semin%C3%A1rios-online-ruas-completas

https://register.gotowebinar.com/register/8791983438721156355

 

Para ver:

FROM ASIA TO ANTÁRTICA

Documentário da expedição à Antártica de Sir Robert Swan, a primeira a usar apenas fontes renováveis de energia. O filme explora a conexão entre o clima da Antártica e o da Ásia.

http://www.eco-business.com/videos/eco-business-releases-new-documentary-from-asia-to-antarctica/

 

Para ler:

MUDANÇA CLIMÁTICA – UMA SÍNTESE DOS REFLEXOS NAS
ORGANIZAÇÕES

A Gestão Origami lançou um e-book sobre Mudanças Climáticas mostrando por que gerenciar os temas relacionados ao clima pode trazer benefícios financeiros para as organizações, e não apenas benefícios reputacionais.

Junto, vem uma exposição sobre o livro “Clima de Esperança”, de Michael Bloomberg e Carl Pope.
O link abaixo dá acesso ao e-book:
http://gestaoorigami.com.br/wp-content/uploads/mudana-climtica-final_aprovado.pdf

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