Megaleilão da cessão-onerosa do pré-sal frustrou governo e mercados

leilão de petróleo

O governo esperava arrecadar mais de R$ 106 bilhões no leilão de petróleo de ontem. Receberá menos de R$ 70 bilhões de bônus e nenhum ágio. Também esperava atrair capital estrangeiro para ajudar a alavancar a economia. Quase tudo virá da Petrobras. A estatal brasileira e duas estatais chinesas foram as únicas empresas a fazer ofertas pelos dois blocos mais apetitosos, sendo que as chinesas entrarão com apenas 10% do bolo. Nenhuma oferta foi feita para os dois blocos menos apetitosos.

Ao Correio Braziliense, Décio Odonne, diretor da ANP, admitiu que “as companhias gostam do papel de operadoras. O fato da Petrobras ter a preferência, inibe a concorrência. No caso do excedente, existe outro fator, que inibe muito mais. A necessidade do consórcio ter que negociar com a Petrobras uma indenização bilionária.” Já o ministro da infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse ter “certeza que governadores e prefeitos estarão felizes com os R$ 11 bilhões [de royalties] que serão divididos” entre eles.

A notícia, claro, saiu em todo lugar. Tem mais informações e análises na Folha, nos Estadão (1 e 2), Valor (1, 2 e 3), Globo, Br Político e, lá fora, na Reuters.

O Protagonismo da Petrobras no leilão joga água fria sobre a vontade que o governo tem de vender todas as estatais. Tanto assim que, segundo a Folha, Renata Isfer, secretaria de Petróleo e Gás do MME, assim que acabou o leilão disse que governo decidiu apoiar o projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que acaba com o chamado polígono do pré-sal, para o qual as regras atuais dão preferência à Petrobras.

Marcelo Osakabe, do Valor, viu na ausência das grandes petroleiras sinal que “caiu por terra a expectativa com entrada de grandes fluxos (de dólares) até o fim do ano”, o que fez a moeda fechar novamente cotada acima dos R$4.

Emissões: A ANP estima que os blocos de exploração de petróleo no pré-sal dos leilões de ontem e hoje contenham até 15 bilhões de barris de petróleo. A queima de todo este petróleo liberaria até 8,6 bilhões de toneladas de CO2, quase quatro vezes as emissões brasileiras de gases de efeito estufa de 2018 estimadas pelo SEEG.

 

ClimaInfo, 7 de novembro de 2019.

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