Os riscos da nova exploração de carvão no Rio Grande do Sul

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O geólogo Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da UFRGS, explicou para o Observatório do Carvão por que a Mina Guaíba não pode sair do papel. A mina está localizada bem próxima a Porto Alegre e mais perto ainda das águas que abastecem a cidade. “O projeto pretende instalar uma Mina e lançar efluentes contaminados na água que abastece Porto Alegre, Guaíba, Eldorado do Sul e Canoas. O lançamento de efluentes acontecerá a tão somente 20 km dos pontos de captação de água. É lógico que haverá contaminação dessa água, ainda mais quando consideramos que o tempo de funcionamento dessa Mina é de pelo menos 23 anos.”

Rualdo critica o EIA-RIMA da mina por não ter incluído a região metropolitana de Porto Alegre em seu escopo: “Vejam o que propôs o EIA-RIMA: incluiu como área de influência indireta a região que se situa a 50 km a sul do local onde pretendem instalar a mina. (…) Então como justificar tecnicamente que uma região distante 50 km da área da pretensa mina e situada a montante do escoamento da água seja considerada área de influência indireta (e de fato é), e a região de Porto Alegre situada a apenas 16 km a jusante do lançamento de efluentes não seja área de influência indireta?”

O professor fala ainda da poluição do ar e lembra que o carvão é o combustível fóssil que mais emite gases de efeito estufa por unidade de energia gerada.

Rualdo ressalta que “a exploração de carvão nunca trouxe riqueza para as regiões onde ela é realizada. Em qualquer lugar do mundo, essas minas trazem severos danos ambientais e empobrecem os habitantes locais. Quem quer visitar um lugar degradado pela mineração de carvão? Ninguém. Então, as minas de carvão afugentam as pessoas.”

Em tempo: o argumento oficial de que a população de Porto Alegre se beneficiará da energia gerada não se sustenta porque a cidade é alimentada pelo Sistema Interligado Nacional, ou seja, de usinas de todo o Brasil e não de uma em particular.

 

ClimaInfo, 22 de janeiro de 2020.

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