A OPINIÃO DOS PRÉ-CANDIDATOS SOBRE O PL DO VENENO
O HuffPost quis saber a opinião dos pré-candidatos à presidência sobre o PL do Veneno. Reuniu declarações públicas de 8 deles feitas em redes sociais, em entrevistas recentes ou em notas enviadas ao HuffPost:
Álvaro Dias (Podemos): “Uma mudança no sistema de registro de agrotóxico que elimine a burocracia e a morosidade, e que confira maior transparência possível ao processo, seguramente será melhor para todos.”
Guilherme Boulos (PSOL): “O modelo agrícola baseado no agronegócio é o causador do envenenamento da comida no Brasil. Qualquer projeto de lei que queira facilitar o uso de agrotóxico só interessa ao lucro das empresas produtoras e consumidoras de veneno.”
Flávio Rocha (PRB): “É preciso deixar o preconceito e a gritaria de lado e apoiar de maneira cada vez mais forte nosso agronegócio.”
Marina Silva (Rede): “O PL do Veneno provoca mudanças com implicações muito sérias para o meio ambiente e a saúde dos brasileiros. Na prática, essa medida pode facilitar o registro e a venda de produtos elaborados com substâncias danosas à saúde, conhecidas por apresentar características cancerígenas.”
Manuela d’Ávila (PCdoB): “Senta! Tá sentado? Lá vai… 14 agrotóxicos, proibidos mundialmente serão utilizados no Brasil – via twitter.”
Jair Bolsonaro (PSL): “Se depender de mim, apenas o Ministério da Agricultura decidiria a liberação do produto. Eu apoio que a Anvisa fique fora [do processo] de liberação.”
Geraldo Alckmin (PSDB): “Somos favoráveis à criação de mecanismos que permitam reduzir significativamente esses prazos – facilitando o uso de substâncias mais modernas e que preservem melhor o meio ambiente e a saúde humana.”
Luís Inácio Lula da Silva (PT): “O projeto de lei cria permissividade para os venenos agrícolas no Brasil, impondo a liberalização do uso dos pesticidas sobre os objetivos da segurança alimentar e nutricional da população, da saúde pública, e dos cuidados com o meio ambiente.”
A gente agradece a seleção ao Caetano Scannavino.
INPE REGISTRA AUMENTO DE QUEIMADAS NO MATO GROSSO USANDO SISTEMA APERFEIÇOADO
Mal começou a temporada das queimadas e o ar do Mato Grosso já está esfumaçado. Segundo o INPE, desde o começo do ano, foram mais de 4 mil ocorrências, 25% das detectadas no país. Mas o número destas é um pouco menor do que foi detectado nos primeiros 6 meses do ano passado.
Com apoio do Fundo Amazônia, o INPE aperfeiçoou o sistema de detecção de incêndios. Alberto Setzer, pesquisador do INPE e coordenador do Programa Queimadas – Monitoramento por Satélites, conta que “o refinamento desse monitoramento de queimadas na Amazônia foi feito com a inclusão de novos satélites no sistema (NOAA-20, MetOp-B e NPP). Para tanto foram adquiridas e instaladas quatro novas estações para rastreio, recepção e processamento dos sinais e dados de um par de antenas em Cuiabá (MT) e outro par em Cachoeira Paulista (SP)”. O Programa, que começou monitorando a Amazônia, agora abarca o Cerrado e países vizinhos.
