O dia mundial da poluição do ar

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A poluição do ar foi o destaque ontem, no Dia Mundial do Meio Ambiente. No mundo, a poluição do ar é responsável por uma morte prematura a cada cinco segundos, segundo a ONU.

No Brasil, não há monitoramento da qualidade do ar em 20 estados (dos 26 mais o Distrito Federal), e só São Paulo e Espírito Santo publicam dados diários. A experiência de outros países mostra que uma boa comunicação evita mortes e doenças, ao orientar as pessoas a ficar em casa em dias críticos ou evitar regiões mais poluídas nas cidades. O Instituto Saúde e Sustentabilidade avisa que “indivíduos com maior suscetibilidade à poluição do ar como crianças, idosos, gestantes ou portadores de doenças crônicas, cardiovasculares, pulmonares são as que mais sofrem. A depender dos níveis de concentração de poluentes, o mal poderá ser para todos.” O Saúde e Sustentabilidade acaba de publicar a versão 2019 de sua “Análise do Monitoramento da Qualidade do Ar no Brasil”.

O Instituto publicou um outro trabalho analisando os padrões dos veículos nacionais e os programas de melhoria no controle de poluição. Eles dizem que os atrasos na implantação de padrões europeus “significam mais 9.750 internações hospitalares ao custo de R$ 36 milhões”. As normas mais rigorosas começam a valer a partir de 2023. Daniela Chiaretti escreveu uma matéria interessante a respeito.

Miriam Leitão e Marcelo Loureiro, n’O Globo, também aproveitaram o gancho do Dia do Meio Ambiente para falar deste relatório e lembrar que a “Organização Mundial da Saúde revelou em 2018 que a poluição atmosférica é responsável por 50 mil mortes no Brasil por ano. Mais do que as mortes no trânsito.” Eles fecham o artigo apontando para o governo: “curta é a visão das autoridades que hoje nos comandam. O presidente queria acabar com o Ministério do Meio Ambiente, o ministro indicado para a área está se esforçando para cumprir a ordem. São prisioneiros dos guetos ideológicos mais estreitos. A insensatez não lhes deixa ver a imensidão e a relevância da agenda ambiental brasileira.”

Leo Heileman , Diretor para a América Latina e o Caribe da ONU Meio Ambiente, também escreveu – na Folha – sobre a poluição. Ele cita a estimativa do Banco Mundial, segundo a qual os custos da poluição ultrapassam os US$ 5 trilhões por ano, e diz que na América Latina, várias cidades não atendem aos padrões de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde, entre elas Santiago, Lima, Cidade do México, La Paz, Buenos Aires e São Paulo.

Pedro Hartung, do Instituto Alana, foi entrevistado por Rita Lisauskas para o Estadão, quando contou que a poluição mata 600.000 crianças por ano. Ele explica que “como são pequenas, as crianças ficam mais próximas dos escapamentos e são as maiores vítimas da poluição.” A entrevista vale a leitura pelos dados e análises feitas por Hartung.

 

ClimaInfo, 6 de junho de 2019.

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