Amazônia: bois e índios, União Europeia, Belo Monte e enganos

Amazônia bois
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Amazônia com bois em Terras Indígenas: Ontem, Bolsonaro aproveitou a alta do preço da carne para repetir mais uma vez que quer as Terras Indígenas produzindo, desta vez, carne. Segundo Gustavo Uribe, da Folha, Bolsonaro disse: “O preço da carne subiu. Nós temos de criar mais bois aqui, para diminuir o preço da carne e eles podem criar boi”, se referindo aos Povos Indígenas que, como sempre, não foram consultados. A Reuters também deu a notícia.

O Imazon colocou uma lupa nos incêndios florestais e descobriu que estes são três vezes mais comuns no entorno de frigoríficos. Os pesquisadores cruzaram os alertas do sistema DETER/INPE com a localização de 128 frigoríficos, quase todos associados a um dos 3 grandes: JBS, Marfrig e Minerva. Para quem tem poucos recursos, o transporte de bois é um dos custos mais importantes e quanto mais perto do frigorífico, melhor a rentabilidade. O Repórter Brasil contou a história.

Europa abomina política ambiental brasileira: Jamil Chade, para o UOL, acompanhou as discussões do novo Parlamento Europeu onde a política ambiental de Bolsonaro gerou manifestações fortes. “Para os sociais-democratas, não existe hoje maioria no Parlamento europeu para aprovar um acordo (UE-Mercosul) com o Brasil. Se o Brasil quer ser nosso parceiro comercial, precisa ser um parceiro ambiental, disse o grupo. Só haverá um apoio ao tratado, na avaliação deles, se houver um capítulo que estipule sanções contra o governo Bolsonaro.” Phil  Hogan, o comissário de Comércio, fala em nome da Comissão Europeia: “Abominamos totalmente o que o presidente Bolsonaro e seu governo têm feito ao negligenciar seu dever em relação à proteção da Amazônia. Todos nós compartilhamos esse objetivo”.

R$ 430 milhões para a Amazônia: O ministro Alexandre de Moraes, do STF, mandou o Tesouro Nacional repassar imediatamente R$ 430 milhões aos estados da Amazônia para ações de prevenção e fiscalização contra desmatamentos e incêndios. O dinheiro faz parte do fundo de R$ 2,6 bilhões vindos das reparações que a Petrobras pagou pelos danos e perdas descobertos na Operação Lava Jato. Desse total, outros R$ 570 milhões também serão dedicados a ações de combate a desmatamento e queimadas. A notícia é do Globo.

A destruição em Belo Monte: O site Amazônia Real publicou a última matéria de Vandré Fonseca, falecido no começo do ano. Ele conta a desolação dos ribeirinhos que moram na Volta Grande do Xingu, o trecho do rio esvaziado pela Usina de Belo Monte. A reportagem é tão boa quanto tocante.

Por falar em Belo Monte, Sonia Racy, no Estadão, conta que o professor José Goldemberg defende que a usina deveria ter sido construída com um reservatório de mais 500 km2 porque o maior impacto, o desmatamento, só aconteceria uma vez e só não foi por oposição de ambientalistas. O professor cobrou: “Cabe uma autocrítica dos ambientalistas.” No projeto original havia duas usinas e dois lagos cobrindo uma área de mais de 1.500 km2. E, a julgar pelos desastres provocados pela usina a fio d’água, é de se duvidar que a destruição provocada pelo projeto original não teria sido igualmente maior.

Desmatamento e incêndios na Amazônia são problemas menores: O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, escreveu um artigo na Notícias Agrícolas contando todos progressos do agronegócio brasileiro e de como ele está cada vez mais sustentável. Ele aponta para os concorrentes que não querem ver o Brasil deslanchar como o motivo de o país ser tão mal-visto lá fora. Quase no final, Rodrigues identifica os pontos atacados pelo concorrentes: “São alguns problemas que ainda existem, muito menores que os acertos, e que temos que corrigir, como o desmatamento ilegal ou incêndios florestais criminosos.” Em um ano, foram desmatados quase 10.000 km2 de floresta e quase 90.000 focos de incêndio. Em lugar algum do mundo desastres deste tamanho seriam chamados de “menores”. O governo acaba de baixar a medida provisória regularizando a grilagem de terras públicas. Porque o agronegócio progressista não exige que seus representantes no congresso e no governo parem de agir em favor do crime?

 

ClimaInfo, 20 de dezembro de 2019.

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