http://www.topnews.com.br/noticia/54521/mato-grosso-lidera-ranking-de-queimadas
PESQUISA QUER MAPEAR ÁREAS DE GÁS DE FOLHELHO QUE PERMITAM ARMAZENAMENTO DE CO2
O Research Centre for Gas Innovation (RCGI/USP) anunciou a elaboração de um atlas das áreas de folhelho com possibilidade de armazenamento de CO2. A ideia é injetar CO2 pressurizado para ajudar na extração do gás de folhelho das fraturas na rocha. O CO2 ficaria preso nessas fraturas. O anunciado como uma maneira de gerar eletricidade queimando fósseis sem aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Muita gente já investiu muitos recursos em projetos de CCS (captura e armazenamento de carbono) sem que, até o momento, nenhum tenha se mostrado viável. A única usina-piloto em funcionamento opera na Islândia. Lá, CO2 puro é injetado junto com água em fendas geotérmicas; em contato com rochas basálticas, o CO2 acaba entrando na composição de cristais de calcário e fica incrustado nas rochas. Por aqui não existe esta rara combinação de calor e basalto. E, antes mesmo de saber por quanto tempo as formações prenderão o gás, será preciso saber como obter CO2 puro. A queima do gás natural é feita usando o oxigênio do ar; na chaminé, o CO2 resultante sai misturado com nitrogênio, que forma 80% da massa do ar, e óxidos de nitrogênio. Separar CO2 do nitrogênio é proibitivamente caro. A alternativa seria extrair o oxigênio do ar, processo também muito caro.
Acreditamos que toda pesquisa que possa abrir caminhos para a redução da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera deve ser incentivada, mas é necessário observar que nem todo caminho leva a um mundo menos quente.
Em tempo: apesar do nome em inglês, o RCGI é nacional, funciona na Escola Politécnica da USP e tem apoio da Fapesp e da Shell.
http://agencia.fapesp.br/atlas-mostra-captura-e-armazenamento-de-carbono-no-sul-e-sudeste-/28152/
CHINA LANÇA NOVO PLANO CONTRA POLUIÇÃO
A China lançou seu plano de ação para enfrentamento da poluição nos próximos três anos. O plano tem três grandes linhas: impulsionar a venda de veículos elétricos; fechar as indústrias emissoras mais velhas e ineficientes e cortar o consumo de carvão. O plano vale para 82 cidades e foi estendido para as duas principais províncias carvoeiras chinesas. Algumas das maiores regiões metropolitanas terão que cortar 10% de seu consumo de carvão. A província de Heibei, a maior produtora de aço do país, terá sua capacidade siderúrgica reduzida para 200 milhões de toneladas. Em 2013, a capacidade era de 286 milhões. A meta para 2020 é vender 2 milhões de veículos elétricos. Embora o foco do plano seja a poluição por materiais particulados e óxidos de enxofre, ele deve levar a uma redução significativa das emissões de gases de efeito estufa.
CHINA SAI DO ACORDO PARA COMPENSAÇÃO DAS EMISSÕES DA AVIAÇÃO
A China surpreendeu ao anunciar que estava saindo do esquema de compensação das emissões da aviação anunciado no final da semana passada. O país vinha resistindo a qualquer esquema mandatório para neutralizar as emissões da aviação internacional. Sem sua participação, o esquema fica bastante comprometido.
http://carbon-pulse.com/54919/
“AS INTROMISSÕES DE TRUMP FAZEM DA OPEP UM MODELO DE PREVISIBILIDADE”
A frase é da The Economist e diz respeito às ações contraditórias de Trump em relação ao preço do petróleo. Ele reinstalou as sanções contra o Irã e o preço do barril subiu. Agora pressiona a Arábia Saudita a aumentar sua produção para fazer o preço baixar. E abriu uma guerra comercial com a China que, ameaçando sobretaxar as importações de petróleo dos EUA, fez o preço subir. Por enquanto, o preço do barril voltou a subir e está beirando os US$ 80. Trump precisa baixar esse preço para controlar a inflação antes das eleições para o Congresso de novembro. Segundo a Economist, ele pode acionar a Reserva Estratégica de Petróleo, criada para evitar choques como os da década de 1970 e que acumula a ordem de 660 milhões de barris. Até hoje, a Reserva não foi usada de verdade e muito menos para regular o preço internacional. A OPEP tem uma longa história de sustos e surpresas. Trump se esforça para ser ainda mais imprevisível.
IMO CONCORDA EM REVER SUA GOVERNANÇA, COMEÇANDO PELOS PRESENTES RECEBIDOS POR DELEGADOS
O conselho da Organização Marítima Mundial aceitou considerar reformas na sua governança depois que documentos mostraram que é prática corrente delegados aceitarem presentes em troca de votos.
