Nos últimos meses, a tecnologia do hidrogênio – combustível ascendeu no debate global sobre a transição energética, dada sua capacidade de complementação da energia gerada com fontes renováveis.
Por exemplo, a Shell anunciou um projeto de 10 GW no Mar do Norte holandês, que terá o hidrogênio como meio de armazenamento de energia pronta para uso e como combustível-chave para o “esverdeamento” de setores difíceis de descarbonizar, como o aquecimento de ambientes e o transporte.
Desde o estado australiano da Tasmânia, onde foi estabelecida uma meta de 200% de energias renováveis e importantes metas para a produção de hidrogênio verde de baixo custo, passando pelo lobby liderado pela BP e pela Shell que advoga pelo investimento maciço do governo britânico em tecnologia do hidrogênio com vistas à satisfação de 100% das necessidades de aquecimento do país, até um estudo que delineia a maneira pela qual o hidrogênio líquido pode vir a alimentar quase todos os navios porta-contêineres que atravessam o Pacífico, o elemento mais leve da tabela periódica tem sido considerado como um mercado energético global peso-pesado.
Além disso, a Recharge informa que o governo da Alemanha deve apoiar o “hidrogênio verde” (proveniente de energia renovável) em substituição aos combustíveis fósseis em uma decisão que deve ser tomada nesta semana em relação a uma estratégia nacional para o hidrogênio.
O hidrogênio também está sendo considerado como uma boa possibilidade para a descarbonização acerada da navegação internacional. Esta atividade produz cerca de 3% das emissões mundiais de CO2. A indústria sabe que terá de mudar, mas enfrenta grandes obstáculos, talvez só menores do que os enfrentados pelo setor cimenteiro. O CEO da Hafnia, a maior empresa global de petroleiros, escreveu na semana passada sobre o desafio que tem sido o recrutamento de novos executivos para uma indústria vista como poluente e com um futuro limitado. A Orsted, a maior empresa eólica offshore do mundo, iniciou um processo para obrigar seus fornecedores à neutralidade em carbono, enviando uma série de cartas e pedidos de reunião. A empresa quer uma redução de 50% até 2032, incluindo as emissões dos navios que transportam e instalam as turbinas. A neutralidade total é exigida até 2040. Como um navio construído hoje provavelmente ainda estará em serviço nessa época, a navegação enfrenta uma pressão renovada para aumentar o ritmo de mudança para o hidrogênio, seja na forma de amoníaco ou de gás bruto.
ClimaInfo, 9 de março de 2020.
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