Propriedades privadas registram maior número de incêndios na Amazônia

5 de setembro de 2019

Entre janeiro e agosto de 2019, o INPE detectou mais de 45 mil focos de calor (incêndios florestais e queimadas) no bioma Amazônia, o maior número já registrado desde 2010.

Uma nota técnica do IPAM já havia demonstrado que estes focos de calor se relacionam diretamente com a derrubada da floresta. Agora o IPAM volta à carga mostrando quais categorias fundiárias têm sido mais atingidas, e como os focos se relacionam com o avanço do desmatamento em cada uma das categorias.

Fogo nas propriedades privadas: apesar de ter sido registrado um aumento expressivo de focos de calor em todas as categorias fundiárias, a maior incidência ocorreu nas propriedades privadas, que cobrem 18% do bioma, mas concentraram 33% dos focos registrados neste ano. Este número é consistente com os dados do DETER/INPE, os quais indicaram para o mesmo período que 28% do desmatamento foi observado nas áreas privadas incluídas no Cadastro Ambiental Rural.

Fogo nas APAs: se somarmos os focos nas propriedades privadas àqueles registrados em áreas de proteção ambiental – uma categoria de proteção mais flexível com a ocupação e o uso do solo – chega-se a 39% dos focos.

Fogo nas florestas públicas não destinadas e áreas sem informação cadastral: o número de focos também foi elevado nas florestas públicas não destinadas: 20% do registro; e nas áreas sem informação cadastral: 10% do registro. Essas categorias não têm governança claramente definida e, por definição, qualquer desmatamento ou fogo nestas é ilegal. Nestas categorias temos 63 milhões de hectares, ou 15% da região. Ali o fogo é atrelado ao desmatamento resultante da grilagem. Esta prática criminosa é crescente e alimenta a especulação irregular de terras que lesa o patrimônio do Estado brasileiro.

Fogo nos assentamentos rurais: nestas áreas, que somam 33 milhões de hectares, foram registrados 18% dos focos. Análises preliminares indicam que o fogo está concentrado em alguns poucos assentamentos.

Fogo (pouco) nas áreas indígenas e Unidades de Conservação: como era de se esperar, as áreas praticamente livres de desmatamento e um tanto afastadas das chamas são aquelas protegidas por indígenas (6% dos focos) e por Unidades de Conservação, excluídas as APAs (7%). Sem estas, o cenário de desmatamento e fogo na Amazônia seria ainda pior. Contudo, há nestas áreas um aumento preocupante de registros de focos de calor a partir do início de agosto, especialmente em Terras Indígenas.

Em tempo 1: matéria da Deutsch Welle mostra que incêndios em Unidades de Conservação de Rondônia são a última etapa de uma cadeia criminosa que inclui invasão de terras, extração ilegal de madeira e desmatamento.

Em tempo 2: matéria de Giovana Girardi para o Estadão reporta apuração do MPF da devastação ilegal da floresta que envolve uma série de crimes, como corrupção e grilagem. A retirada de árvores demanda uso de equipamentos pesados e custo de ao menos R$ 800 por hectare cortado.

Em tempo 3: matéria d’O Globo reporta investigação policial de grupos de criminosos que atuam a serviço de fazendeiros no Acre, no Amazonas e em Rondônia.

 

ClimaInfo, 5 de setembro de 2019.

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