VATICANO CHAMA LÍDERES MUNDIAIS PARA DISCUTIR O CLIMA
Para comemorar o 3o aniversário da encíclica Laudato si’, o Papa Francisco chamou líderes mundiais para uma reunião hoje e amanhã, abrindo um espaço de entendimento para o enfrentamento da mudança do clima. Michel Roy, Secretário Geral da Caritas Internationalis, lembrou que o Papa Francisco, em sua carta encíclica, disse que “a crise climática não é apenas uma questão ambiental, mas também humana e ética. A degradação ambiental é acompanhada pela pobreza, pela perda dos meios de subsistência e da perspectiva de um futuro melhor. Nós temos uma responsabilidade para com as próximas gerações. É uma questão urgente alterar nosso excesso de consumo e nos comprometer com o cuidado de nossa casa comum”.
https://meioambienterio.com/2018/07/03/vaticano-convoca-cupula-de-lideres-pelo-clima-global
CUSTO ANUAL DO AUMENTO DO NÍVEL DO MAR PODE CHEGAR A TRILHÕES DE DÓLARES
Pesquisadores ingleses modelaram o tamanho dos prejuízos causados pela elevação do nível do mar até o final do século, caso o aquecimento global ultrapasse o limite dos 2oC. No pior cenário, o mar sobe dois metros e a conta anual pode chegar a US$ 27 trilhões. Isso corresponde, no modelo, a quase 3% do PIB global. O prejuízo maior ficará para os países de faixa de renda média-alta, como a China. Basicamente porque os países ricos têm como bancar a infraestrutura necessária para mitigar os impactos.
http://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/aacc76
http://noc.ac.uk/news/rising-sea-levels-could-cost-world-14-trillion-year-2100
ONDA DE CALOR NOS EUA PROVOCA RECORDE DE CONSUMO DE ELETRICIDADE
Uma onda de calor atualmente sobre a costa leste dos EUA está aumentando as receitas do setor elétrico. Nova York passou quatro dias seguidos com os termômetros acima dos 32oC. Os condicionadores de ar foram acionados à toda, gerando o pico de demanda mais elevado desde 2013. Pelas regras do mercado livre lá deles, os preços são ajustados a cada hora e, assim, houve um aumento de 19% na pior (ou melhor, para as distribuidoras) hora. A matéria da Bloomberg lembra que o verão mal começou.
ENERGIA LIMPA NÃO SERÁ SUFICIENTE PARA ATINGIR AS METAS DE PARIS
Pesquisadores mostram que políticas climáticas fortes e uma matriz elétrica limpa não serão suficientes para atingir as metas do Acordo de Paris. As emissões do transporte, da indústria e da climatização das edificações seriam suficientes para ultrapassar as metas baseadas na ciência. Enquanto os grandes debates giram em torno de fósseis ou renováveis, o trabalho publicado na Nature Climate Change inovou ao colocar o foco especificamente nos setores onde a descarbonização é mais complicada. Quanto mais descarbonizada for a matriz elétrica, maior a importância dessas emissões complicadas que podem vir a determinar quanto CO2 precisará ser removido da atmosfera. A modelagem mostrou que, se todas as NDCs forem cumpridas, ainda sobrará um excesso de 1.000 GtCO2e na atmosfera. Mesmo se o aquecimento for limitado a 1,5oC, haverá um excesso de 600 GtCO2e a ser removido de alguma maneira.
O artigo dá ênfase à remoção como única saída. Outros trabalhos que temos comentado entendem que é possível reduzir significativamente a demanda de aço e cimento, os grandes emissores industriais. A eletrificação do transporte também deve alcançar reduções significativas se as matrizes elétricas permitirem. Cada um destes ganhos reduz a quantidade de carbono a ser removida da atmosfera. Possivelmente a um custo muito menor para todos.
https://www.nature.com/articles/s41558-018-0198-6
https://www.sciencedaily.com/releases/2018/06/180625122508.htm
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