Mais injustiça climática na tragédia do Ciclone Idai

A perdas humanas e econômicas provocadas pelo Ciclone Idai, que arrasou partes de Moçambique, Zimbabwe e Malawi, continuam aumentando. Os relatos das equipes de salvamento são tocantes pela repetida constatação quanto à impossibilidade de resgatar sobreviventes agarrados em árvores e em telhados completamente cercados pela água que ainda não começou a baixar. Eric Holthaus escreveu no Grist que o Idai atingiu três dos países mais pobres do mundo. Os três vinham sofrendo com seis anos de seca que, além de aumentar em muito a miséria da população, endureceu a terra tornando-a menos permeável, o que multiplicou a força das correntezas e enchentes provocadas pelo Idai. Holthaus escreve que “o ciclone Idai não é um desastre natural; a tempestade se tornou pior por causa da mudança do clima, séculos de colonialismo e pelas continuadas injustiças internacionais”. Ele admite que “é difícil para nós, que vivemos em países mais ricos, imaginar um desastre como esse (…) O Ciclone Idai é uma crise humanitária que, mais uma vez, escancara a injustiça fundamental da mudança climática”. Eric faz uma advertência que muita gente no Brasil deveria ouvir: “O ciclone Idai deveria ser um aviso sóbrio de que, em muitas partes do mundo, as pessoas não podem mais se dar ao luxo de ignorar a mudança do clima. A destruição já chegou lá.”

 

Boletim ClimaInfo, 21 de março de 2019.