Perdemos 10 anos e só temos mais 10 para enfrentar a emergência climática

10 anos

“Os últimos 10 anos de fracasso de políticas climáticas saiu cara para todos. Reduziu em ⅔ o tempo que resta para agir. Em 2010, o mundo pensou que tinha 30 anos para reduzir pela metade as emissões globais de gases de efeito estufa. Hoje, sabemos que isso deve acontecer em dez anos para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Mudanças incrementais, que um dia teriam sido suficientes já não o são mais.”

Assim começa um comentário publicado ontem na Nature. Os autores continuam com outra má notícia: “A ação climática proposta por todos os países está muito longe de atender a este requisito. Ao invés de reduzir as emissões pela metade até 2030, as propostas climáticas dos países levarão a um ligeiro aumento. Pior ainda, cada país, individualmente, não está no caminho para alcançar compromissos que eram insuficientes desde o início e que agora são terrivelmente inadequados.”

Os autores analisaram a sequência de estudos sobre o orçamento de carbono, que, mirando na meta de Paris de 2°C, estima o total de emissões de gases de efeito estufa que a humanidade pode emitir. Eles apontam que “se ações climáticas sérias tivessem sido iniciadas em 2010, os cortes necessários para atingir os níveis de emissões de 2°C teriam sido de cerca de 2% ao ano até 2030. Ao invés, as emissões aumentaram. Consequentemente, os cortes necessários a partir de 2020 são agora superiores a 7% por ano para 1,5°C”.

O trabalho pretende servir de alerta para que os países se esforcem tanto para aumentar as ambições climáticas, como previsto no Acordo de Paris, quanto para alinhá-las com meta de contenção do aquecimento em 1,5°C. Como dizem no final, não temos mais 10 anos.

Vale a leitura dos artigos de Giovana Girardi, no Estadão, e Phillippe Watanabe, na Folha.

 

ClimaInfo, 5 de março de 2020.

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